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Estado de Minas

Revela��es de Dilma s�o surpresa at� para o companheiro de luta

Apesar de incentivar Dilma a dar seu testemunho sobre os anos na pris�o, Nilm�rio Miranda afirma que desconhecia o depoimento dela


postado em 19/06/2012 06:00 / atualizado em 19/06/2012 06:49

“Fa�a o que voc� quiser com este valor da indeniza��o, doe para uma institui��o ou jogue fora, sei l�, mas d� o seu depoimento. � importante”, disse Nilm�rio Miranda, codinome Gustavo, � ex-companheira de milit�ncia em Belo Horizonte, a amiga Estela (Dilma). Ainda secret�ria das Minas e Energia do Rio Grande do Sul em 2001, Dilma estava reticente a entrar com pedido de repara��o �s v�timas de tortura da comiss�o mineira, que copiava o exemplo da comiss�o ga�cha, a primeira no pa�s a reconhecer o direito � indeniza��o. Meses depois, Minas sairia na frente com os pagamentos, por ordem expressa do ent�o governador Itamar Franco. Dilma seria inclu�da no 12º lugar da primeira leva de 53 indenizados.

“Depois disso, n�o voltei a conversar com Dilma sobre o assunto. Nem fiquei sabendo que ela havia falado com a comiss�o mineira”, surpreendeu-se Nilm�rio, profundo conhecedor do passado da milit�ncia de esquerda no pa�s e autor do livro Dos filhos deste solo, na segunda edi��o, que revela um a um os nomes dos 312 mortos e 163 desaparecidos na ditadura militar no Brasil. Ao todo, perto de 500 militantes pol�ticos perderam a vida nos anos de chumbo, sendo 53 em Minas, do que � sabido at� agora.

Ao analisar os termos do depoimento pessoal, no original, Nilm�rio n�o esconde o entusiasmo: “Est� vendo como eu tinha raz�o? O material � hist�rico. Nunca soube dessa passagem dos dentes (em que Dilma relata ter levado um soco na boca, que provocou deslocamento da arcada dent�ria e o apodrecimento de um dente)”, comentou o petista, que recebeu a reportagem do EM no s�bado passado, rodeado de netos em seu apartamento no Bairro Santo Ant�nio, em Belo Horizonte.

Agora que vem a p�blico o depoimento de Estela, hoje presidente da Rep�blica, Nilm�rio n�o acredita que Dilma fa�a um pronunciamento a respeito: “Na condi��o de presidente, Dilma � tamb�m comandante-chefe das For�as Armadas e precisa tomar um certo cuidado. Depois que ela se empenhou pessoalmente pela cria��o da Comiss�o Nacional da Verdade (em maio), surgiu um movimento contr�rio vindo dos por�es dos clubes militares. Ela n�o pode dar margem para come�arem a falar em revanchismo”, alerta.

Conselheiro da Comiss�o da Anistia e presidente da Funda��o Perseu Abramo, Nilm�rio est� envolvido atualmente com o caso do cabo Anselmo, agente duplo da repress�o que admitiu ter entregado de 100 a 200 ex-colegas de farda e perseguidos pol�ticos ao regime da ditadura, entre eles a mulher dele, gr�vida de 7 meses, Soledad Barret Viedma, que acabaria sendo morta. Cabo Anselmo entrou com pedido de indeniza��o, como ex-militante. Em maio, a requisi��o foi negada por unanimidade, em processo relatado por Nilm�rio.

Mem�rias

Ex-ministro dos Direitos Humanos, o petista Nilm�rio Miranda militou com Dilma na �poca de estudante na capital mineira. “Conheci Dilma em 1965. Fomos colegas primeiro no Col�gio Estadual Central e depois na Faculdade de Ci�ncias Econ�micas (Face) da UFMG. �ramos parte da Polop (Organiza��o Revolucion�ria Marxista Pol�tica Oper�ria) e da� nossos caminhos se separaram. Ela foi para o Colina e eu fui para o POC (Partido Oper�rio Comunista).”

Nilm�rio chegou a ficar preso com o segundo marido de Dilma Carlos Ara�jo Paix�o Linhares, o Max, no Pres�dio Tiradentes (SP). “Por causa dele Dilma se mudou para o Rio Grande do Sul. Ela foi solta em fins de 1972 em S�o Paulo, mas ele ainda ficou preso mais um tempo. Ela foi para l� para poder ficar visitando o Max na pris�o”, relata. Nilm�rio lembra que Dilma, portanto, teria direito a receber a indeniza��o em Minas, S�o Paulo e no Rio, onde no m�s passado anunciou que iria doar a quantia de R$ 20 mil ao grupo Tortura Nunca Mais. “J� no Rio Grande do Sul ela n�o foi torturada”, comenta.

Nilm�rio foi preso em 1970 e teve uma passagem pelo Pres�dio de Linhares, em Juiz de Fora. Como a companheira Dilma, foi encapuzado e levado para local por ele desconhecido, onde foi submetido a sess�es de tortura. Neste momento da conversa, Nilm�rio baixa os olhos e muda de assunto. Parece ter dificuldade em relembrar o pr�prio tormento: “Era pau de arara, cadeira do drag�o… (interrompe novamente a descri��o). Mas n�o sofri tanto quanto a Dilma, porque ela era da luta armada e eu n�o. A tortura dela foi pior”.


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