Bras�lia - Senadores que integram a Comiss�o Parlamentar Mista de Inqu�rito (CPMI) do Cachoeira fizeram nesta ter�a-feira um desagravo ao juiz Paulo Moreira Lima, que pediu afastamento do caso depois de alegar que est� recebendo amea�as de policiais supostamente ligados ao empres�rio Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O presidente da CPI, senador Vital do R�go (PMDB-PB) manifestou apoio ao magistrado e disse que ir� colocar em vota��o requerimentos para que as amea�as sejam apuradas.
“A CPMI se manifesta, por meio de seus membros, desagravando toda e qualquer press�o que possa ser imposta contra a magistratura nacional. N�s entendemos que a magistratura tem que ter a liberdade de a��o, que � pr�-requisito ou prerrogativa m�xima do Poder Judici�rio. Eu tenho que, disciplinadamente, colocar em vota��o os requerimentos que possam tratar dessa mat�ria”, disse o senador.
Em discurso no plen�rio do Senado, Pedro Taques (PDT-MT), que tamb�m � membro da CPMI, comparou a amea�a ao magistrado aos casos que ocorriam na Col�mbia dos cart�is de drogas e na It�lia dos mafiosos. “Aqui � a Col�mbia daqueles momentos terr�veis? Aqui � a It�lia, onde se matavam ju�zes? Ser� que daqui a pouco v�o amea�ar os parlamentares que participam da CPMI? N�s n�o podemos permitir que esse magistrado, Paulo Moreira Lima, e esses dois procuradores [que comandam o caso] L�a Batista e Daniel Salgado, sejam, daqui a pouco tempo, nomes de estradas e monumentos”, disse o senador.
Taques cobrou das autoridades a��es para proteger o juiz e membros do Judici�rio envolvidos com o caso Cachoeira. “O Minist�rio P�blico Federal tem que tomar provid�ncias. O Poder Judici�rio e o Minist�rio da Justi�a tamb�m n�o podem ficar em sil�ncio. E, para n�s, do Congresso Nacional, que estamos participando da CPMI do Cachoeira, esses fatos est�o todos ligados. N�s estamos diante de uma organiza��o criminosa que mata, que amea�a pessoas, que busca a intimida��o atrav�s de arapongagens, do pagamento de propina, de amea�as como n�s estamos a� a notar”, disse.
O senador ainda criticou o desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Regi�o, Tourinho Neto, por ter concedido habeas corpus para libertar Carlinhos Cachoeira. “� uma decis�o equivocada, tanto que os outros dois ju�zes n�o deram ouvidos ao desembargador Tourinho Neto. A quest�o n�o � essa decis�o, a quest�o � prote��o � vida desses magistrados, de membros do Minist�rio P�blico e policiais que est�o combatendo o crime organizado enquanto aqui em Bras�lia alguns entendem que s� existe crime organizado em filmes de p�ssima categoria”, reclamou.
Na C�mara, o deputado Miro Teixeira (PTB-RJ) disse que o Congresso n�o pode aceitar como natural o afastamento de Moreira Lima do caso e que o Estado precisa garantir a integridade do magistrado. "Ele precisa receber do Estado brasileiro toda express�o da sua for�a, n�o da viol�ncia, para que ele continue desempenhando suas tarefas", disse o deputado, que tamb�m integra a CPMI do Cachoeira. Miro ressaltou que, com o afastamento do juiz, os acusados � que saem vitoriosos.
Carlinhos Cachoeira, que est� preso no Distrito Federal, � o principal investigado pela CPMI que est� em andamento no Congresso. Ele � apontado pela Pol�cia Federal como chefe de um esquema de explora��o de jogos ilegais, corrup��o de agentes p�blicos e tr�fico de influ�ncia.
Segundo o juiz Moreira Lima, desde que assumiu a Opera��o Monte Carlo, ele vem recebendo informa��es de que pode ser alvo de atentados e que est� obrigado a se submeter a um r�gido esquema de seguran�a. Em um dos epis�dios citados pelo juiz, policiais procuraram parentes dele para falar sobre a Opera��o Monte Carlo, “em n�tida amea�a velada, visto que mostraram que sabem quem s�o meus familiares e onde moram”.