Bras�lia – As comiss�es de Direitos Humanos e da Verdade da C�mara se reunir�o para discutir quais procedimentos o Legislativo vai tomar em rela��o aos depoimentos da presidente Dilma Rousseff sobre a tortura que sofreu durante a ditadura. Os documentos, divulgados com exclusividade pelo Estado de Minas desde domingo, se referem a declara��es da presidente dadas em 2001 ao Conselho de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG). O caso j� � analisado pela Comiss�o da Verdade do governo federal, que enviou uma pesquisadora a Belo Horizonte para buscar os pap�is.
Para especialistas, a divulga��o do depoimento prestado pela presidente Dilma Rousseff deve estimular que novas declara��es venham � tona, ou mesmo que outras pessoas tenham interesse em tornar p�blica a sua experi�ncia relacionada � tortura no regime militar.
Na avalia��o da diretora para o Brasil do Centro pela Justi�a e Direito Internacional (Cejil), Beatriz Affonso, a rec�m-criada Comiss�o da Verdade deve oferecer esse espa�o aos cidad�os. “O estado deve isso � sociedade, a possibilidade de que se conhe�a a hist�ria dessas pessoas. Apesar do depoimento de Dilma, o foco das comiss�es estaduais n�o era colher depoimentos semelhantes”, afirma Beatriz.
Ela explica que os militantes deveriam apenas provar que haviam sido presos ou tinham sido perseguidos pol�ticos. “O fato de ter sido torturado ou n�o aumentava a legitimidade, n�o interferia na repara��o que a pessoa pudesse conquistar. Assim, o depoimento n�o era estimulado”, diz. Segundo Beatriz, os depoimentos devem ser colhidos pela comiss�o com uma infraestrutura adequada. “Muitas v�timas t�m vontade de que os outros saibam o que aconteceu, mas t�m dificuldade em compartilhar. Nunca se sentiram encorajados para isso, em nenhum espa�o. Por isso, a comiss�o deve oferecer esse espa�o formal, com atendimento psicol�gico, pois falar sobre o tema n�o deixa de ser uma revitimiza��o”, defende.
Em seu depoimento, a presidente relata todas as formas de tortura sofrida quando foi presa, principalmente em Juiz de Fora, onde havia um local usado pela repress�o, at� ent�o desconhecido dos historiadores.