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Estado de Minas

Familiares ainda procuram respostas sobre companheiro de Dilma desaparecido

Pedro Paulo Bretas, que fazia parte do grupo de Dilma nos anos de chumbo, desapareceu no exterior em 1996, 17 anos depois da abertura pol�tica


postado em 08/07/2012 07:13

Mais de tr�s d�cadas depois da anistia, um mist�rio ainda ronda o grupo pol�tico que lutou ao lado da presidente Dilma Rousseff contra a ditadura militar. Um dos aliados da hoje petista no per�odo, Pedro Paulo Bretas, nascido em Guanh�es, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, desapareceu h� 16 anos na Espanha depois de outros 16 anos afastado do Brasil. O �ltimo contato do antigo colega da presidente nos anos de chumbo, que � �poca vivia em Barcelona, foi feito com a namorada, a espanhola Maria Rebeca, que morava em Madri, no in�cio de 1996 por telefone.

Segundo processo movido em 1969 pela Procuradoria Militar da 4ª Regi�o, Bretas era do “setor de expropria��o” da organiza��o � qual pertencia, o Comando de Liberta��o Nacional (Colina), participando de “a��es � m�o armada para obten��o de ve�culos, armas e muni��es” para a pr�tica de “terrorismo e sabotagem, principalmente atentados”.

O �ltimo contato feito com Rebeca foi relatado em carta enviada pela espanhola � fam�lia do militante em Guanh�es em 29 de junho de 1996: “(Bretas) vinha todas as semanas. Ficava por tr�s ou quatro dias. Sempre fal�vamos por telefone”. Em seguida, conta da interrup��o das liga��es e visitas: “Faz uns meses que n�o sei nada. (No �ltimo telefonema) estava preocupado e nervoso. Disse que devia muito dinheiro”. A correspond�ncia foi enviada a Guanh�es de Las Palmas, nas Ilhas Can�rias, para onde Rebeca viajava com frequ�ncia a neg�cios. Bretas esteve no Brasil pela �ltima vez em 1980, com a Lei da Anistia, promulgada em 28 de agosto de 1979, mas decidiu n�o voltar a viver no pa�s. No per�odo em que esteve no exterior, contou com a ajuda financeira de parentes.

O militante de esquerda, que assim como Dilma Rousseff ficou detido no pres�dio de Linhares, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, era apontado pelos militares como o respons�vel pelo roubo de placas de autom�veis e pelo envolvimento no assalto a um jipe da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais que transportava dinheiro de Belo Horizonte para Guanh�es, em 29 de agosto de 1968. Foi atribu�da a Bretas tamb�m a participa��o em outro assalto, a um banco em Sabar�. Com os pais, j� falecidos, Bretas falou pela �ltima vez em 29 de junho de 1994, no dia de seu anivers�rio, conforme relato da irm�, F�tima Bretas.

Conhecido como Kleber ou Amaury na luta contra o regime militar, o colega de Dilma foi preso em 1969 e, depois de torturado, revelou a localiza��o da casa no Bairro S�o Geraldo que abrigava integrantes do Colina. Com a informa��o, agentes do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) e da Delegacia de Furtos e Roubos foram enviados at� o local. Houve troca de tiros. Dois agentes da repress�o morreram. Todas as pessoas que estavam na casa foram presas. Um militante da esquerda e um policial foram feridos.

Cobaia Sem informa��es sobre o filho, o pai de Bretas, Antonio Furbino Bretas, entrou com processo contra o estado para concess�o de indeniza��o. O dinheiro, R$ 30 mil, foi pago em 2003. Al�m de Juiz de Fora, Bretas esteve preso no Rio de Janeiro, onde chegou a servir como cobaia em uma esp�cie de “aula” de tortura para cerca de 100 sargentos. O militante pol�tico foi colocado no pau de arara e teve os dedos pressionados por barras de metal. O “professor” era chamado de tenente Ayton. Para receber a indeniza��o, a fam�lia alegou que as torturas causaram problemas psicol�gicos a Bretas.

O colega de resist�ncia da presidente Dilma Rousseff nasceu em 1945 e chegou a Belo Horizonte em 1967 para estudar medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Um ano depois da pris�o em 1969 foi exilado para o Chile ao ser inclu�do no grupo de militantes de esquerda trocados pela liberta��o do embaixador su��o no Brasil Giovanni Enrico Bucher, sequestrado pelo comando de outro grupo de esquerda � �poca, a Vanguarda Popular Revolucion�ria (VPR). Com o golpe militar contra o presidente Salvador Allende, em 1973, foi deportado do pa�s. Viveu na Costa Rica e na Venezuela antes de se mudar para a Espanha nos anos 90.

S�rie mostrou a��o do grupo

O Estado de Minas publicou entre os dias 17 e 25 de junho uma s�rie de reportagens exclusivas sobre a tortura sofrida por Dilma Rousseff nos por�es da ditadura em Juiz de Fora no in�cio dos anos 1970. O trabalho jornal�stico foi baseado no depoimento concedido por Dilma ao Conselho de Direitos Humanos de Minas Gerais em 2001, quando ela era ocupava o cargo de secret�ria do governo do Rio Grande do Sul. Nesse relato, ela contou sua trajet�ria como militante pol�tica, falou sobre a viol�ncia que sofreu e sobre o grupo em que atuou, o Colina, o mesmo de Pedro Paulo Bretas.


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