O senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu nessa quarta-feira, na tribuna do plen�rio, a cassa��o do senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO) por "graves irregularidades" no desempenho do mandato. Num pronunciamento de 20 minutos, o relator do processo no Conselho de �tica da Casa disse que cumpre seu trabalho, com "sentimento de tristeza", sem ter se promovido como paladino da �tica, uma das caracter�sticas da atua��o de Dem�stenes, agora acusado de usar o mandato na defesa dos interesses do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
"Quem julga, senador, somos n�s, mas quem condena Vossa Excel�ncia � o seu passado", afirmou Costa, que ressaltou no in�cio do discurso n�o ter usado o trabalho de relator do conselho para se promover politicamente. O senador do PT concorrer� nas elei��es de outubro � prefeitura de Recife (PE).
"Se isso n�o for utilizar o mandato para atender os interesses de um contraventor, o que ser� ent�o?", questionou. O relator do conselho disse ainda que Dem�stenes defendeu causas caras ao contraventor em v�rios �rg�os federais e estaduais, como o Superior Tribunal de Justi�a (STJ) e Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).
No ponto mais atacado durante o pronunciamento, Costa criticou a defesa por desdenhar o fato de Dem�stenes ter recebido um aparelho Nextel de Cachoeira. "N�o � aceit�vel, sob nenhuma hip�tese, que o senador tenha suas contas pagas por quem quer que seja, ainda mais de um not�rio contraventor", disse, lembrando que o telefone fora dado a um grupo seleto de integrantes da organiza��o criminosa.
O relator do conselho disse que n�o � normal nem aceit�vel mentir para a sociedade brasileira. Era uma refer�ncia a um dos discursos feitos por Dem�stenes, segundo o qual as palavras da tribuna s�o inviol�veis.
Costa questionou o fato de o senador ter considerado o relat�rio dele uma pe�a de fic��o. Ele lembrou que fic��o era, sim, o fato de os mais de 300 telefonemas, na defesa feita no dia 6 de mar�o por Dem�stenes, serem feitos apenas para cuidar do caso de separa��o da atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendon�a, do seu suplente, Wilder Morais. O relator disse que n�o h� uma refer�ncia a esse assunto nas conversas.
"A n�s cabe responder em nome do povo, para aqui fazer justi�a, ainda que isso nos constranja", afirmou, no final do pronunciamento. O relator disse que n�o espera eclodir aplausos e vivas ap�s o julgamento. Mas finalizou: "A voz rouca das ruas em todo o Brasil vai dizer que a democracia vale a pena".