Acusado de ser o “chefe da quadrilha” que arquitetou a distribui��o de dinheiro a pol�ticos e partidos, o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu saiu ontem de f�rias, a 15 dias do in�cio do julgamento do mensal�o, o mais importante da seara pol�tica nos �ltimos anos, no Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto isso, a defesa afina o discurso para tentar livr�-lo da acusa��o de corrup��o ativa. Os advogados do ex-ministro entregaram aos ministros do STF um memorial de 30 p�ginas, a que o Estado de Minas teve acesso com exclusividade, que resume os argumentos em favor de Dirceu – alguns similiares aos das defesas de outros r�us.
Os advogados de Dirceu afirmam que o termo mensal�o foi criado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, tamb�m r�u na a��o penal, uma pessoa “de abalada credibilidade” e que teria atra�do aten��o para o caso por estar no alvo de outras den�ncias de corrup��o. “A acusa��o de compra de votos � sustentada por um �nico e fr�gil pilar: Roberto Jefferson”, diz o texto do memorial. “Ele estava no foco de graves acusa��es relacionadas com a grava��o de Maur�cio Marinho recebendo dinheiro nos Correios. Foi esse contexto que o levou a buscar o palanque da m�dia e a inventar que parlamentares vendiam votos por uma mesada de R$ 30 mil”, afirmam os defensores.
Ao contr�rio do ex-tesoureiro do PT Del�bio Soares, que negou a exist�ncia do mensal�o, mas assumiu ter participado de um esquema de arrecada��o de caixa dois para campanhas eleitorais, Jos� Dirceu se declara inocente de todas as acusa��es. A procuradoria afirma que o ex-ministro tinha inger�ncia sobre as a��es dos dirigentes do PT, o que � recha�ado pela defesa.
Del�bio j� declarou ter agido sem qualquer influ�ncia do antigo ministro, e os advogados de Dirceu corroboram com a tese de que o ex-tesoureiro tinha independ�ncia para atuar sozinho. “At� mesmo integrantes do diret�rio e da Executiva do PT desconheciam os empr�stimos junto ao BMG, ao Banco Rural e �s empresas de Marcos Val�rio”, diz trecho do documento distribu�do aos ministros do Supremo. Sobre as den�ncias de que seria um dos nomes com mais forte influ�ncia sobre os destinos do PT, a defesa acredita que ficou “provado que presidente do PT, de direito e de fato, era mesmo o r�u Jos� Geno�no, uma pessoa de total autonomia de mando”.
O Minist�rio P�blico Federal pediu a condena��o de 36 dos 38 r�us do mensal�o. As mais fortes e incisivas acusa��es do procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, s�o contra o ex-ministro da Casa Civil. A an�lise do caso come�a em 2 de agosto.