A �nica vit�ria da defesa no caso mensal�o at� agora n�o foi conquista de nenhum dos advogados estrelados que atuam no julgamento, nem custou cifras milion�rias. Ali�s, foi de gra�a. O defensor-geral da Uni�o, Haman C�rdova, fez o que nem o ex-ministro da Justi�a M�rcio Thomaz Bastos conseguiu: convenceu os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal a desmembrar o processo e a mandar o caso de seu cliente, Carlos Alberto Quaglia, para ser julgado em primeira inst�ncia. Argumentou que falhas impediram o r�u de se defender no processo.
“Houve surpresa porque, diante de um cen�rio com tantos advogados brilhantes e renomados, a Defensoria entrava meio que como um dever de of�cio, mas foi justamente o nosso assistido que conseguiu obter uma vit�ria mai�scula, quando se esperava que esses profissionais renomados � que pudessem consegui-la.”
Com estilo cordial e ponderado, C�rdova faz quest�o de isentar os ministros Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor, do erro processual. Para ele, a pe�a � muito complexa e equ�vocos de cart�rio acontecem aos montes. “Como os ministros procuram se ater somente aos fatos, � obriga��o da defesa tomar conta dessa parte.”
O caso do argentino Quaglia, acusado de usar sua empresa Natimar para lavar dinheiro para o PP, chegou � Defensoria em abril do ano passado.
O defensor-geral comemorou o fato de atuar num caso de repercuss�o como o do mensal�o e poder divulgar o nome da institui��o que ele considera relativamente nova - 17 anos - e com estrutura prec�ria - or�amento de R$ 84 milh�es e 480 defensores em todo Brasil. Mas o excesso de trabalho tamb�m fez o neto de militar e fan�tico por esportes lamentar: “Perdi a Olimp�ada, que adoro ver pela TV. Virei madrugadas estudando o processo, ent�o s� vi algumas reprises. Isso foi chato.”
Haman segue sem nunca ter conversado com seu cliente. Nem por telefone. Para economizar tempo e dinheiro, pediu para que o defensor-chefe de Santa Catarina entrevistasse Quaglia, que vive no Estado. Quando teve d�vidas, enviou perguntas por e-mail ao colega, que repassou ao r�u. Ali�s, a Defensoria conseguiu para Quaglia que o governo o inclu�sse em um plano de assist�ncia social e hoje ele recebe um sal�rio m�nimo por m�s.
Natural de Bras�lia, seu nome Haman Tabosa de Moraes C�rdova � “mais brasileiro imposs�vel, com ascend�ncia cearense e catarinense”. Ele conta que nunca conheceu ningu�m com o primeiro nome como o seu. “Vim descobrir que, em um passado muito antigo, houve um Haman que matou um monte de judeus. Mas quero que ningu�m associe isso ao meu nome. A verdade � que meus pais acharam forte, bonito, s� isso.”