Em sua despedida do cargo de corregedora nacional de Justi�a, a ministra Eliana Calmon fracassou nesta ter�a na tentativa de abrir processos contra ju�zes e desembargadores suspeitos de envolvimento com omiss�es, irregularidades e atos de corrup��o. Tida como rigorosa, Eliana ser� substitu�da a partir desta quinta na Corregedoria pelo ministro Francisco Falc�o que, como ela, integra o Superior Tribunal de Justi�a (STJ).
Dez pedidos de vista feitos por integrantes do Conselho Nacional de Justi�a (CNJ) impediram que o �rg�o tomasse nesta ter�a provid�ncias em rela��o a suspeitas, por exemplo, de incompatibilidade de rendimentos com o patrim�nio de magistrados.
Numa outra investiga��o, a ministra defendeu a abertura de um processo contra um desembargador de Roraima suspeito de v�rias irregularidades, entre as quais, aquisi��o de bens incompat�veis com a renda e nomea��o de filhas para cargos em comiss�o no Executivo.
Tamb�m foi adiada uma decis�o sobre um pedido de provid�ncias para apurar a suposta omiss�o do ex-presidente do Tribunal de Justi�a do Rio Luiz Zveiter em conceder escolta � ju�za Patr�cia Acioli. A magistrada foi assassinada h� um ano em Niter�i.
O adiamento foi pedido numa quest�o de ordem apresentada pelo advogado do desembargador, o ex-ministro da Justi�a M�rcio Thomaz Bastos. A defesa argumentou que haveria cerceamento de defesa se o julgamento ocorresse nesta ter�a j� que na v�spera tinha sido determinado o arquivamento da apura��o em rela��o a uma outra ju�za que tamb�m era suspeita de omiss�o no caso.
Com os pedidos de vista, ficam adiadas as decis�es sobre a abertura de processos contra magistrados suspeitos de participar de irregularidades. Os casos ser�o assumidos pelo futuro corregedor, Francisco Falc�o.
Durante os dois anos em que exerceu o cargo de corregedora, Eliana Calmon desentendeu-se com integrantes das c�pulas de tribunais. Um desses problemas ocorreu no ano passado e envolveu o ent�o presidente do STF, Cezar Peluso. Dias antes, Eliana tinha dito que havia "bandidos de toga" no Judici�rio.
Ao despedir-se no plen�rio do CNJ, Eliana Calmon disse que teve a oportunidade de "conhecer as entranhas do Judici�rio". Ela destacou que durante a sua administra��o conseguiu um fato in�dito: realizar uma inspe��o no Tribunal de Justi�a de S�o Paulo. "Decidi cal�ar as botas do soldado alem�o e ir a S�o Paulo fazer a inspe��o. Daquele dia em diante, coisas come�aram a mudar, coisas destravaram l� dentro. Foi o �ltimo Estado no qual fiz a inspe��o", declarou.
"Na parte disciplinar fui dur�ssima", disse Eliana, acrescentando que n�o aceita corrup��o, principalmente de magistrado. A ministra contou que durante a sua atua��o tentou mostrar que o juiz deve ser respeitado pelo que ele faz. "Ele � um prestador de servi�o", afirmou. "Chega de falar que o juiz tem de ser reconhecido pela sociedade porque � juiz", disse.