Em meio a um clima tenso ap�s a condena��o do ex-presidente da C�mara dos Deputados Jo�o Paulo Cunha (PT-SP), a defesa do ex-ministro Jos� Dirceu (Casa Civil) lan�ou ofensiva final nesta ter�a, ao enviar ao Supremo Tribunal Federal um memorial que busca desqualificar a acusa��o do procurador-geral da Rep�blica Roberto Gurgel. O texto afirma que a Procuradoria Geral da Rep�blica "se faz de cega", que Gurgel "n�o confia na consist�ncia de seus pr�prios argumentos" e que "incide no absurdo de sustentar duas vers�es antag�nicas da mesma causa".
O documento visa a rebater uma peti��o protocolada por Gurgel no �ltimo dia 16, e diz que a PGR "revela verdadeira obsess�o em ofender o princ�pio do contradit�rio" - em outras palavras, quis alertar que o r�u deve sempre ser o �ltimo a se manifestar.
Al�m do memorial de seis p�ginas, a defesa de Dirceu enviou aos dez ministros um complemento de 14 folhas rebatendo ponto a ponto o documento derradeiro de Gurgel.
Dirceu tenta se esquivar das acusa��es de "chefe de quadrilha" sustentadas pelos argumentos de que ele exercia influ�ncia sobre as diretrizes do PT enquanto ocupava o cargo de chefe da Casa Civil.
Para isso, joga a responsabilidade no colo do ent�o presidente e do ex-tesoureiro do PT ao resgatar depoimentos que dizem: "Jos� Genoino era de fato o presidente do PT e tinha total autonomia de mando" e "Del�bio Soares exercia o cargo de secret�rio de finan�as do PT com independ�ncia e sem qualquer rela��o com Jos� Dirceu."
No memorial, os criminalistas Jos� Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall'Aqua criticam uma declara��o de Gurgel em que ele pede a condena��o de Dirceu mesmo por meio de "provas t�nues". "Uma an�lise das provas (...) revela que os elementos probat�rios contra Jos� Dirceu n�o merecem sequer serem tachados de 't�nues' devendo ser classificados como verdadeiramente inexistentes", afirma a peti��o.
Os advogados ironizaram o trabalho da Procuradoria ao dizer que o �ltimo documento de Gurgel apresenta "o peculiar conceito de testemunha de refer�ncia". Trata-se de uma rea��o ao argumento do procurador que considerou que os depoentes apresentados n�o tinham conhecimento direto dos fatos. A defesa alega que o procurador utiliza trechos de depoimentos que lhe s�o de interesse para sustentar suas teses e omite outros que as contrariam. Pin�am como exemplo as declara��es do ex-deputado Roberto Jefferson, que foram apontadas pela PGR como "todas verdadeiras". Para contrapor, relembram que o pedetista acusava, al�m de Dirceu, tamb�m Luiz Gushiken, que foi inocentado pela pr�pria acusa��o.