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Estado de Minas

Ex-major confirma nomes de beneficiados pela ditadura


postado em 20/09/2012 20:52

Um dos s�mbolos vivos da repress�o em Pernambuco, o ex-major da Pol�cia Militar, Jos� Ferreira dos Anjos, informou nesta quinta, em depoimento � Comiss�o Estadual da Verdade, o nome de dois empres�rios que integraram o Comando de Ca�a aos Comunistas (CCC) e foram beneficiados financeiramente pelas rela��es que mantinham com o poder.

Roberto Souza Le�o, j� falecido, foi, segundo o ex-major, beneficiado com a aprova��o de um projeto para implanta��o de uma destilaria de �lcool na Bahia aprovada pela Superintend�ncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) por interfer�ncia do ex-presidente general Jo�o Figueiredo. "Foi quando ele endinheirou-se, mas a destilaria nunca existiu", afirmou o depoente ao lembrar que o projeto n�o saiu do papel. O bom relacionamento de Souza Le�o com o ex-presidente se devia � admira��o de ambos por cavalos. O pernambucano tinha cria��o de cavalos de ra�a.

O segundo integrante do CCC confirmado por Ferreira foi "Biu do �lcool", compadre do general Antonio Bandeira, que comandou o III Ex�rcito. Biu do �lcool era assim conhecido por contrabandear o produto. A atividade il�cita nunca lhe trouxe problemas devido � prote��o militar.

Convocado pelo Ex�rcito, em 1969, para atuar na repress�o aos opositores do golpe militar de 1964, Ferreira destacou que "os oficiais recrutados para trabalhar no Doi-Codi (�rg�o de intelig�ncia subordinado ao Ex�rcito) sabiam que era para matar ou morrer". "O clima era de terror e de guerra", observou, ao negar, no entanto, ter atuado no �rg�o. Segundo ele, a maioria dos oficiais convocados para o �rg�o era da Pol�cia Federal.

"O ex-major Ferreira trouxe informa��es preciosas sobre o modus operandi do regime militar na �poca da ditadura", avaliou o advogado e ex-deputado estadual Pedro Eurico, que integra a Comiss�o Estadual da Verdade. "Ele esclareceu que o comando no Doi-Codi era feito diretamente por oficiais do Ex�rcito, al�m de esclarecer a rela��o siamesa de grupos paramilitares com os �rg�os de repress�o, incluindo vantagens financeiras".

N�o lembro, n�o sei

Acusado do atentado que deixou paral�tico o estudante C�ndido Pinto, em 1969, o ex-major Ferreira tamb�m foi apontado como suspeito do assassinato do padre Antonio Henrique Pereira Neto, naquele mesmo ano. Ele escapou das duas acusa��es, mas em 1983, foi condenado a 32 anos de pris�o pela morte do procurador da Rep�blica Pedro Jorge Melo Silva, em 1982.

O procurador denunciou o epis�dio que ficou conhecido como "o esc�ndalo da mandioca" - esquema de desvio de dinheiro do Banco do Brasil para plantio de mandioca no munic�pio de Floresta, no sert�o pernambucano, entre 1979 e 1981. Ferreira foi um dos benefici�rios do esquema. Ele viveu como foragido, por 12 anos, no interior da Bahia, como administrador de uma fazenda, com nome falso. Foi localizado e preso. Em 2003 recebeu indulto e desde ent�o � um homem livre.

�s indaga��es da Comiss�o sobre o atentado ao estudante e o assassinato do padre Henrique, Ferreira nada acrescentou. A resposta mais comum era "n�o lembro" e n�o sei", o que levou o tamb�m integrante da comiss�o, Roberto Franca, a afirmar que a mem�ria do depoente era "seletiva" e s� havia lembrado de nomes - caso de Roberto Souza Le�o - que j� havia morrido.

"Ele n�o colaborou para esclarecer esses casos", resumiu Pedro Eurico, relator do caso Padre Henrique na comiss�o, que disse ter se surpreendido com informa��es recebidas da Comiss�o Nacional da Verdade sobre a interfer�ncia do Minist�rio da Justi�a para paralisar os trabalhos do Minist�rio P�blico estadual em rela��o �s investiga��es do assassinato do religioso ligado ao arcebispo Dom H�lder C�mara.

De acordo com relat�rio do Servi�o Nacional de Intelig�ncia (SNI), o procurador do MPPE Jos� Ives suspendeu o andamento do processo do padre Henrique aguardando orienta��o do ent�o ministro Alfredo Buzaid. "� um esc�ndalo", apontou o advogado.


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