Com uma absten��o de 16,41% dos eleitores em todo o Pa�s e altos �ndices de votos nulos e em branco, considerados inv�lidos, as elei��es municipais deste domingo somaram mais de 35 milh�es de votos n�o contabilizados no resultado final do pleito. O n�mero representa 25% do total de eleitores no Pa�s. Somente na capital paulista, mais de 2,4 milh�es de votos, entre em branco, nulos e absten��es, n�o foram computados no resultado final pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O n�mero � maior que a vota��o recebida pelos dois principais candidatos habilitados a participar do segundo turno. Jos� Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) obtiveram nas urnas, respectivamente, 1,8 e 1,7 milh�o de votos. O porcentual de votos n�o comput�veis na capital chega a 28% do total de eleitores de S�o Paulo, o maior col�gio eleitoral do Pa�s.
Com disputas acirradas para o segundo turno, Salvador, Fortaleza e Florian�polis enfrentam a mesma situa��o de S�o Paulo. Na capital baiana, o n�mero de votos em branco, nulos e absten��es somados chega a cerca de 589 mil - quantidade maior que os obtidos pelos candidatos Ant�nio Carlos Magalh�es Neto (DEM), o ACM Neto, com cerca de 518 mil, e Nelson Pelegrino (PT), com 513 mil.
"Em elei��es apertadas, com uma dist�ncia de 1% entre os candidatos, estes votos s�o cruciais para a elei��o", afirma o cientista pol�tico David Fleischer, da Universidade de Bras�lia (UnB). De acordo com Fleischer, a absten��o nas elei��es municipais seguiu a m�dia hist�rica do Pa�s. "Mas h� fatores locais e circunstanciais para o n�mero absoluto somados aos em branco e nulos ser t�o expressivo. Pode ser um desencanto com a pol�tica, uma aliena��o do eleitor que acha que todo candidato � corrupto."
No segundo turno, os candidatos miram os eleitores indecisos ou n�o participantes na tentativa de motiv�-los a acreditar nos projetos. Entretanto, Couto alerta que a absten��o pode ser ainda maior na segunda etapa, quando h� menos alternativas aos eleitores. "� interessante para o candidato atrair, mas � dif�cil fazer um apelo espec�fico a esses eleitores, que teriam mais motivos para se abster", afirma.
Em outras 12 capitais brasileiras, os votos n�o comput�veis superam o total dos recebidos pelo segundo candidato melhor posicionado na campanha. O caso de Goi�nia, onde o candidato Paulo Garcia (PT) se elegeu no primeiro turno, � tido como "um dos mais agressivos" pelo pesquisador Humberto Dantas, integrante do Movimento pelo Voto Consciente e professor da Funda��o Armando �lvares Penteado (Faap).
"Os eleitores foram �s urnas para dizer que rejeitavam o cen�rio. S�o votos de posi��o, contr�rios � situa��o eleitoral da cidade, onde uma das for�as pol�ticas, Dem�stenes Torres (ex-senador), n�o existe mais eleitoralmente, e as outras colocadas n�o agradaram", avalia Dantas. "� um posicionamento que coloca em xeque o modelo de democracia representativa."