
Ap�s a conclus�o das elei��es municipais deste ano, somadas as derrotas e vit�rias dos diversos partidos que comp�em a base do governo, a presidente Dilma Rousseff se prepara para a segunda metade de seu mandato de olho na reelei��o em 2014. Com popularidade elevada e inc�lume �s crises do PT decorrentes das condena��es de caciques do partido no julgamento do mensal�o, Dilma enfrentar� um per�odo de crescimento baixo da economia, press�o pela entrega de obras de infraestrutura, maximizadas pela Copa do Mundo em 2014, e uma base com sinais de volatilidade, principalmente pelo desejo, ainda contido, do PSB em trilhar um voo solo. "Ela continua favorita, mas 2014 deve ser mais dif�cil para ela do que foi em 2010", avalia o cientista pol�tico Rafael Cortez.
Durante a d�cada de 1990, uma frase pronunciada pelo ent�o presidente dos Estados Unidos, o democrata Bill Clinton, para justificar por que seria reeleito, tornou-se emblem�tica para definir os fatores que mais influenciam a escolha dos eleitores: "� a economia, seu est�pido". O quadro no Brasil n�o � muito diferente, mas n�o s�o apenas os aspectos econ�micos que v�o ditar o futuro. "A economia ser� a liga, o elo para manter a base pol�tica de Dilma unida", declarou o presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Antonio Queiroz.
Preocupam Dilma os dois maiores partidos da base de apoio ao governo federal — PMDB e PSB. A presidente j� deixou claro que os peemedebistas est�o confirmados na chapa presidencial de 2014. Tamb�m resignou-se com a possibilidade de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – com quem teve v�rios atritos ao longo dos �ltimos anos – e Renan Calheiros (PMDB-AL) presidirem, respectivamente, C�mara e Senado nos pr�ximos dois anos. Mesmo assim, o partido quer mais, subvertendo a l�gica do prest�gio. "Todos pensariam que o PMDB j� tem muita coisa. Mas eles acham que, por ser t�o grandes, precisam de mais", declarou um aliado da presidente.
Dilma deve dar um minist�rio para Gabriel Chalita, candidato derrotado na disputa municipal de S�o Paulo. A sinaliza��o, at� o momento, � a pasta de Ci�ncia e Tecnologia, ocupada atualmente por Marco Antonio Raupp. Mas como a rela��o entre governo, PT e PMDB nunca � simples, um jantar no Pal�cio do Alvorada, na pr�xima ter�a-feira, reunir� Dilma, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, o vice-presidente Michel Temer, o presidente nacional do PT, Rui Falc�o, e do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
Briga Outra preocupa��o � o PSB. O partido foi o que mais cresceu nas elei��es municipais de outubro e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, aparece cada vez mais como um dos poss�veis candidatos ao Planalto em 2014. PT e PSB romperam no Recife, em Fortaleza e Belo Horizonte. "N�o tem volta. O que eles fizeram foi absurdo", criticou o deputado Jos� Guimar�es (PT-CE).
Para tentar diminuir os atritos, Dilma fez quest�o de ligar para Campos na segunda-feira, logo ap�s o segundo turno das elei��es. No mesmo dia, Falc�o conversou com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. "Achamos que � preciso descer do palanque agora que as elei��es passaram", minimizou Roberto Amaral. "Vamos ver, primeiro, como ficam as participa��es nas prefeituras eleitas. Depois, pensamos como fica a sucess�o nos governos estaduais", completou Falc�o.
DE OLHO NOS N�MEROS
A estrat�gia pol�tica ser� importante porque o cen�rio econ�mico n�o � dos mais promissores. A recess�o econ�mica que retraiu a Uni�o Europeia e freou a retomada do crescimento americano atingiu o Brasil, fazendo com que a produ��o industrial patine h� meses. "O crescimento do pa�s em 2009 se mostrou rid�culo, mas em 2010 foi bom. Mas a m�dia dos dois primeiros anos de governo Dilma aproxima-se muito do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique", declarou Cortez.
O cientista pol�tico lembra que foi a presidente Dilma Rousseff quem trouxe o debate econ�mico para o centro da discuss�o. N�o que a economia fosse um assunto perif�rico em gest�es anteriores – durante o primeiro mandato, o presidente Lula comprou uma briga gigantesca com o PT por repetir as medidas macroecon�micas de FHC. Mas Dilma tem particular atra��o pelo assunto, mais do que pelo debate pol�tico em si.
Rafael Cortez aponta, no entanto, que a presidente vem tornando-se mais flex�vel na manuten��o do trip� macroecon�mico: juros, c�mbio e metas de infla��o. "Ela baixou os juros, o centro da meta de infla��o n�o � mais buscado com tanta �nfase e o c�mbio est� bem menos flutuante que nos anos Lula", completou o cientista pol�tico.
Dilma tem a seu favor, contudo, a batalha pela redu��o dos juros e dos spreads banc�rios, uma batalha muito bem avaliada pela popula��o. Tamb�m ampliou o debate para as concess�es em obras de infraestrutura. "Foi um acerto da presidente iniciar essa discuss�o", afirmou ao Estado de Minas o ex-presidente da Petrobras e atual secret�rio de Planejamento da Bahia, S�rgio Gabrielli. Depois de anunciar as concess�es em tr�s aeroportos – Bras�lia, Viracopos e Guarulhos – e de rodovias e ferrovias, a presidente planeja lan�ar at� o fim do ano novos pacotes para o Gale�o (RJ) e Confins (MG) e para os portos brasileiros.