
O an�ncio do pacote de R$ 1,8 bilh�o para a preven��o contra a seca ficou bem distante do que esperava a maioria dos munic�pios mineiros afetados pelos 10 meses de estiagem. Na primeira fase do plano, que prev� a aplica��o imediata de R$ 1,06 bilh�o, Minas ser� contemplada com apenas uma grande obra, a conclus�o da Barragem de Mato Verde, no valor de R$ 48 milh�es. Na segunda fase, outros R$ 90 milh�es est�o previstos para o estado, mas esse dinheiro � destinado a obras apenas em Montes Claros. Ainda foram reservados R$ 12,3 milh�es para melhorias no sistema de abastecimento de �gua em nove cidades mineiras, mas as a��es n�o foram detalhadas para as pr�prias prefeituras. Para os outros 82 munic�pios que decretaram situa��o de emerg�ncia por causa da falta de chuva e n�o foram contemplados restar� torcer para que a seca seja menos cruel em 2013 e voltar a reivindicar solu��es paliativas.
Segundo estimativa da Associa��o dos Munic�pios da �rea Mineira da Sudene (Amams), nas regi�es do Vale do Jequinhonha e Mucuri e no Norte do estado, este ano foram mais de 100 mil pessoas que passaram por situa��es cr�ticas com a falta de �gua, a maior parte em �reas rurais. Gente como Maria Aparecida Soares, moradora de Francisco S�, que sofre com a seca todos os anos e neste perdeu a lavoura de milho por causa da falta de �gua, como mostrou reportagem do Estado de Minas no in�cio de outubro. Outro problema registrado pelo �rg�o e que vem aumentando cada vez mais � a sa�da em massa de moradores de pequenos munic�pios, que procuram m�dias e grandes cidades como op��o de sobreviv�ncia moment�nea.
O secret�rio-geral da Amams, Luiz Lobo, explica que a situa��o nos �ltimos 10 meses resultou na pior seca enfrentada pela regi�o em 50 anos e destacou que o �xodo para cidades de m�dio porte da regi�o acabou criando outros problemas. “Houve impacto na agricultura e na pecu�ria, com morte de animais. Mas para muitos a situa��o foi cr�tica tamb�m para o abastecimento humano. Cidades de m�dio porte passam a receber entre 6 mil e 7 mil pessoas, quase uma pequena cidade inteira se mudando de lugar. � um quadro que n�o se sustenta, com a continuidade do cen�rio de pobreza”, afirma Lobo.
A reclama��o que se repete ano a ano por parte dos munic�pios mineiros � quanto � falta de projetos maiores para criar novas op��es para a popula��o durante os per�odos de seca. “A seca n�o se resolve, mas com obras duradouras e consistentes � poss�vel criar op��es para os per�odo cr�ticos do ano. Barragens em rios perenes, postos para capta��o de �gua de chuva e a perfura��o de po�os artesianos s�o algumas das solu��es que precisam ser consideradas para nossos munic�pios de forma mais constante. O governo lan�a planos e mais planos para melhorar a conviv�ncia com a seca, mas a �nica coisa que vemos na pr�tica s�o medidas paliativas, com caminh�es pipas e cestas b�sicas todos os anos”, aponta Lobo.
Banana
Em Matias Cardoso, umas das cidades mais afetadas pela seca e que foi inclu�da na lista de nove munic�pios que receber�o recursos por meio de parceria com a Funda��o Nacional de Sa�de (Funasa), a prefeitura ainda n�o tomou conhecimento do que ser� repassado pelo PAC Preven��o, mas o que n�o falta s�o demandas para atender a popula��o. “At� agora n�o chegou nada para investimentos. Foram dois caminh�es-pipa que mal deram para abastecer as casas, mas os preju�zos maiores ficaram com a perda de planta��es e algumas pessoas tiveram que vender tudo a pre�o de banana para sobreviver”, conta o prefeito Jo�o de Barros (PT). Segundo o petista, ainda n�o foram acertados acordos com a Funasa para o pr�ximo ano.
Outro munic�pio da lista da Funasa, Gr�o Mogol viu nos �ltimos meses grande parte das lagoas e tanques secarem e faltou �gua at� mesmo para o consumo da popula��o. O prefeito Jeferson Figueiredo (PP), no entanto, ainda n�o conhece o pacote anunciado ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT). “A demanda � muito grande e n�o existe um contato direto com o governo federal. Tivemos dois caminh�es-pipa contratados pelo Ex�rcito para nossa cidade, mas as demandas s�o muito maiores e se n�o houver aposta em preven��o, a situa��o vai se repetir”, afirma.
O prefeito de Jana�ba, Jos� Benedito Nunes (PT), comemorou como nunca a volta da chuva nesta semana, mas j� prev� a repeti��o do cen�rio de dificuldades para 2013. “As solu��es s�o bem conhecidas. Investir em pequenas barragens e cisternas para dar alternativas para a popula��o. E as parcerias tamb�m est�o sendo prometidas pelo Idene (Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas) e pela Codevast (Companhia de Desenvolvimento do Vale do S�o Francisco e Parana�ba), mas se os governos n�o tiverem vontade e agilizar essas obras ficar� dif�cil. A burocracia � sempre muito grande e n�o se consegue resolver quase nada em quatro anos”, cobrou o petista.