Como consequ�ncia da Opera��o Porto Seguro, deflagrada na �ltima sexta-feira contra uma organiza��o criminosa que atuava infiltrada em �rg�os federais para favorecer interesses privados, a Pol�cia Federal (PF) pretende se concentrar agora na investiga��o de enriquecimento il�cito e lavagem de dinheiro de l�deres do grupo criminoso e agentes p�blicos suspeitos de receber recursos ou vantagens para cometer atos ilegais. Segundo a PF, a investiga��o n�o foi feita at� agora, mas ela vai ocorrer “como consequ�ncia natural”.
At� o fim do ano, o primeiro relat�rio sobre a Opera��o Porto Seguro dever� ser conclu�do. A partir da�, a expectativa � que seja pedida autoriza��o para prosseguir na an�lise de todo o material coletado no decurso da opera��o. A Pol�cia Federal acredita que at� fevereiro do pr�ximo ano o inqu�rito policial esteja terminado.
� Pol�cia Federal, Cyonil disse ter sido contatado por Paulo Rodrigues Vieira, ent�o diretor da Ag�ncia Nacional de �guas (ANA), para alterar o parecer t�cnico do TCU que apontava ilegalidade na �rea que era ocupada pela Tecondi no Porto de Santos, maior do que a que havia sido licitada.
Inicialmente, Cyonil aceitou o dinheiro e chegou a receber R$ 100 mil, mas se arrependeu e resolveu denunciar Paulo Rodrigues Vieira � Pol�cia Federal. A PF acredita que o ex-auditor fez a den�ncia ap�s ter se sentido lesado por n�o ter recebido as duas �ltimas parcelas de R$ 100 mil que haviam sido combinadas.
Em uma das den�ncias feitas � pol�cia, Cyonil chegou a citar o nome do ex-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu, dizendo que ele teria interesse na altera��o do parecer t�cnico envolvendo a Tecondi. Mas, segundo a PF, at� o momento nada foi comprovado sobre o envolvimento de Dirceu nas irregularidades. O ex-auditor, apesar de ter cometido o crime de corrup��o passiva, n�o foi indiciado at� o momento.
Ap�s a den�ncia de Cyonil, a Pol�cia Federal passou ent�o a investigar o caso e chegou a outros nomes, como o de Rosemary N�voa de Noronha, ent�o chefe de gabinete da Presid�ncia da Rep�blica em S�o Paulo. De acordo com a PF, Rosemary, que foi indicada ao cargo pelo ex-presidente da Rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva, n�o obtinha ganhos com os pareceres que eram produzidos ou adulterados pela organiza��o, mas foi investigada na opera��o por manter uma “rela��o muito pr�xima” com Paulo Vieira e por fazer indica��es para cargos p�blicos.
Em um dos e-mails que trocou com Paulo Vieira, ela pede uma quantia para reformar um im�vel. As mensagens eletr�nicas entre Rosemary e Paulo Vieira foram interceptadas ap�s autoriza��o judicial. Segundo a Pol�cia Federal, n�o houve qualquer intercepta��o telef�nica envolvendo Rosemary, que foi exonerada do cargo por determina��o da presidenta Dilma Rousseff.
De acordo com a Pol�cia Federal, nos e-mails de Rosemary que foram interceptados, at� o momento n�o apareceram quaisquer irregularidades envolvendo o nome do ex-presidente Lula ou do ex-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu. “Nenhum dos dois tem hoje prerrogativa de foro. S�o cidad�os comuns como qualquer um de n�s, apesar de um passado mais conhecido. Se tivesse qualquer coisa, at� este momento, eles teriam sido sim objeto de investiga��o na Justi�a Federal de primeira inst�ncia e poderiam at� ter sido indiciados. Se n�o foram � porque n�o teve”.
Na Opera��o Porto Seguro, seis pessoas foram presas suspeitas de participar de uma organiza��o criminosa que funcionava infiltrada em �rg�os federais para favorecer interesses privados na tramita��o de processos. Segundo o Minist�rio P�blico Federal, est�o presos preventivamente os irm�os Paulo Rodrigues Vieira, ex-diretor da Ag�ncia Nacional de �guas (ANA); Rubens Carlos Vieira, ex-diretor da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac); e Marcelo Rodrigues Vieira, empres�rio. A advogada Patricia Santos Maciel de Oliveira chegou a ser presa temporariamente, mas j� est� em liberdade. Os advogados Marcos Ant�nio Negr�o Martorelli e Lucas Henrique Batista est�o em pris�o domiciliar, em Santos.