Tr�s minutos antes de o ex-presidente do PT Jos� Genoino entrar na sala da Presid�ncia da C�mara dos Deputados para tomar posse, o delegado da Pol�cia Civil alagoana Francisco Ten�rio passou pelo mesmo corredor sem ser notado pelo batalh�o de jornalistas e curiosos que esperavam o petista condenado no processo do mensal�o. Chico Ten�rio, como � conhecido, voltou � Casa ap�s ter passado um ano na pris�o e outros sete meses com um tornozeleira eletr�nica para monitorar os passos dele, por causa de dois processos em que � acusado de encomendar assassinatos. No caminho e durante a solenidade de posse nenhuma pergunta foi lhe dirigida.
O deputado rec�m-empossado j� havia cumprido mandato de deputado federal na legislatura passada. Assim que deixou a C�mara, em fevereiro de 2011, teve sua pris�o preventiva decretada por ordem da Justi�a estadual. Segundo a acusa��o do Minist�rio P�blico, ele teria, na "posi��o de l�der de uma organiza��o criminosa atuante em Alagoas", ordenado a a��o que resultou na execu��o de duas pessoas em 2005. Ainda responde a��o por ser supostamente autor intelectual do assassinato de um ex-policial militar na d�cada de 90.
Ten�rio passou o Natal de 2011 na cadeia, tendo recebido familiares e ganhado at� uma ceia de Natal. Em fevereiro do ano passado, a Justi�a alagoana revogou a pris�o, mas a substituiu por um monitoramento eletr�nico: Ten�rio ganhou uma tornozeleira para evitar que deixasse a capital do Estado e verificar se ele estava cumprindo a ordem de voltar para sua casa antes das 8 da noite. S� conseguiu retirar o equipamento em setembro, por ordem do Tribunal de Justi�a do Estado.
Abordado pelo Grupo Estado na sa�da da solenidade, Ten�rio estava rodeado de dez pessoas, entre apoiadores e familiares. Ele conduziu a reportagem para um lugar vazio ao lado do plen�rio da C�mara e, sozinho, se disse inocente dos processos a que responde. "Eu sou inocente, estou provando a minha inoc�ncia e estou trabalhando nesse sentido e a Justi�a est� acompanhando todo o processo. Tenho certeza que vamos chegar ao final mostrando a realidade dos fatos e reconhecendo a v�tima que tenho sido nessas acusa��es", afirmou.
Falando na terceira pessoa, o parlamentar afirmou que "a gente se sente na obriga��o de cumprir o dever para o qual fomos eleitos, pelo voto popular". Ele teve 51.864 votos nas elei��es de 2010. Questionado se estava incomodado em assumir o mandato com o peso de acusa��es de homic�dio, ele respondeu: "N�o, porque n�s vivemos num regime democr�tico onde existe acusa��es de tudo quanto � natureza contra algu�m, principalmente quem exerce as fun��es p�blicas, cargos pol�ticos, e a gente � sujeito a esse tipo de acusa��es, �s vezes at� levianas, mas n�s temos que responder nossos processos e provar a nossa inoc�ncia".
Ten�rio n�o quis opinar se considerava correta a posse do colega Jos� Genoino (PT-SP), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a seis anos e 11 meses de pris�o por forma��o de quadrilha e corrup��o ativa. Ele esquivou-se de falar sobre detalhes dos processos, indicando seu advogado. Por telefone, o defensor dele Fl�vio Gomes, afirmou que n�o tem d�vida de que a Justi�a alagoana "foi induzida a erro" nas a��es que levaram o cliente � pris�o e � coloca��o da tornozeleira eletr�nica. Segundo Gomes, o TJ alagoano est� derrubando todas as condena��es e acusa��es feitas pelo ex-coronel Manoel Cavalcante, que, sustenta, lastrearam os processos contra Ten�rio. Cavalcante, afirma o advogado, fez um acordo de dela��o premiada implicando seu cliente. "O que h� no Pa�s � uma sensa��o de impunidade que, por vezes � saciada, ao punir e prender um agente pol�tico", comentou.
Com a posse de Ten�rio, as a��es contra ele ser�o remetidas para o Supremo, Corte por onde os casos j� haviam tramitado. A defesa espera que, l�, seja feito um "julgamento isento". "A expectativa com rela��o ao processo no Supremo � muito positiva" disse Gomes.