
O PPS, que h� 10 anos concorreu � Presid�ncia da Rep�blica com Ciro Gomes e recebeu 10,1 milh�es de votos, hoje luta para deixar de ser uma legenda perif�rica na oposi��o ao governo Dilma Rousseff. Herdeiro do antigo PCB — o Partid�o de Luis Carlos Prestes e Oscar Niemeyer —, o PPS surgiu ap�s a queda do muro de Berlim, em 1989, e hoje negocia espa�os pol�ticos tanto com Jos� Serra quanto com Marina Silva para ter alguma visibilidade em 2014.
Presidente nacional do PPS, Roberto Freire concorreu � Presid�ncia em 1989, ainda pelo PCB, na primeira elei��o direta ap�s o fim do regime militar. Tr�s anos depois, promoveu a cis�o na legenda, estimulado pelo esfacelamento da antiga Uni�o Sovi�tica. “Adotamos o mesmo processo vivido pelo Partido Comunista Italiano, de buscar construir um partido democr�tico de esquerda”, disse Freire, hoje deputado federal por S�o Paulo, ao Correio.
Ex-integrantes do PPS reclamam que o poder na legenda ficou muito concentrado nas m�os de Freire. “O PPS foi se apequenando ao longo da hist�ria e hoje tem pouco mais de 10 deputados”, disse um pol�tico que, hoje, respira novos ares. “Passamos ao lado de Lula o pior momento do governo — a crise do mensal�o — e, quando o Planalto come�ou a respirar, n�s abandonamos o barco”, completou um aliado governista que migrou para outro partido.
Durante um per�odo em que esteve amuado com o PDT, Miro Teixeira deixou as hostes trabalhistas e filiou-se ao PPS. Ficou pouco mais de seis meses e voltou para o partido de origem. Mas ele acha que os movimentos recentes do PPS, buscando conversar com outras for�as pol�ticas para assumir um novo protagonismo no cen�rio nacional mostram que a legenda tenta sair da in�rcia. “No plen�rio, por exemplo, posso dizer que as interven��es do l�der Rubens Bueno (PR) e do pr�prio Freire t�m sido de firme oposi��o ao governo”, defendeu Miro.
O PPS tem hoje 11 deputados. Nas legislaturas anteriores, contava com uma bancada de 18 a 19 deputados. E ainda perdeu a �nica cadeira que tinha no Senado com a morte de Itamar Franco (MG) em 2011. O pr�prio Freire j� foi senador por Pernambuco e, depois, transferiu o t�tulo para S�o Paulo para eleger-se deputado federal. “Ele precisa, de fato, grudar no Serra para ter um m�nimo de chance de reeleger-se para a C�mara, o que ser� muito dif�cil”, prev� um desafeto do presidente do PPS.
Freire rebate os ataques e diz que as conversas com Serra t�m como base a afinidade ideol�gica entre ambos. Elas come�aram ap�s as elei��es presidenciais de 2010. No caso de Marina Silva, alguns aliados da ex-ministra do Meio Ambiente j� migraram para o PPS e defendem que esta � a melhor alternativa que ela tem se quiser concorrer � Presidencia, novamente, no ano que vem, em vez de criar um novo partido. “Nessas elei��es municipais elegemos um prefeito de capital (Luciano Rezende, em Vit�ria). Significa que estamos melhorando? Calma, mas � um caminho”, sinalizou Freire.
A saga do Partid�o
1922 – Funda��o do Partido Comunista Brasileiro, em Niter�i (foto)
1922 – O presidente Epit�cio Pessoa coloca a legenda na ilegalidade
1927 – Reconquista a legalidade em janeiro, elege Azevedo Lima deputado federal, mas volta a ser proibido em agosto
1935 – J� com a presen�a de Lu�s Carlos Prestes (foto), participa da Alian�a Nacional Libertadora (ANL) e inicia a revolta militar conhecida como Intentona Comunista.
1945 – Prestes e outros dirigentes s�o anistiados e o PCB retorna � legalidade. Nas elei��es gerais, conquista 14 cadeiras na C�mara dos Deputados uma no Senado, para o pr�prio Prestes
1947 – Com cerca de 200 mil filiados, tem o registro novamente cancelado
1960 – Lan�a campanha para voltar � legalidade
1964 – O regime militar imp�s aos membros do PCB mais um longo per�odo de clandestinidade
1973 a 1975 – um ter�o do Comit� Central foi assassinado e centenas de militantes foram presos e torturados, dentre os quais destacam-se o jornalista Vladimir Herzog
1979 – Lei da Anistia permite o regresso de militantes hist�ricos
1984 – Participa, ainda na ilegalidade, da campanha das Diretas J� (foto)
1985 – Com o fim da ditadura militar, o PCB e o PCdoB voltam a funcionar como partidos pol�ticos legais. O PCB apoia a transi��o democr�tica e os primeiros anos do governo de Jos� Sarney
1989 – Crise no comunismo europeu. O PCB perde for�a pol�tica e recursos da Uni�o Sovi�tica, que se desintegra ap�s a queda do Muro de Berlim. O PCB se divide entre o grupo do ent�o senador Roberto Freire e o do arquiteto Oscar Niemeyer e do cartunista Ziraldo. Freire vence a disputa interna, cria o PPS. O grupo majorit�rio comunista deixa o partido e mant�m a sigla PCB, mas com baixa representatividade pol�tica e sindical
PPS em n�meros
Como est�, atualmente, a legenda dos ex-comunistas:
» 1 prefeito de capital (Luciano Rezende – Vit�ria)
» 6 vice-prefeitos de cidades com mais de 150 mil habitantes
» 123 prefeitos eleitos em 2012
» 11 deputados federais
» Nenhum senador (perdeu a �nica cadeira com a morte de Itamar Franco)
» Em 2002, o partido obteve 12% dos votos na elei��o presidencial, com Ciro Gomes