Contrariados com a insist�ncia do deputado Eduardo Cunha (RJ) em levar adiante a disputa pela lideran�a do PMDB na C�mara, o atual l�der, Henrique Alves (RN), em campanha pela presid�ncia da Casa, e o vice-presidente da Rep�blica Michel Temer se afastaram do companheiro, com quem atuaram em total sintonia nos �ltimos anos. N�o pedem votos para Cunha e, ao contr�rio, temem uma poss�vel divis�o da bancada, em caso de vit�ria do parlamentar fluminense.
Outra preocupa��o � o fato de a presidente Dilma Rousseff n�o ter nenhuma simpatia por Eduardo Cunha e olh�-lo com desconfian�a. Temer n�o quer problema com Dilma no momento em que o PMDB tentar garantir a reedi��o da alian�a com o PT na campanha pela reelei��o da presidente, em 2014.
Nada disso abalou a disposi��o de Eduardo Cunha - carioca de 54 anos que est� no terceiro mandato e formou sua base no eleitorado evang�lico - em comandar a segunda maior bancada da C�mara, atualmente com 78 deputados. Na semana passada, o deputado obteve apoio do governador do Rio de Janeiro, S�rgio Cabral, de quem se aproximou depois de longo tempo de distanciamento, e do prefeito da capital, Eduardo Paes. Os deputados do PMDB do Rio fecharam apoio a Cunha. Apesar do bom relacionamento de Cabral e Paes com Dilma, governador e prefeito avaliam ser importante um l�der do Rio, no momento em que o Estado tem algumas brigas a comprar no Congresso, como o veto presidencial � divis�o dos royalties do petr�leo e o Fundo de Participa��o dos Estados (FPE).
Henrique Alves far� campanha nesta quinta-feira no Rio, ao lado de Cunha, Cabral e Paes, anfitri�es de um almo�o oferecido � bancada fluminense, de 46 deputados. Cunha nega qualquer constrangimento. Lembra que ajudou a criar a candidatura do l�der � presid�ncia da C�mara e � natural que pe�a apoio para Alves.
Telhado de vidro
Com forte atua��o de bastidor, sempre alinhado com Temer e Alves Eduardo Cunha acha que chegou a hora de passar para a linha de frente. Os advers�rios de sua candidatura argumentam que, al�m da resist�ncia de Dilma, Cunha tem "telhado de vidro" e, se eleito, vai expor ainda mais o PMDB a poss�veis ataques. No Rio, Cunha enfrentou tr�s inqu�ritos no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que investigou supostas irregularidades quando o deputado presidiu a Companhia de Habita��o do Estado do Rio de Janeiro (Cehab), entre 1999 e 2000. Os inqu�ritos foram arquivados. O parlamentar � alvo de um inqu�rito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposto tr�fico de influ�ncia em favor de um ex-diretor da Refinaria de Manguinhos. Cunha nega qualquer a��o ilegal. "Esse inqu�rito no Supremo est� parado. N�o sou r�u em processo algum, nada", diz Cunha.
Para refor�ar os votos em Cunha, dois secret�rios do prefeito Eduardo Paes, os deputados Pedro Paulo e Rodrigo Bethlem, dever�o retomar os mandatos parlamentares no per�odo de elei��o do presidente da C�mara e do l�der da bancada. Com isso, o PMDB do Rio passa de oito para nove deputados, j� que um dos suplentes � do PSC, e o partido chega a 79 deputados. Pedro Paulo e Bethlem dever�o ser exonerados da prefeitura e depois readmitidos.
Torcida do governo
Cunha disputa a lideran�a com Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS). Mabel volta ao PMDB depois de passar pelos antigos PFL e PL e pelo PR. Em 2011, enfrentou o petista Marco Maia (RS), vitorioso, na disputa pela presid�ncia da C�mara. Osmar Terra � pr�ximo do tucano Jos� Serra e em 2010 foi um dos l�deres da campanha presidencial do PSDB no Sul. "O governo n�o ter por que preferir o Sandro ou o Osmar. Com qualquer um que ganhe, o governo ter� que conversar com igualdade", diz Eduardo Cunha.
Com a torcida discreta do governo, Mabel, que foi l�der do PR, procura mostrar independ�ncia: "Eu dizia ao ex-presidente Lula que, entre ele e a bancada, fico com a bancada. N�o tenho rabo preso com o governo, mostrei coragem quando fui candidato a presidente da C�mara".
Na �ltima sexta-feira (12), a contabilidade de Mabel e de Cunha era a mesma: cada um acreditava ter 38 votos garantidos. Para vencer no primeiro turno, s�o necess�rios pelo menos 40 votos. "Todo candidato tem ilus�o de �tica na pol�tica", brinca Osmar Terra. "Tem gente confundindo gentileza com apoio. Eles (Cunha e Mabel) tentam polarizar e canibalizar meus poss�veis votos", diz o ga�cho. Terra defende que o PMDB esteja � frente de "uma discuss�o nacional, pol�tica, e n�o s� no toma-l�-d�-c�".