�s v�speras de mais uma edi��o tem�tica em Porto Alegre, o F�rum Social Mundial, criado pela esquerda para se contrapor ao F�rum Econ�mico de Davos, est� em crise. Uma disputa interna por espa�o levou entidades como a Central �nica dos Trabalhadores (CUT) e a Associa��o Brasileira de Organiza��es N�o Governamentais (Abong) a se retirarem da organiza��o e outras, como o Movimento Sem Terra, a ignorarem sua realiza��o.
"A CUT adotou a posi��o p�blica de n�o participar desta edi��o tem�tica. Houve uma descaracteriza��o do F�rum, uma intromiss�o de pessoas que n�o tem tradi��o, e n�o achamos leg�timas algumas atitudes", disse o presidente da CUT-RS, Claudir Nestolo. A CUT reclama que a edi��o tem�tica n�o estava prevista para este ano, j� que a grande reuni�o do F�rum Social Mundial acontece em mar�o, na Tun�sia. Os f�runs tem�ticos deveriam ser realizados em anos pares, descentralizadamente.
No entanto, a ideia de fazer um encontro sobre democracia foi apoiada pelo criador do F�rum, o empres�rio Oded Grajew, que levar� a Porto Alegre oficinas sobre cidades sustent�veis. "Uma das caracter�sticas do F�rum � a auto-organiza��o. Abre-se espa�o para que as organiza��es fa�am suas atividades, n�o tem ningu�m que organiza ou controla e participa quem quiser", afirmou.
Uma das maiores reclama��es, no entanto, � o fato da prefeitura estar participando mais ativamente da organiza��o. No final do ano passado, foi sancionada uma lei que cria a semana do F�rum em Porto Alegre. Tamb�m foi criado um instituto chamado "Amigos do F�rum Social", liderada pela For�a Sindical, e que participaria da organiza��o e incluiria, para revolta das entidades, at� mesmo alguns empres�rios da capital ga�cha. A iniciativa �, na verdade, uma tentativa de trazer o encontro de volta para Porto Alegre, onde nasceu, mas de onde foi retirado quando o PT foi derrotado na elei��o para a prefeitura, em 2004, mas n�o foi bem vista por diversas organiza��es.
Davos
"As entidades avaliam que o esse f�rum ganhou uma conota��o muito institucional, com v�rias se��es organizadas por �rg�os p�blicos e temas que n�o tem rela��o com a agenda do F�rum Social Mundial", disse Mauri Cruz, presidente da Abong. "Fizemos um apelo para que fosse suspenso e pud�ssemos nos concentrar em 2014, mas o encontro foi mantido. N�o deixa de ser leg�timo, mas decidimos n�o participar". Outras entidades, como o MST, nem sequer come�aram a discuss�o para esse encontro em Porto Alegre.
Na prefeitura de Porto Alegre, a avalia��o � de que h� um componente pol�tico nessa insatisfa��o, especialmente com a participa��o do governo municipal. Apesar de ser do PDT, um partido de esquerda, o prefeito Jos� Fortunati ganhou a elei��o com apoio de partidos de direita, como o DEM, e infligiu uma derrota hist�rica ao PT, que pela primeira vez na sua hist�ria n�o foi nem mesmo ao segundo turno.
Apesar de ter como tema central esse ano a primeira �rabe e ter como sede o pa�s onde os movimentos come�aram, a verdade � que o F�rum Social Mundial perdeu boa parte da sua for�a. Se at� 2005 era palco para discurso de v�rios presidentes - incluindo Luiz In�cio Lula da Silva e Hugo Ch�vez -, nos �ltimos anos t�m passado quase desapercebido. Na agenda da presidente Dilma Rousseff, por exemplo, nunca foi sequer cogitado. Em 2011, em Dakar, a grande estrela foi o presidente da Bol�via, Evo Morales.