Um marcha por diversos pontos de Porto Alegre (RS) marcar� a abertura do F�rum Social Tem�tico (FST), que ocorre na capital ga�cha at� dia 31. Os participantes v�o se reunir a partir das 13h no Largo Gl�nio Pires e ent�o ser� poss�vel observar se a sa�da de algumas entidades ligadas a movimentos sociais da organiza��o do f�rum ir� representar um esvaziamento do evento.
Na nota em que anuncia sua sa�da da organiza��o do F�rum, a CUT cita uma lei sugerida pela prefeitura e aprovada pela C�mara de Vereadores da cidade segundo a qual o f�rum dever� obrigatoriamente ocorrer todos os anos na �ltima semana de janeiro. Para a central, a determina��o governamental sobre o evento fere a carta de princ�pios do F�rum Social Mundial, que diz que ele � um espa�o dos movimentos sociais e que deve sempre ser gerido por eles com autonomia em rela��o a Estados e partidos pol�ticos.
“O Estado e os partidos podem e devem apoiar os eventos, no entanto jamais exercer o controle. A prefeitura de Porto Alegre fez aprovar um Projeto de Lei na C�mara Municipal definindo que toda �ltima semana de janeiro ser� realizado um f�rum na cidade. Onde foi debatida esta iniciativa? Parece-nos que � uma interfer�ncia do Poder P�blico em uma organiza��o que deveria ser aut�noma”, diz a nota.
A Marcha Mundial das Mulheres tamb�m convocou sua milit�ncia a n�o participar do encontro que come�a hoje. Al�m da inger�ncia governamental, a organiza��o feminista demonstrou descontentamento com a valoriza��o de temas que considera terem sido “apropriados pelo capital”, numa refer�ncia aos temas ambientais que ser�o tratados no f�rum.
“Nossa luta � de resist�ncia ao modelo capitalista patriarcal, representado pelos setores que apoiam este evento de janeiro em Porto Alegre. Celebramos a derrota do neoliberalismo no campo das ideias e de que contribu�mos para isso. Contudo, observamos que alguns dos temas trazidos pelo alter-mundialismo, t�m sido apropriados pelo discurso do capital e apresentados, cada vez mais, como novas mercadorias para servir ao capital. N�o vamos permitir que a luta dos povos seja transformada em mercadoria pol�tica”, diz a nota da MMM-RS
O principal organizador do evento e presidente da For�a Sindical no estado, L�lio Falc�o rebate as cr�ticas. Ele nega que o evento tenha sido esvaziado com a sa�da da CUT, do movimento feminista e de outras entidades e espera que 30 mil a 40 mil pessoas se re�nam nas diversas atividades que ocorrer�o nos pr�ximos seis dias. Para ele, a mudan�a de rumo do F�rum Social Mundial e do f�rum tem�tico de Porto Alegre � normal e inevit�vel.
“Em 2001 [ano em que o FSM foi criado] o Brasil e o mundo eram muito diferentes de agora. Al�m disso, v�rias pessoas que n�o fizeram parte da cria��o do f�rum em 2001 foram se somando e trazendo novas ideias ao longo do tempo”, disse.
Falc�o defendeu a agenda ambiental do evento e disse que o assunto n�o pode mais ser dissociado das quest�es tradicionais como a luta pelo emprego e contra o capital. Apesar disso, o presidente da For�a Sindical no Rio Grande do Sul nega que os temas previstos na carta de princ�pios tenham sido abandonados.
“O processo de constru��o capitalista j� produz lixo antes de sair da f�brica. Quem vai pagar por isso? Precisamos discutir a produ��o sustent�vel, o que � emprego verde. N�s n�o podemos tapar o sol com a peneira, a quest�o ambiental est� posta”, disse Falc�o em entrevista � Ag�ncia Brasil. “A quest�o da mobilidade urbana tamb�m � muito forte. Hoje a jornada de trabalho deveria ser de oito horas por dia. Mas o trabalhador sai de casa e leva duas horas para chegar no trabalho e mais duas para voltar para casa. S�o 12 horas de jornada ao todo. Isso n�o � jornada de trabalho?”, questionou para justificar a abordagem dos novos temas.
Sobre a participa��o governamental no f�rum, o sindicalista disse n�o ver problemas. Segundo ele, o governo ir� participar em todas as suas esferas – estadual, municipal e federal –, como sempre fez. “Sempre teve, o governo sempre patrocinou [os f�runs sociais]. Ali�s, o governo brasileiro patrocina at� f�runs em outros pa�ses”, alegou.