Em Pedro Leopoldo, ponte est� "quase" conclu�da h� quatro anos

Daniel Camargos e Simone Lima

 

O aposentado Ernandes J�lio de Freitas tem uma vista inusitada do terra�o de sua casa, no Bairro Olaria, em Pedro Leopoldo. Enquanto assa uma carne na churrasqueira, ele v� a imagem de uma ponte como se ela estivesse avan�ando sobre sua resid�ncia. Para que a constru��o fa�a algum sentido no futuro, v�rias casas, incluindo a dele, precisam ser demolidas. Assim, dar�o lugar a uma avenida, que, em tese, seria ligada � ponte e passaria a ser chamada de Perimetral, criando uma alternativa para o tr�nsito entre o Centro da cidade e Bairro Santo Ant�nio. Por�m, o poder p�blico primeiro ergueu a ponte e s� depois se preocupou em desapropriar as fam�lias que vivem na vizinhan�a. A retirada dos moradores n�o deu certo e foi parar na Justi�a. Resultado: a ponte est� inacabada h� quatro anos. “Quem constr�i n�o quer sair, mas se a indeniza��o for dentro da conformidade n�o h� o que fazer”, resigna-se Ernandes.

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Se depender da atual administra��o municipal, Ernandes n�o precisa ter pressa. De acordo com o secret�rio de Obras Diogo da Cunha Tavares, a prefeitura ainda vai procurar saber qual a situa��o e avaliar se o projeto � vi�vel. “O prefeito anterior queria fazer a Avenida Perimetral para ser uma segunda sa�da da cidade, mas ele n�o desapropriou os terrenos que dariam acesso � avenida”, explica. A administra��o atual tomou posse em janeiro, mas o secret�rio afirma que ainda “precisa pegar os projetos e ver a viabilidade”.

A obra, que teve in�cio em 2008, custou R$ 1,2 milh�o – dinheiro que poderia ter sido usado em outras benfeitorias p�blicas, como na constru��o e reforma de escolas. A ponte tem um de seus lados sem liga��o e h� um buraco entre a constru��o e o matagal que beira o muro da casa de Ernandes. Na outra extremidade, mais matagal e o peda�o constru�do da Avenida Perimetral. Ao lado, um pontilh�o da linha ferrovi�ria, que serve de passagem para pedestres.

Trem Em Ita�na, no Centro-Oeste de Minas, uma situa��o parecida. A popula��o comemorou em 2003 o in�cio da constru��o de uma ponte na Avenida Jove Soares, que seria um novo acesso para a cidade. O trajeto aberto com o fechamento do canal que cortava a avenida passa pela linha f�rrea. Em 2011, a Ferrovia Centro-Atl�ntica (FCA), que administra a linha, comunicou � Prefeitura que seria necess�rio instalar no local uma cancela eletr�nica. Em vez disso, a prefeitura colocou uma cancela comum, que necessita de um funcion�rio para coordenar o tr�fego. Enquanto a situa��o n�o � regularizada, a ferrovia n�o libera o tr�nsito no trecho e o investimento de quase R$ 1,3 milh�o transformou-se em mais uma obra sem utilidade.

A principal entrada do munic�pio, para quem trafega pela MG-050, continua sendo a Rua Silva Jardim. O problema � que, pouco antes de chegar ao Centro, a via passa por um cruzamento da linha f�rrea. S�o pelo menos quatro acessos, de m�o dupla, que se cruzam e causam um verdadeiro caos no tr�nsito, especialmente nos hor�rios de pico.

O projeto da ponte foi feito durante o �ltimo mandato de Osmando Pereira (PSDB), que em janeiro assumiu a prefeitura pela quarta vez. O sucessor dele, Eug�nio Pinto (sem partido) – que ficou � frente do executivo municipal por 8 anos –, concluiu a obra em dezembro de 2012. A constru��o da ponte envolveu o fechamento do canal da Avenida Jove Soares e prev� ainda a constru��o de duas rotat�rias, que nem come�aram a ser feitas.

De acordo com a secret�ria de Meio Ambiente de Ita�na, Carla Pimentel, a prefeitura entrou em contato com a empresa respons�vel pela obra, que ter� prazo de 90 dias para trocar a cancela. “Eles tem at� mar�o para resolver essa situa��o, mas verbalmente, a empresa se comprometeu a entregar a ponte em mar�o. Sabemos que o tr�nsito na principal entrada da cidade � realmente tumultuado e entendemos a import�ncia dessa obra para Ita�na”, afirma Carla.

A assessoria da FCA informou que em 2009 foi firmado conv�nio entre a empresa e a prefeitura, na qual ficou estabelecida a responsabilidade do munic�pio de instalar e operar cancelas automatizadas nas passagens em n�vel da Rua Silva Jardim e da Avenida Jove Soares. Ela informou ainda que a ferrovia tem mantido di�logo com a atual administra��o “no sentido de orient�-la na finaliza��o dos ajustes t�cnicos necess�rios para que as passagens em n�vel sejam liberadas com seguran�a ao tr�fego de pessoas e ve�culos”.