Conhecidas como abrigos de apadrinhados e pol�ticos sem mandato, as representa��es dos estados brasileiros em Bras�lia deixaram de ser vistas pelos governos como reparti��es de menor import�ncia e viraram, na era Dilma, ag�ncias de lobby a servi�o dos governadores, que acionam cada vez mais os chefes de escrit�rios para bater � porta de ministros, representantes de estatais e congressistas. A redistribui��o dos royalties do petr�leo, a renegocia��o de d�vidas com a Uni�o, o novo rateio do Fundo de Participa��o dos Estados (FPE) e a pr�pria antecipa��o da campanha eleitoral ati�am a cobi�a dos governos estaduais.
Retomada este ano no Congresso, a discuss�o sobre um pacto federativo que redistribua a riqueza do pa�s atraiu 16 governadores � Secretaria de Articula��o Nacional de Santa Catarina, como � chamada a “miniembaixada” do estado. Na reuni�o, o governador de Pernambuco e potencial candidato � Presid�ncia em 2014, Eduardo Campos (PSB), pregou um estrat�gico acordo entre estados n�o produtores de petr�leo sobre a partilha dos royalties. A espa�osa casa alugada, no Lago Sul, � um dos 26 escrit�rios em Bras�lia, que, ao longo do ano, devem receber outros encontros t�ticos.
A estrutura das representa��es � variada. Enquanto parte delas � considerada um escrit�rio, outras foram al�adas a secretarias de estado, como a de Santa Catarina. Com 18 funcion�rios, sendo oito comissionados, o �rg�o custa ao contribuinte do estado quase R$ 1 milh�o por ano, sem levar em considera��o o sal�rio dos servidores, cujo valor n�o foi informado. � frente do �rg�o, o governador Raimundo Colombo (PSD) colocou o ex-deputado federal Jo�o Matos. Segundo ele, a prioridade tem sido renegociar os d�bitos do estado com o governo federal.
“Hoje, mais do que nunca, se justifica a presen�a dos escrit�rios junto ao governo federal e a �rg�os internacionais que t�m representantes em Bras�lia”, defende Matos, dizendo que tem uma agenda extensa na capital federal. As principais atua��es da secretaria, no ano passado, foram na �rea de economia e meio ambiente. Eles fizeram, por exemplo, audi�ncias para pressionar �rg�os federais a destravar o processo de licenciamento da Usina Hidrel�trica Pai Quer�, entre Lages e Bom Jesus, tratado como prioridade por Colombo.
Conquistas Tamb�m de olho em demandas da �rea econ�mica, o governador do Paran�, Beto Richa (PSDB), optou por remanejar, no ano passado, o diretor-geral da Secretaria da Fazenda, Amauri Escudero Martins, � Secretaria de Representa��o do estado em Bras�lia. “Vim para tratar especialmente desses assuntos (federativos), que envolvem a partilha de recursos, a discuss�o sobre ICMS, royalties e outros”, relata Escudero. Ele cita, como uma das conquistas recentes da secretaria, um termo de coopera��o entre o Instituto Agron�mico do Paran� e o governo do Distrito Federal para participar da Agrobras�lia, uma das maiores feiras do setor no pa�s. “Parece pouco, mas � uma �rea muito importante para o Paran�.”
Tocantins tem uma das maiores estruturas entre as representa��es. Em uma casa, tamb�m no Lago Sul, ela tem status de secretaria e abriga 37 servidores, sendo 15 comissionados e seis em regime de contrato. O sal�rio, impostos, aluguel, telefone, �gua e luz somam nada menos que R$ 211 mil por m�s de gastos. “O Tocantins � o estado mais novo da federa��o e muito dependente de recursos federais, o que justifica a presen�a de uma secretaria em Bras�lia”, registrou, em nota, o governo do estado.
Mas a busca por recursos no governo federal � tamb�m preocupa��o dos estados mais antigos. O Rio de Janeiro, com um custo de R$ 46 mil mensais, mant�m 17 funcion�rios em seu escrit�rio de representa��o. E, para comand�-los, fez uma escolha estrat�gica. O chefe � J�lio Cezar Bersot Gon�alves, que foi assessor especial do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e tem bom tr�nsito no Pal�cio do Planalto e boas rela��es com ministros do governo Dilma.
Uma das estruturas mais enxutas de escrit�rios de representa��o em Bras�lia �, por coincid�ncia ou n�o, a do estado mais rico do pa�s e menos dependente da Uni�o. S�o Paulo mant�m apenas dois funcion�rios na capital federal e a vaga de chefe est� vaga. Ainda menor � a do Esp�rito Santo, que mant�m apenas dois procuradores no escrit�rio. As representa��es pequenas, em geral, funcionam em salas de pr�dios comerciais na �rea central de Bras�lia. Colaborou Leandro Kleber
Escrit�rio mineiro
O governo de Minas Gerais tamb�m tem um escrit�rio de representa��o em Bras�lia. Ele custou aos cofres p�blicos no ano passado R$ 980.969,51. Um total de R$ 692.735,11 foi gasto com remunera��o dos servidores. Com gratifica��o de cargo em comiss�o foram gastos R$ 18.315. A despesa do governo em 2012 com o escrit�rio mineiro em Bras�lia foi maior do que a da representa��o de S�o Paulo (R$ 233.039,65) e a do Rio de Janeiro (R$ 303.013,83). Neste ano, at� 30 de mar�o, os gastos do escrit�rio mineiro foram de R$ 133.141,77. As informa��es est�o no Portal da Transpar�ncia do governo.