Rio, 01 - Estudantes e militantes de direitos humanos foram nesta segunda-feira � Cinel�ndia, em frente ao Clube Militar, pedir puni��o para os crimes da ditadura e acabaram se desentendendo com outros manifestantes, defensores da comunidade ind�gena Aldeia Maracan�, removida pelo governo do Estado por causa das obras no entorno do est�dio, na zona norte. O protesto estava no in�cio quando chegaram os representantes da Aldeia Maracan�, retirada do pr�dio do antigo museu do �ndio h� dez dias pelo Batalh�o de Choque da Pol�cia Militar.
Os organizadores do ato contra a tortura reagiram. Houve bate-boca, empurra-empurra e por pouco manifestantes de um lado e de outro n�o partiram para o confronto f�sico. Finalmente conseguiram se entender e entoaram juntos "o povo unido jamais ser� vencido". O clima tenso, no entanto, n�o se desfez completamente. Somando os dois grupos de manifestantes, cerca de cem pessoas se reuniram na Cinel�ndia, com o refor�o de uma militante do grupo Femen, que tem como marca registrada o protesto com seios � mostra.
O �ndio Anaj� Aruak fez um discurso em que pediu aten��o � causa e protestou: "V�rios parentes ind�genas foram assassinados durante a ditadura e ningu�m fala disso". "A gente sempre participa de atos contra a ditadura, somos contra a ditadura do passado, mas tamb�m a do presente. O PCdoB participar (do governo Cabral e do protesto) � uma contradi��o. Eles nunca se pronunciaram sobre a Aldeia Maracan�", reclamou Fernando Soares, morador da favela de Manguinhos que se uniu � causa dos �ndios.
"Faz parte da democracia, nem todo mundo pensa igual. Temos que identificar nossos inimigos e eles n�o est�o aqui neste ato. Tamb�m sou contra a retirada da Aldeia Maracan�, mas cada um tem que saber onde reivindicar o qu�. Este � o momento de reivindicarmos nossos mortos e n�o de ver quem � mais ou menos revolucion�rio", disse o estudante de pedagogia Vin�cius Musso, um dos militantes que levavam a bandeira do PCdoB.
Cartazes espalhados no ch�o exibiam imagens de v�timas da repress�o. "At� hoje a fam�lia Angel n�o tem o corpo do Stuart para velar, prantear, enterrar. Aproveito para fazer deste manifesto um vel�rio", disse a jornalista Hildegard Angel, irm� de Stuart Angel, um dos desaparecidos homenageados no ato p�blico.
Ao contr�rio do ano passado, quando a manifesta��o contra a ditadura na Cinel�ndia coincidiu com um ato organizado por militares em comemora��o ao movimento de 1964 e houve confronto entre manifestantes e PMs, desta vez n�o havia qualquer evento na sede central do Clube Militar. Estava previsto para o fim da tarde, na sede da Lagoa (zona sul), o lan�amento do livro "Um caldeir�o chamado 1964", do jornalista Arist�teles Drummond.