
Embora tenha se comprometido a manter abertas ao p�blico as reuni�es da Comiss�o de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da C�mara, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) voltou a fechar a sess�o ontem. Em meio ao tumulto provocado por manifestantes, o parlamentar disse que a comiss�o vai de “vento em popa”. A sess�o do colegiado come�ou parcialmente aberta ao p�blico. Quando o deputado entrou no plen�rio, grupos a favor e contra Feliciano iniciaram uma barulhenta disputa de palavras de ordem. O pastor, acusado por movimentos sociais de homofobia e racismo, chegou a pedir respeito aos que protestavam contra sua perman�ncia no comando do colegiado: “Pe�o que voc�s se comportem com a educa��o que teriam se estivessem em casa”, disse. Seis minutos depois, o deputado suspendeu a sess�o, que foi reaberta em outro plen�rio, apenas para parlamentares, assessores e jornalistas.
A deputada �rika Kokay (PT-DF) tentou obstruir a reuni�o, alegando que o PT n�o v� legitimidade na elei��o de Feliciano para o comando do colegiado. “(A defesa dos) direitos humanos pressup�e uma cultura de paz”, protestou ela, acrescentando que pediu quatro vezes para falar, mas a palavra n�o lhe foi concedida pelo pastor. O deputado Takayama (PSC-PR) a acusou de m�-educada e Henrique Afonso (PV-AC) a chamou de “intolerante”.
Na semana passada, para evitar os protestos que se repetem desde sua posse no comando da comiss�o, Feliciano aprovou requerimento fechando por tempo indeterminado as reuni�es da comiss�o. O presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), por�m, derrubou a proibi��o na ter�a-feira. Ficou acertado, no entanto, que diante de tumultos as reuni�es poderiam ser fechadas. Durante a troca de plen�rio ontem, o pastor sustentou que a medida n�o fere o acordo fechado com Alves e l�deres partid�rios. Entretanto, alguns parlamentares reclamaram que nem sequer conseguiram entrar na comiss�o. “A seguran�a est� impedindo at� deputado de entrar. � o fim da picada”, disse Chico Alencar (PSOL-RJ), antes da transfer�ncia do encontro.
Ontem, apareceu mais um v�deo com declara��es pol�micas do pastor. Em culto, Feliciano diz que o compositor Caetano Veloso vendeu 1 milh�o de c�pias de um CD depois de lev�-lo � M�e Menininha do Gantois, que o religioso chamou de “Patu�”, relacionando-a ao “diabo”. Caetano reagiu pelo Twitter com um “#ForaFeliciano”.
Belo Horizonte
No fim de semana, Feliciano tende a cumprir a rotina de protestos que vem enfrentando, desta vez em Belo Horizonte. Ele estar� na capital mineira para pregar na Igreja do Evangelho Quadrangular, no Templo dos Anjos, no Bairro Alto Barroca. A informa��o foi divulgada pela emissora de r�dio 107 FM, ligada a grupos evang�licos. Ap�s a divulga��o, organiza��es que apoiam os movimentos de defesa dos direitos dos homossexuais – um dos principais alvos de cr�ticas nas prega��es de Feliciano – come�aram a preparar um protesto na porta do templo.
“N�o vamos confirmar (a presen�a de Feliciano) para evitar confus�o”, disse um dos pastores do templo, Marcos Guzm�o, que fez quest�o de ressaltar que o convidado foi “o pastor e n�o o deputado”. A programa��o das prega��es permaneceu no site da r�dio durante todo o dia de ontem. Ser�o tr�s cultos: s�bado �s 18h30 e domingo �s 8h e �s 17h30.
O presidente da Associa��o Brasileira de L�sbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Carlos Magno, afirma que a decis�o do movimento � protestar para impedir que Feliciano permane�a na Presid�ncia da CDHM. “N�o podemos aceitar algu�m com hist�rico de homofobia, racismo e de declara��es contr�rias aos direitos humanos no cargo que ele ocupa”, afirmou Carlos Magno.
A estrat�gia dos protestos ainda ser� definida pela ABGLT e entidades parceiras em Belo Horizonte. At� o fim da tarde de ontem, mais de 500 pessoas haviam confirmado presen�a em uma comunidade do Facebook criada para organizar a manifesta��o.
Feliciano � presidente da Igreja Catedral do Avivamento, que n�o tem templo em Belo Horizonte. A Igreja do Evangelho Quadrangular, onde ele vai pregar, � comandada pelo deputado federal licenciado pastor M�rio Oliveira (PSC-MG). O suplente de M�rio, que ocupa o cargo na C�mara dos Deputados, � seu sobrinho Stefano Aguiar (PSC-MG), tamb�m pastor. “� normal que os pastores fora de s�rie, como o Feliciano e o Silas Malafaia, sejam convidados para pregarem em outras igrejas”, diz o pastor Guzm�o.