Karla Correia e Paulo de Tarso Lyra
Bras�lia – A despeito da postura evasiva sobre as poss�veis candidaturas ao Pal�cio do Planalto em 2014, os mais prov�veis advers�rios na corrida presidencial t�m ampliado seus deslocamentos pelo pa�s. A presidente Dilma Rousseff (PT), o senador A�cio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), se empenham em desenhar roteiros t�picos de presidenci�veis em suas andan�as, ao mesmo tempo em que evitam se posicionar como candidatos e trocam acusa��es sobre quem seria o respons�vel pela antecipa��o da disputa pelo Pal�cio do Planalto.
A presen�a da presidente na regi�o tem o objetivo tamb�m de n�o deixar espa�o ao governador pernambucano e tem sua tens�o aumentada pela seca que atinge o Nordeste – a pior dos �ltimos 50 anos. O pacote de R$ 9 bilh�es destinado pelo governo federal ao socorro � regi�o foi criticado por Eduardo Campos j� na sa�da do evento que marcou o an�ncio do programa, em Fortaleza, no in�cio de abril. “As propostas continuam as mesmas, o que avan�ou mesmo foi a seca”, sentenciou ele.
CONVEN��O A�cio Neves �, at� o momento, o candidato em potencial que menos acumulou “milhagem”. Foram apenas tr�s viagens para compromissos pol�ticos fora do eixo Minas-Distrito Federal, onde cumpre sua agenda de parlamentar. N�o se manter� assim por muito tempo, diz o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG). A ideia � que o senador intensifique suas viagens a partir da conven��o nacional do partido, marcada para o fim deste m�s, que deve eleg�-lo presidente da legenda. “At� agora, ele tem se dedicado mais a costurar a uni�o interna do PSDB”, diz Castro.
J� cortejada por Dilma, a Regi�o Nordeste deve ser uma das prioridades do senador mineiro, afirma o deputado, que ajuda a construir o roteiro de viagens de A�cio para o segundo semestre. Mas o ponto de partida deve ser o interior de S�o Paulo, onde o PSDB � forte, e tamb�m onde se concentra boa parte da influ�ncia de Jos� Serra, candidato derrotado � Prefeitura de S�o Paulo em 2012.
De acordo com um tucano pr�ximo a A�cio, Serra � hoje o �nico obst�culo no caminho do senador mineiro para a presid�ncia do partido e para sua candidatura ao Planalto em 2014. Por conta disso, A�cio tem concentrado suas aten��es no estado e buscado recompor o di�logo com Serra. “Eles t�m conversado por telefone. O clima entre eles hoje est� muito melhor do que estava no ano passado, por exemplo. H� chances de se construir uma unidade no partido”, avalia o aliado de A�cio.
O p�riplo pelo interior de S�o Paulo ter� a fun��o de demonstrar essa coes�o, afirma Castro. “Al�m disso, vamos buscar regi�es que t�m sido castigadas por problemas que o governo n�o resolve. O Centro-Oeste n�o consegue escoar sua produ��o agr�cola? Vamos para l�, mostrar nossas propostas. O Nordeste est� penando com a seca? Estaremos l� tamb�m. Seremos o contraponto do governo Dilma”, afirma o deputado.
VISIBILIDADE Em busca de maior exposi��o al�m das divisas da Regi�o Nordeste, Eduardo Campos � o candidato em potencial que apresentou maior mudan�a no tra�ado de suas viagens. Nos quatro primeiros meses do ano pr�-eleitoral, o governador j� se deslocou 13 vezes para fora do estado, de acordo com sua agenda oficial divulgada no site do governo pernambucano. Em cada excurs�o, Campos enfrenta uma nova maratona de visibilidade. Em fevereiro, fez uma apari��o na feira de tecnologia Campus Party, em S�o Paulo. Repetiu � exaust�o o slogan “o Brasil precisa fazer mais”, em palestra durante o Congresso Paulista dos Munic�pios, que aconteceu em Santos (SP), em abril. Em Porto Alegre, tamb�m no m�s passado, defendeu “mais avan�os” na pol�tica social. Os ataques pontuais ao governo federal, sobretudo quanto � condu��o da pol�tica econ�mica, s�o frequentes nos compromissos do governador pernambucano em outros estados.
“Trata-se de um debate que o governo n�o quer fazer e se esfor�a para jogar para debaixo do tapete”, diz o l�der do PSB na C�mara, Beto Albuquerque (RS), um dos principais defensores da candidatura pr�pria da legenda em 2014. “O Eduardo � um dos grandes articuladores do pa�s e defende ideias muitas vezes divergentes do caminho adotado pelo governo. Ele � convidado para expor essas ideias e isso � sinal de que ele � uma personalidade que est� sendo reconhecida fora do Nordeste, n�o que est� em busca desse reconhecimento”, defende. Para efeito de compara��o, em 2012, foram apenas tr�s as viagens de Campos para fora de Pernambuco, no mesmo per�odo.
A guerra do marketing na TV
A guerra do marketing j� est� no ar e vai crescer at� o in�cio do hor�rio eleitoral gratuito, em agosto do ano que vem. O PSDB trouxe do Rio de Janeiro Renato Pereira, parceiro de uma empresa americana que trabalhou na campanha de Barack Obama. E o PT vai manter a parceria vitoriosa com Jo�o Santana, respons�vel pela campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. O PSB ainda contar�, quando a campanha presidencial deslanchar de fato, com os servi�os do publicit�rio baiano Duda Mendon�a.
O estrategista Renato Pereira, contratado para elaborar as propagandas eleitorais do PSDB e do encontro nacional que eleger� o senador A�cio Neves (MG) presidente do partido em maio, tem contrato firmado com os tucanos at� junho. “N�s estamos conhecendo o trabalho e ele est� conhecendo o nosso partido. Se der certo, � claro que a parceria ser� mantida”, explicou o presidente nacional do PSDB, deputado S�rgio Guerra (PE).
A�cio gostou do material produzido por Renato para as campanhas do PMDB fluminense, fundamentais nas elei��es de S�rgio Cabral para o governo e de Eduardo Paes para a prefeitura da capital. “Ele tem uma linguagem mais �gil, moderna, jovem. Em nossa avalia��o, precisamos dar uma virada na propaganda pol�tica, uma etapa posterior � gera��o de Duda Mendon�a e de Jo�o Santana”, explicou ele. Sobre a parceria de Pereira com a americana AKPD Global, divis�o internacional da AKPD Message & Media, empresa de David Axelrod, o marqueteiro de Barack Obama, o senador sugere: “Isso � fruto da amizade do Fernando Henrique com o Bill Clinton”.
O PT mant�m a parceria estabelecida com Jo�o Santana. O jornalista e publicit�rio baiano era s�cio de Duda Mendon�a. Ganhou prest�gio junto ao PT com a reelei��o de Lula em plena crise pol�tica do mensal�o e com a vit�ria de Dilma Rousseff quatro anos depois.
10 anos O secret�rio de organiza��o do PT, Paulo Frateschi, afirmou que, al�m das propagandas pol�ticas do partido, que ser�o veiculadas em maio, Santana elaborou a marca dos semin�rios petistas com o balan�o de 10 anos no poder, embalado pelo slogan “do povo, pelo povo, para o povo”. Palpita at� nos pronunciamentos oficiais de r�dio e televis�o feitos pela presidente Dilma. “A parceria de Santana com o PT tem rendido bons frutos”, admitiu Frateschi.
J� o PSB divide os trabalhos em duas etapas. Neste primeiro momento, a dupla respons�vel pelos trabalhos � Edson Barbosa e o argentino Diego Brandy, considerado o mago das pesquisas em terras pernambucanas. Um interlocutor pr�ximo a Eduardo afirmou que a dupla continuar� trabalhando para o partido, mas que Duda Mendon�a e Antonio Lavareda atuar�o com mais intensidade a partir do final do ano. “Eles v�o entrar na fase do mata-mata”, brincou um aliado de Eduardo, em uma refer�ncia � fase eliminat�ria de competi��es de futebol.