Quase oito anos e meio ap�s os assassinatos de cinco integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, o julgamento do principal acusado do crime, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, pode ser adiado mais uma vez. O julgamento est� previsto para ser iniciado nesta quarta-feira, mas a defesa de Chafik apresentou nesta segunda-feira pedido de adiamento para que sejam ouvidas 60 testemunhas do processo na comarca de Jequitinhonha, a 690 quil�metros da capital. At� a noite desta segunda, o juiz Glauco Soares, presidente do II Tribunal do J�ri do F�rum Lafayette, n�o havia decidido sobre a peti��o.
Segundo o advogado Rog�rio Del Corsi, um dos defensores de Chafik, o adiamento foi pedido para que sejam ouvidas 60 testemunhas de defesa e acusa��es na comarca de Jequitinhonha. Essas pessoas j� deveriam ter sido ouvidas por carta precat�ria expedida por Glauco Soares, mas, de acordo com Del Corsi, um equ�voco da Justi�a impediu a realiza��o das oitivas. "Ao inv�s de ouvir as testemunhas, a Justi�a apenas expediu intima��o para que elas compare�am no julgamento em Belo Horizonte. Mas nenhuma testemunha � obrigada a ir para outra cidade", observou.
A audi�ncia est� marcada para esta quarta-feira, mas o advogado avalia que n�o haver� tempo para ouvir as testemunhas. "Temos esperan�a de bom senso do juiz (Glauco Soares), porque tamb�m n�o � poss�vel para a defesa estudar 60 depoimentos em um dia. Seria um cerceamento de defesa muito grande", acrescentou.
Acampamento
Antes mesmo de saber a decis�o de Glauco Soares, cerca de 2 mil sem-terra de todas as regi�es de Minas seguiram para Belo Horizonte, para montar um acampamento em frente ao F�rum Lafayette para acompanhar o julgamento. O grupo planeja um ato na hora do almo�o, nesta ter�a, "para pedir Justi�a para esse crime", segundo S�lvio Netto, um dos representantes do MST no Estado. "A preocupa��o da defesa � porque sabe que o cliente � um assassino confesso que n�o tem como ser absolvido", disparou Netto, referindo-se � confiss�o de Chafik em depoimento � pol�cia de que comandou e participou do ataque ao acampamento.
O fazendeiro aguarda o julgamento por um j�ri popular pelos cinco assassinatos e 12 tentativas de homic�dio em liberdade. "Caso tenha novo adiamento, o Estado tem que tomar alguma provid�ncia. Ou determinar a desapropria��o do acampamento (Terra Prometida) ou prender o Chafik, porque, solto, ele representa uma amea�a para os trabalhadores. J� mostrou do que � capaz", salientou o dirigente do MST. A reportagem tentou falar com o f�rum de Jequitinhonha no fim da tarde desta segunda, mas n�o houve retorno.