A retomada do programa nuclear brasileiro colocou estudiosos sobre o tema e o governo em lados opostos da mesa, durante debate organizado nesta quarta-feira pela Comiss�o de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel da C�mara dos Deputados. Professores e ambientalistas defenderam que a energia nuclear n�o pode ser uma alternativa para suprir o aumento da demanda por energia e para reduzir emiss�es de gases de efeito estufa, substituindo fontes f�sseis como o carv�o mineral.
Para o professor, o desastre nuclear que ocorreu no Jap�o h� dois anos foi um aviso para o mundo. “Hoje, pesquisas mostram que, em m�dia, 69% dos entrevistados no mundo rejeitam essa fonte de energia. No Brasil, mais de 75%”, disse Scalambrini. Segundo ele, todas as fontes de energia podem apresentar problemas e riscos, como o de inc�ndio em termoel�trica ou de ruptura em barragens. “No caso da nuclear, os riscos tamb�m existem, mas quando ocorrem s�o devastadores. O caminho � n�o instalar essas usinas”, defendeu.
O Jap�o foi o cen�rio do �ltimo desastre envolvendo problemas com usinas nucleares. Em marco de 2011, um terremoto seguido e um tsunami que afetaram a regi�o Nordeste do pa�s provocaram explos�es e vazamentos na Usina de Fukushima. A Ag�ncia Internacional de Energia At�mica ainda teme por riscos de acidente no local.
Os representantes de grupos cr�ticos � energia nuclear lembraram que v�rios governos est�o anunciando a elimina��o ou redu��o da participa��o de fontes nucleares em suas matrizes energ�ticas.
O governo da Alemanha anunciou que, at� 2020, n�o vai mais recorrer a essas fontes. A participa��o de energias renov�veis na matriz energ�tica alem� tem sido crescente. No primeiro semestre do ano passado, mais de 25% da demanda por energia foram atendidos por fontes e�licas e fotovoltaicas. No Jap�o, o governo anunciou que o fim das usinas nucleares ocorrer� at� 2030 e a Fran�a definiu a redu��o da participa��o da nuclear que hoje representa 75% da matriz, para 50%.
Altino Ventura Filho, secret�rio de Planejamento e Desenvolvimento Energ�tico do Minist�rio de Minas e Energia, disse que o governo “trabalha com fatos” e n�o se op�e a qualquer tipo de fonte de energia. “A an�lise � que a op��o nuclear continua sendo desenvolvida no mundo”, disse ele, ao citar investimentos nesse tipo de energia na China, na �ndia e nos Estados Unidos.
O governo chin�s, informou, est� construindo 28 usinas nucleares, que devem entrar em opera��o nos pr�ximos cinco anos, e mais 40 usinas est�o projetadas para os pr�ximos dez anos. Na �ndia, sete unidades nucleares est�o sendo constru�das, no Reino Unido existe um projeto em andamento e nos Estados Unidos est�o sendo conclu�das as constru��es de tr�s usinas.
Mesmo criticado por basear seus argumentos em pol�ticas de pa�ses que n�o t�m cumprido recomenda��es mundiais em prol do meio ambiente e da sustentabilidade, Ventura Filho alertou que o Brasil precisa atender a uma demanda crescente por energia. A meta do governo � produzir 7 mil quilowatts-hora por habitante.
Isso significa dobrar a produ��o nos pr�ximos anos e aumentar os investimentos sobre o potencial hidroel�trico do pa�s, que tem a maior participa��o na matriz energ�tica brasileira. “Mas essa principal fonte de nossa matriz se esgota em 2030. � ilus�o pensar que apenas fontes renov�veis v�o resolver. O governo est� investindo nessas fontes, mas precisamos de uma fonte de base para levar � frente a expans�o”, explicou.
Segundo Ventura Filho, apesar de o Jap�o ter anunciado a inten��o de eliminar as fontes nucleares, o governo japon�s declarou que n�o est� encontrando alternativa que n�o seja retomar as atividades das usinas. “Quatro usinas j� foram reativadas e o pa�s est� enfrentando um racionamento fort�ssimo”, disse ele.
Segundo o governo, a Usina Nuclear Angra 3, que come�ou a ser constru�da em 2010, ter� pot�ncia de 1.405 megawatts (MW) e deve entrar em opera��o em 2016. A constru��o da nova unidade da Central Nuclear Almirante �lvaro Alberto, em Angra dos Reis, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, est� estimada em R$ 10 bilh�es.
Al�m desse projeto, o Plano Nacional de Energia (PNE), que indica a necessidade de expans�o da gera��o de energia e as estrat�gias para os per�odos at� 2030, prev� a constru��o de mais quatro usinas nucleares de 1 mil MW cada.