(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Cidades disputam reconhecimento por abrigar nascente do Rio S�o Francisco

Numa disputa com a vizinha S�o Roque de Minas, a cidade de Medeiros quer ser reconhecida como a terra da nascente do Rio S�o Francisco. Prefeito est� de olho no potencial tur�stico


postado em 26/05/2013 06:00 / atualizado em 26/05/2013 10:14

Agência Nacional de Águas contesta o que diz a placa colocada no Rio Samburá e diz que a nascente do São Francisco não mudou(foto: Francisca das Chagas Brito Leite/Divulgação)
Ag�ncia Nacional de �guas contesta o que diz a placa colocada no Rio Sambur� e diz que a nascente do S�o Francisco n�o mudou (foto: Francisca das Chagas Brito Leite/Divulga��o)


A popula��o de quatro estados do semi�rido nordestino – Cear�, Rio Grande do Norte, Para�ba e Pernambuco – que aguarda sedenta, desde 2007, a chegada da �gua transposta do Rio S�o Francisco (um projeto pol�mico defendido pelo ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, n�o imagina que a disc�rdia em torno do chamado Rio da Integra��o Nacional come�a muito antes, j� na nascente, em Minas Gerais. Duas cidades da Regi�o Central do estado disputam h� anos a maternidade do Velho Chico: S�o Roque de Minas, conhecida como a detentora da nascente, e Medeiros, onde o prefeito rec�m-empossado, Manoel Mour�o (PP), sustenta que o Rio Sambur�, que nasce no Planalto do Arax�, seria a verdadeira origem do S�o Francisco.

(foto: Francisca das Chagas Brito Leite/Divulgação)
(foto: Francisca das Chagas Brito Leite/Divulga��o)
A briga chegou a tal ponto que uma placa colocada em 2007 no Rio Sambur� diz que o local � a nascente geogr�fica do Velho Chico. A Ag�ncia Nacional de �guas (ANA), no entanto, contesta: “A nascente do Rio S�o Francisco � e sempre foi a mesma”, em S�o Roque de Minas. A assessoria de imprensa do �rg�o esclareceu que de acordo com a Resolu��o 399/2004, o Sambur� passou a ser considerado como parte do curso d’�gua principal do rio, mas explicou tamb�m que n�o reconhece a denomina��o de nascente geogr�fica. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) segue os mesmos crit�rios da ANA e da Secretaria Nacional de Recursos H�dricos da Presid�ncia da Rep�blica. Um pedido foi feito ao instituto em 2004 para que a nascente no Planalto do Arax� fosse reconhecida oficialmente, por�m a assessoria de imprensa informou n�o ter localizado a solicita��o.

A controv�rsia come�ou h� mais de 10 anos, quando um estudo feito entre 2001 e 2002 pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e do Para�ba (Codevasf) concluiu que a nascente do Velho Chico fica mesmo no Rio Sambur�. “Usamos quatro crit�rios: a dist�ncia da nascente at� o encontro dos dois rios, o que tem maior bacia hidrogr�fica, o que tem maior calha e o que tem maior vaz�o. O Sambur� ganhou em todos, ent�o o estudo � conclusivo”, garante o engenheiro-agr�nomo da unidade de suporte geotecnol�gico da Codevasf, Geraldo Gentil Vieira, que participou da expedi��o.

Tomando o estudo como base, o prefeito Manoel Mour�o promete lutar para agilizar o processo de reconhecimento de Medeiros como cidade m�e do rio. Ele acredita que a medida pode capitalizar o potencial tur�stico do munic�pio. O prefeito da cidade vizinha, Rold�o de Faria Machado (DEM), defende o nascedouro do rio com dois argumentos: “Imagino que quando chegaram � regi�o pela primeira vez escolheram S�o Roque para ser a nascente porque aqui � mais bonito. E tamb�m porque � a nascente mais alta em rela��o ao n�vel do mar.”

Os vereadores de Medeiros Jos� dos Reis (PSD) e Pedro Domingos (PR) confidenciam que a quest�o desperta ci�mes nos moradores da cidade vizinha. “As pessoas de S�o Roque n�o gostam muito quando falamos que a nascente � em Medeiros”, diz Jos� dos Reis. Vereador da cidade vizinha, Glauber Raiane Faria (PSDB) rebate, ressabiado: “Todo mundo considera que a nascente � aqui. Tem essa hist�ria de Medeiros, mas a nascente de l� n�o tem nada. Todo mundo em S�o Roque acredita que a nascente seja aqui”. J� o prefeito Rold�o tenta ser mais diplom�tico, mas n�o admite possibilidade de haver mudan�a: “Consideramos que a nascente hist�rica do S�o Francisco � em S�o Roque, e a nascente geogr�fica � em Medeiros. A parte bonita fica em S�o Roque, as cachoeiras s�o aqui, a serra (da Canastra) continua aqui e o turismo � todo aqui”, ressalta ele.

Dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra a nascente oficial do Velho Chico é bem sinalizada e atrai turistas(foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 18/06/10)
Dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra a nascente oficial do Velho Chico � bem sinalizada e atrai turistas (foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 18/06/10)


Parque nacional
Presidente da Associa��o de Turismo da Serra da Canastra (Atusca), Daniela Labonia � incisiva na defesa de S�o Roque de Minas. “Isso de o S�o Francisco nascer no Sambur� � uma hist�ria antiga, � um argumento infundado. Nunca v�o conseguir mudar oficialmente a nascente para l�. O pr�prio Parque Nacional da Serra da Canastra foi fundado em 1972 para proteger a nascente do Rio S�o Francisco”, lembra.

(foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 18/06/10)
(foto: Beto Novaes/EM/DA Press - 18/06/10)
J� o engenheiro da Codevasf Geraldo Gentil explica que da nascente do Sambur� at� o c�nion S�o Le�o, onde o rio se encontra com o outro curso d’�gua que vem de S�o Roque, ele percorre 147 quil�metros, enquanto o S�o Francisco percorre apenas 98 quil�metros para chegar at� l�. “O Sambur� tem tamb�m um volume de �gua muito maior, � vis�vel”, assegura. Para ele, n�o faz sentido preservar a nascente de S�o Roque como sendo a oficial. “O Pico da Bandeira, na Serra do Capara�, divisa de Minas Gerais e Esp�rito Santo, era considerado o mais alto do pa�s. Depois descobriram que o Pico da Neblina, em Roraima, quase na divisa com a Venezuela, � o mais alto. Ent�o mudaram”, compara. “Por que n�o mudar a nascente do S�o Francisco?”, questiona.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)