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Estado de Minas

Falso suic�dio de militante � desmascarado na Comiss�o da Verdade


postado em 04/06/2013 06:00 / atualizado em 04/06/2013 08:01

Laudo pericial produzido para a Comiss�o Nacional de Verdade (CNV) desmonta a vers�o oficial de que o ent�o militante da A��o Libertadora Nacional (ALN) Luiz Eurico Tejera Lisb�a suicidou-se com um tiro na cabe�a num quarto de uma pens�o no Bairro da Liberdade, em S�o Paulo, em 1972. O documento, assinado por tr�s peritos, foi feito a partir de fotos da �poca. Eles conclu�ram que Eurico n�o se matou.


Eurico foi o primeiro desaparecido pol�tico a ter seu corpo encontrado. Ele desapareceu em setembro de 1972 e seu corpo foi localizado no cemit�rio clandestino de Perus em 1980, com nome de Nelson Bueno. Um ano antes, em 1979, Suzana Lisb�a, mulher de Eurico e que integrou a Comiss�o de Mortos e Desaparecidos Pol�ticos do governo federal, localizou o inqu�rito policial de Bueno, que teria se matado num quarto de pens�o. Mas as fotos mostravam que tratava-se de Eurico. A partir da�, exuma��es foram feitas em Perus at� ser encontrado um corpo com as caracter�sticas em que morreu Eurico, enterrado em 1982, em Porto Alegre (RS).


A vers�o oficial diz que Eurico, com dois rev�lveres nas m�os, disparou cinco tiros a esmo antes de embrulhar uma das armas na colcha e disparar contra sua pr�pria cabe�a. Entre as inconsist�ncias encontradas pelos peritos est� no fato de que Eurico estava deitado e o alinhamento da colcha que o cobria era perfeito na sua dobra. O rev�lver, calibre 38, que teoricamente seria o utilizado para se matar e que estava na sua m�o direita, se encontrava num plano distante da m�o. “A posi��o da arma � incompat�vel com o que deveria ser esperado no caso da queda da arma, ap�s um disparo realizado com a m�o direita de Nelson Bueno” (Eurico). O rev�lver da m�o esquerda era um de calibre 32. E ainda n�o houve confronto bal�stico entre as armas e o proj�til recolhido no local.


O laudo aponta que, inicialmente, a cena da morte foi preparada para parecer resist�ncia � pris�o, com disparos efetuados pelo militante. “Mas, depois, o corpo, a colcha e as armas foram ajustados para que o local pudesse ser interpretado como de suic�dio, mas os pr�prios vest�gios existentes inviabilizam que o local seja interpretado como de suic�dio”, diz o laudo, assinado pelos peritos Celso Nenev�, Paulo Cunha e Mauro Yared. Os tr�s elaboraram outros laudos para a comiss�o.


Suzana Lisb�a, que prestou depoimento � Comiss�o da Verdade em novembro e tamb�m pediu a formula��o do laudo, diz que, agora, tem certeza que Eurico foi morto. “� muito duro esperar 40 anos para saber a verdade, ou parte da verdade. Sei agora, gra�as ao laudo, que ele foi morto. Mas como, por quem? Espero que a comiss�o possa nos dizer. Pior ainda s�o os que, passados mais de 40 anos, n�o sabem de nada, a n�o ser que morreram”, disse Suzana. “N�s, a fam�lia, somos discriminados. N�o somos os loucos, somos os que sempre cobramos respostas, somos os que lutamos por verdade e justi�a durante todos esses anos.”

Entenda o caso

A Comiss�o Nacional da Verdade (CNV), que investiga viola��es aos direitos humanos cometidas no pa�s entre 1946 e 1988, analisa 44 mortes registradas como suic�dio no per�odo da ditadura militar mas que, segundo a comiss�o, podem ter sido causadas pela repress�o do Estado. Segundo a CNV, laudos necrosc�picos e outros registros, como fotografias do corpo de v�tima, por exemplo, apontam “inconsist�ncias” que indicam que as vers�es dos governos do per�odo militar para as mortes podem ser falsas.


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