Criada para ser um jingle publicit�rio da Fiat para a Copa das Confedera��es, a m�sica Vem pra rua, gravada pelo l�der do Rappa, Marcelo Falc�o, acabou se tornado uma esp�cie de Pra n�o dizer que n�o falei das flores (Quem sabe faz a hora) das manifesta��es que varreram o Brasil neste m�s. A can��o, cujo refr�o chama a popula��o para a rua porque a “rua � a maior arquibancada do Brasil/ Que o Brasil vai t� gigante/Grande como nunca se viu”, serviu de trilha sonora para uma montagem que bombou na internet e mostra imagens da repress�o policial em S�o Paulo com frases de protesto com “O Brasil acordou” e “A revolu��o � agora!”.
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Falc�o somente empresta a voz � composi��o, que, na verdade, foi criada pela equipe da produtora musical S de Samba, que tem como s�cios Wilson Simoninha e Jair Oliveira. Em nota, a empresa diz que foi convidada pela Leo Burnett Tailor Made (ag�ncia de publicidade) para produzir a m�sica da nova campanha da Fiat. “� um prazer para n�s ver um trabalho ultrapassar a propaganda e entrar no dia a dia das pessoas. Isso j� aconteceu com jingles de guaran�, leite, cerveja e, agora, acontece com a nossa can��o”. Wilson Simoninha afirma que toda a equipe ficou muito orgulhosa do que est� acontecendo com a can��o, mas que ningu�m imaginava as propor��es que ela ia tomar e que seria o hino de um movimento. “Ela j� nasceu forte, mas nunca ia supor que ela ia extrapolar as barreiras da publicidade e cair no mundo real. Boa parte da letra a gente tinha desenvolvido j�, mas quem deu o arremate final e tem muito m�rito foi um dos nossos produtores, o Henrique Ruiz, que hoje nem est� mais na S de Samba”, acrescenta. Simoninha conta que desde o in�cio eles queriam uma voz forte para dar personalidade � composi��o e partiu dele a ideia de convidar Falc�o. “E ele arrebentou. O interessante � que a campanha entrou no ar no fim de maio e h� muito tempo eu n�o via uma com tanto sucesso. Muita gente viu essa m�sica n�o como um jingle de publicidade, mas como uma can��o de fato. Achavam que fazia parte do repert�rio do Rappa. Acho que isso ajudou a torn�-la mais forte ainda”, observa.
Tanto no Facebook quanto no Twitter oficial do Rappa, h� o seguinte recado, postado na sexta-feira, dia 14: “Ontem, come�amos a escrever mais um cap�tulo na hist�ria do Brasil. E � com f� que vamos continuar nessa batalha pela constru��o de um lugar melhor. Chega de viol�ncia! Chega do abuso de poder! Saudamos os corajosos que representaram todo o pa�s.” Procurada, a assessoria do grupo n�o retornou as liga��es do Estado de Minas.
J� a Fiat, em comunicado oficial, informou que elaborou a campanha “Vem pra rua” com foco �nico e exclusivo na alegria e paix�o que o futebol desperta nos brasileiros e que ela se insere em uma ampla plataforma de comunica��o para celebrar os muitos momentos esportivos que o Brasil vive no presente e nos pr�ximos anos, at� 2016.” Ainda de acordo com a empresa, a veicula��o da campanha est� programada para at� o dia 22 de junho, s�bado, conforme previsto originalmente.
Mais artistas Aproveitando o momento inflamado no pa�s, v�rios artistas est�o se manifestando a favor dos protestos. O cantor e compositor Leoni postou um v�deo no fim de semana com a can��o As coisas n�o caem do c�u, que criou em apoio �s passeatas. No site do artista ele afirma: “Escrevi As coisas n�o caem do c�u para lembrar que s� a a��o modifica o mundo.” A m�sica foi lan�ada em mar�o, em um show de car�ter pol�tico que ele estreou no Rio.
Leoni conta que sempre se interessou pelo tema, especialmente, pelos movimentos que surgem na internet. “Eu s� via as pessoas reclamando nas redes sociais, mas nunca faziam nada. E agora mudou. De repente, come�aram a se mexer e me emocionei muito”, revela o cantor, que chegou a participar do protesto de segunda-feira, na Avenida Rio Branco, no Rio.
A cantora Elza Soares tamb�m mostrou sua indigna��o e em um show realizado no s�bado, em Ribeir�o Preto (SP), durante a 13ª Feira do Livro, ela incrementou a famosa can��o Opini�o, de Z� Keti (Podem me prender/Podem me bater/Podem at� deixar-me sem comer) e adicionou a frase: “20 centavos, eu n�o pago n�o!”