Adriana Caitano e Leandro Kleber
Bras�lia — Enquanto a Sele��o estava em campo, na tarde de ontem, cerca de 100 cidades brasileiras eram tomadas mais uma vez por manifesta��es. Assim como ocorreu nos �ltimos dias, a maioria dos protestos come�ou de forma pac�fica e acabou em tumulto, confronto com policiais e vandalismo. Em Salvador, onde o Brasil disputava a partida contra a It�lia, a entrada de torcedores ocorreu tranquilamente gra�as a um cord�o de isolamento feito em torno da Fonte Nova, mas a cidade protagonizou cenas de batalha na �rea externa e no Centro.
A �rea pr�xima � Arena Fonte Nova foi cercada pelo batalh�o de choque da Pol�cia Militar pela manh�, em um raio de 2km. A dificuldade de aproxima��o do est�dio levou a um confronto entre alguns dos 1,5 mil manifestantes e policiais na regi�o, com troca de bombas caseiras e de g�s lacrimog�neo. Os grupos se dispersaram pela cidade, interrompendo algumas das principais pistas do Centro. Nesses locais, a pol�cia acompanhou o protesto a dist�ncia, garantindo que ele seguisse pacificamente. No in�cio da noite, por�m, houve novos confrontos. Seis pontos de �nibus foram depredados. O shopping Iguatemi, ponto de encontro da manifesta��o, fechou as portas por volta das 18h30 e esvaziou o pr�dio.
Tr�s dias depois de 35 mil pessoas ocuparem a Esplanada dos Minist�rios na marcha batizada de Acorda, Bras�lia!, um grupo estimado em 3,5 mil manifestantes voltou a protestar em frente ao Congresso Nacional. A mobiliza��o, marcada via Facebook, tinha por objetivo protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que tira poderes de investiga��o do Minist�rio P�blico. Durante a marcha, outras pautas foram incorporadas.
Antes da passeata, os organizadores debateram estrat�gias para denunciar v�ndalos aos policiais, como sentar no gramado quando algum ato violento fosse iniciado. Mesmo assim, dois adolescentes e um adulto foram detidos por carregarem seis coquet�is molotov. Segundo os investigadores, eles pretendiam atirar os artefatos contra os 750 PMs que faziam a seguran�a do local. Assim como na �ltima quinta-feira, grupos mais radicais ocuparam o espelho d’�gua em frente ao Legislativo.
Jovens mais exaltados jogaram �gua contra a tropa, posicionada em linha para proteger a entrada do Congresso. A situa��o ficou tensa quando v�ndalos arremessaram bombinhas na dire��o dos PMs. Baderneiros e ativistas quase entraram em confronto. Os primeiros queriam usar m�todos violentos, enquanto a maioria tentava manter o car�ter pac�fico do ato.
Por volta das 17h, o grupo seguiu em dire��o ao Congresso Nacional, cantou o Hino Nacional e voltou para a rodovi�ria do Plano Piloto. Duas horas depois, a multid�o desceu novamente o Eixo Monumental at� se estabelecer no Congresso. Na pauta de reivindica��es, os manifestantes pediam a aprova��o da lei que torna a corrup��o crime hediondo, a retirada de tramita��o da PEC 37, a revis�o de foros privilegiados (para que deputados e senadores sejam julgados pela Justi�a comum), a cassa��o do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e de mensaleiros como o deputado Jos� Geno�no (PT-SP).
Com os an�ncios de redu��o de tarifas de transporte p�blico, demanda inicial dos manifestantes, os protestos de ontem come�aram a ganhar temas espec�ficos, como a rejei��o � Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) 37, que limita os poderes de investiga��o do Minist�rio P�blico.
A PEC seria votada nesta semana no Congresso, mas foi adiada por conta da press�o popular. As manifesta��es tendo a proposta como tema foram organizadas pelas redes sociais com evento intitulado Dia do Basta e ocorreram tamb�m em Goi�nia, An�polis (GO), Roraima, Lajeado (RS), Juiz de Fora (MG), Curitiba, Macei�, Aracaju, Teresina, Bel�m, Taubat� (SP) e Araraquara (SP).
(Colaboraram Amanda Maia, Mara Puljiz, Maria J�lia e Lled� Saulo Ara�jo)
Rio contabiliza preju�zos
Rio de Janeiro – A capital fluminense amanheceu ontem contabilizando os estragos causados por v�ndalos na noite de sexta-feira. Um grupo aproveitou as manifesta��es para saquear e incendiar lojas e depredar estabelecimentos por onde passava. S� em uma concession�ria na Barra da Tijuca, os preju�zos chegaram a R$ 2 milh�es. Durante o dia, ativistas voltaram a se reunir e houve um protesto na Praia de Copacabana, onde foram colocadas 500 bolas com cruzes vermelhas. Um grupo passou o dia acampado em frente � casa do governador S�rgio Cabral (PMDB).
A Pol�cia Civil informou que foram presos nove envolvidos na depreda��o. Eles foram autuados em flagrante por furto, dano ao patrim�nio e forma��o de quadrilha e responder�o ainda por corrup��o de menores, pois entre os participantes havia cinco com menos de 18 anos. Os nove foram presos enquanto caminhavam pela Avenida Abelardo Bueno, na Barra da Tijuca. Um deles, Aleksandro da Concei��o, j� tinha mandado de pris�o pendente por tr�fico de drogas. Ainda na madrugada de sexta-feira, 22 pessoas j� haviam sido presas, das quais 12 menores. Na Barra, duas concession�rias foram alvo dos v�ndalos. Em uma delas foram destru�dos 30 carros novos e 15 usados, cada um custando, em m�dia, R$ 40 mil. Ainda foram contabilizados vidros quebrados, computadores, m�quinas de xerox, m�quinas de caf� e televis�o roubados. Ao todo, o estrago custar� R$ 2 milh�es ao estabelecimento.
Ainda ontem, a Justi�a negou o pedido de pris�o de cinco envolvidos na depreda��o da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A Pol�cia Civil havia feito o pedido com base em imagens em que eles aparecem incitando a viol�ncia, quebrando janelas e agredindo policiais.
Desde a noite de sexta-feira, um grupo acampou em frente � resid�ncia do governador S�rgio Cabral, no Leblon. Pelo menos 40 pessoas ficaram por l� durante todo o s�bado, e disseram que s� sairiam quando ele aparecesse para se pronunciar sobre a atua��o da Pol�cia Militar. No fim da tarde, um grupo de 150 motoqueiros se juntou aos manifestantes. Eles bloquearam o tr�nsito na Avenida Delfim Moreira, mas liberaram uma das faixas ap�s negocia��o com PM. Um motorista furou o bloqueio da pol�cia e foi preso.
Na Praia de Copacabana, a ONG Rio da Paz protestou colocando na areia 500 bolas de futebol marcadas com cruzes vermelhas. Elas representavam 500 mil homic�dios que, segundo eles, ocorreram no Brasil nos �ltimos 10 anos. Ao meio-dia, ativistas chutaram as bolas para o alto, para simbolizar os “p�ssimos servi�os p�blicos oferecidos � popula��o”.