
O primeiro di�logo da presidente Dilma Rousseff com manifestantes terminou sem respostas concretas e muitas cr�ticas. Os representantes do Movimento Passe Livre (MPL) que estiveram ontem no Pal�cio do Planalto consideraram a conversa importante, mas reclamaram do despreparo da presidente e da falta de planejamento para o setor de transportes. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, disse que o governo vai trabalhar para melhorar a qualidade do servi�o. Declarou que o pa�s ficou 30 anos sem investir na �rea, o que fez com que a falta de projetos se tornasse um dos entraves para os avan�os. Logo ap�s o discurso do ministro, a presidente anunciou medidas como a redu��o de impostos para beneficiar o setor.
De acordo com Caique Duques, um dos l�deres do MPL no Distrito Federal, falta conhecimento para o governo tratar com o setor. “A presidente se colocou � disposi��o para dialogar, mas afirmou que esta � a primeira vez que ela conversa com o movimento dos transportes, o que � um absurdo. Demonstra um grave despreparo para lidar com mobilidade urbana”, criticou.
A expectativa do grupo � de que o governo tome decis�es de curto e de longo prazos. O argumento � que n�o existe educa��o p�blica nem sa�de gratuita se o transporte � pago. A declara��o da presidente de reconhecer o transporte como direito social, para o grupo, sinalizou o apoio � Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) 90. “� a mesma coisa que afirma a PEC, e a gente vai cobrar isso”, completou Mayara Vivian, uma das l�deres do movimento em S�o Paulo.
Enquanto n�o saem resultados pr�ticos, Mayara garantiu que a luta pela tarifa zero continua. “A presidente n�o apresentou nenhuma medida concreta. Ela estava acuada”, disse. “Uma coisa � ter o di�logo. A gente precisa � de a��o concreta”, concluiu. Na perspectiva do grupo, os investimentos do governo t�m priorizado o transporte individual. “Esse � um tema que urge. Nossas cidades est�o paradas por causa dos carros. Se n�o repensarmos a l�gica do transporte, n�o vamos sair dessa crise, que vai acontecer em breve. Al�m de as cidades ficarem paradas, existem aquelas (pessoas) que n�o conseguem se locomover, por causa da tarifa”, pontua Leyla Saraiva, outra representante do movimento.
A agenda de protestos tamb�m n�o est� encerrada. Nesta semana, o MPL se juntar� � pauta de manifesta��es dos movimentos sociais de esquerda. Participaram da reuni�o quatro representantes do movimento em S�o Paulo, que vieram a convite da Presid�ncia – que tamb�m bancou os gastos da viagem e da hospedagem –, e dois l�deres do Distrito Federal.
Do lado do governo, o ministro das Cidades prometeu trabalhar por um transporte de qualidade. Ele, entretanto, esclareceu que o sistema tem um custo e a quest�o da gratuidade � saber como bancar o transporte p�blico urbano. “Essa discuss�o se dar� em outro momento”, disse. Ap�s a reuni�o da presidente com prefeitos e governadores, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, comentou que a presidente deixou claro aos representantes do MPL que algu�m vai pagar a conta do transporte. Se o usu�rio ou via algum tributo, isso tem que ficar bem claro, na opini�o do prefeito.
De acordo com o ministro Ribeiro, o governo tem R$ 88,9 bilh�es para investir na �rea. Desse montante, cerca de R$ 30 bilh�es j� est�o contratados. Na avalia��o dele, o problema da mobilidade urbana foi agravado ao longo dos anos pela falta de investimentos e de projetos de qualidade. E a redu��o de tarifas, se n�o vier acompanhada da melhoria da qualidade e, necessariamente, da redu��o do tempo de viagem, de pouco adiantar�. “A qualidade do servi�o, necessariamente, precisa melhorar.”
Oposi��o reage
Assim que a presidente Dilma Rousseff concluiu o discurso que prop�s a cria��o de cinco pactos nacionais, oposi��o e governo voltaram ao embate. O senador e presidenci�vel A�cio Neves (PSDB-MG) disse que a oposi��o compreende os manifestantes e que Dilma frustrou a popula��o. Logo depois, PSDB, DEM e PPS divulgaram manifesto sugerindo uma agenda pol�tica e afirmaram que a presidente “n�o assumiu suas responsabilidades, tangenciou os problemas e buscou desviar o foco”. No manifesto da oposi��o, algumas das medidas sugeridas miram diretamente o governo Dilma. Entre elas, a proposta de CPI para apurar os gastos com a Copa do Mundo, a redu��o pela metade no n�mero de minist�rios e a ado��o de uma “pol�tica de toler�ncia zero” com a infla��o. (Juliana Colares)