
� grande o desconforto entre alguns deputados federais mineiros, de orienta��o evang�lica, para debater e apreciar o projeto de decreto legislativo apelidado de "cura gay", em meio � efervesc�ncia social do movimento das ruas, que levantou a bandeira contra a proposta, considerada preconceituosa e homof�bica. A mat�ria ser� encaminhada nesta ter�a-feira, em reuni�o do col�gio de l�deres, pelo presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para a vota��o em regime de urg�ncia amanh� em plen�rio.
De autoria do deputado Jo�o Campos (PSDB-GO), o projeto, que leva o n�mero 234/11, pede a extin��o de dois artigos de uma resolu��o de 1999 do Conselho Federal de Psicologia. Um deles impede a atua��o dos profissionais de psicologia que se prop�em a reverter o homossexualismo. O outro pro�be qualquer a��o coercitiva a favor de orienta��es n�o solicitadas pelo paciente e determina que psic�logos n�o se pronunciem publicamente de modo a refor�ar preconceitos em rela��o a homossexuais. Na pr�tica, se esses artigos forem retirados da resolu��o, os profissionais de psicologia estariam liberados para atuar em busca da suposta cura gay.
"Ainda n�o li esse projeto, desconhe�o que inclua a express�o cura gay, que inclusive � pejorativa. Mas como presidente da Comiss�o de Legisla��o Participativa, que trata de temas afins aos direitos humanos, prefiro ficar como magistrado nesse debate e s� me manifestar em plen�rio", disse ontem o deputado federal Lincoln Portela (PR-MG), que � pastor da Igreja Batista Solid�ria.
De acordo com Portela, qualquer parlamentar evang�lico que votar contra um projeto dessa natureza teria muita dificuldade em sua base pol�tica. Ocorre que o homossexualismo n�o � aceito pela maioria das religi�es ocidentais. A tem�tica, que desperta intensos debates entre evang�licos e os grupos de l�sbicas, gays, bissexuais e transg�neros (LGBT), al�m de defensores hist�ricos dos direitos humanos, nem sequer deveria estar sendo tratada pelo Congresso Nacional, considerou Portela. "Acho que a pauta precisa ter mais musculatura. H� temas muito mais graves a serem tratados neste momento", afirma.
Igual opini�o manifesta o deputado federal Isa�as Silvestre (PSD-MG), que � pastor da Assembleia de Deus. "Temos tanta coisa para cuidar na vida. Uma quest�o individual n�o � problema nosso. Cada um cuida da sua vida", considera ele, criticando o fato de a mat�ria ter entrado na pauta da C�mara dos Deputados. A sess�o que aprovou a proposta foi presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na Comiss�o de Direitos Humanos, que conseguiu coloc�-la em vota��o ap�s v�rias semanas de adiamento por causa de protestos e manobras parlamentares contra a proposta. "N�o conhe�o o projeto, que atropelou a todos n�s. Por que n�o se vota o fator previdenci�rio? Por que n�o se vota a reforma tribut�ria? Ou a PEC 300? Tanta coisa para votar e colocar isso na pauta � uma aberra��o. D� margem para que a popula��o fique ainda mais descrente com a classe pol�tica", desabafa Silvestre.
�nico a vir a p�blico e defender abertamente a proposta, o deputado federal Dr. Grillo (PSL-MG), que tem o apoio da Igreja Internacional da Gra�a de Deus, sustenta: "Para come�ar, esse projeto n�o se chama cura gay. Homossexualismo n�o � doen�a. O que acho vergonhoso � o Conselho Federal de Psicologia proibir a assist�ncia a homossexuais que t�m quest�es para trabalhar de foro �ntimo", disse. Segundo Dr. Grillo, h� grande preconceito do conselho em rela��o a psic�logos de orienta��o crist�. "O conselho est� cerceando a atua��o desses profissionais. O projeto � importante porque susta uma resolu��o que pro�be esse tratamento", acrescentou.