Presidente Dilma diz que plebiscito � somente uma sugest�o

Em seu primeiro evento p�blico desde que foi vaiada na abertura da Copa das Confedera��es, em Bras�lia, a presidente Dilma Rousseff esteve ontem em Salvador para lan�ar o Plano Safra Semi�rido e anunciar medidas contra a seca, desta vez em ambiente fechado e para uma plateia de aliados. Pouco depois de o vice-presidente, Michel Temer, ter descartado a realiza��o de um plebiscito sobre a reforma pol�tica com validade para as elei��es de 2014, e minutos antes de ele voltar atr�s, a presidente defendeu enfaticamente a proposta. Dilma disse considerar que a popula��o n�o ter� problemas de entendimento para responder perguntas em uma eventual consulta. “Eu acredito muito na intelig�ncia, na sagacidade, na esperteza do povo brasileiro. Acho que o povo brasileiro sempre mostrou, ao longo de toda a nossa hist�ria, que suas escolhas sempre foram acertadas. Eu n�o sou daqueles que acreditam que o povo � incapaz de entender porque as perguntas s�o complicadas. N�o � verdade”, declarou a presidente. “O povo brasileiro tem aquela intelig�ncia que nos foi dada porque, gra�as a Deus, somos feitos de v�rias correntes e de v�rios veios”, afirmou.

Dilma bateu na tecla de que o plebiscito � apenas uma sugest�o ao Congresso. “Como o Executivo federal n�o pode fazer essa consulta, porque, pela Constitui��o, quem faz isso � o Parlamento, a C�mara e o Senado, n�s encaminhamos uma sugest�o pedindo ao Congresso Nacional que convocasse esse plebiscito”, discursou a presidente, enfatizando a palavra “sugest�o”.

Ao fim do discurso de 43 minutos, ela fez men��o �s manifesta��es que tomaram conta das ruas do pa�s. Dilma afirmou que os atos s�o diferentes dos protestos verificados em outros pa�ses, e ocorrem, sobretudo, por mais direitos. “Esta presidente aqui ouviu claramente a voz das ruas porque essa voz � leg�tima e porque n�s temos uma democracia, e faz parte da democracia a luta por mais direitos”, disse  ela durante cerim�nia de lan�amento do plano para agricultores atingidos pela seca. A presidente disse que, na Europa, a popula��o vai �s ruas porque “h� perda de direitos e empregos”, o que, na avalia��o dela, n�o ocorre no Brasil. Dilma  lembrou tamb�m movimentos como o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, para diferenciar a situa��o do Brasil. “N�o somos respons�veis pela maior crise financeira internacional desde 1929”, afirmou.

Al�m do lan�amento, a presidente fez entrega de 323 m�quinas retroescavadeiras e motoniveladoras a 269 munic�pios do estado e �nibus escolares do Programa Caminho da Escola. Mais de 20 coletivos levaram � Salvador representantes do F�rum Baiano de Agricultura Familiar, a convite do Minist�rio do Desenvolvimento Agr�rio. A sala no Centro de Conven��es da Bahia, com capacidade para cerca de 2 mil pessoas, estava lotada.

Plano

O lan�amento do Plano Safra Semi�rido ocorreu tr�s meses ap�s Dilma ter anunciado, no Cear�, pacote de R$ 9 bilh�es para o combate � seca, cuja execu��o anda a passos lentos. A regi�o vive a maior estiagem dos �ltimos 50 anos, que h� meses afeta cerca de 10 milh�es de pessoas. Agricultura e pecu�ria acumulam perdas de R$ 3,6 bilh�es. Como parte do pacote de medidas de abril, o Planalto decidiu prorrogar por at� 10 anos o pagamento de d�vidas contra�das entre 2012 e 2014 por agricultores afetados pela seca, estimando ren�ncia fiscal de R$ 3,1 bilh�es.

Movimentos sociais

A onda de manifesta��es  alterou a rotina das viagens da presidente Dilma Rousseff pelo pa�s. Ao desembarcar em Salvador, ela reservou espa�o na agenda, ainda na Base A�rea, para um grupo de 18 representantes de movimentos sociais. Eles entregaram a ela reivindica��es e apresentaram avalia��es sobre a reforma pol�tica. A viagem � capital baiana estava marcada para junho, mas foi adiada para ontem devido aos protestos. A Secretaria de Seguran�a P�blica da Bahia e a Presid�ncia da Rep�blica montaram um forte esquema policial para manter manifesta��es distantes do Centro de Conven��es.Dilma voltou ontem para Bras�lia.