
Um governo ainda desnorteado entre as reivindica��es das ruas e a press�o da base aliada enterrou e ressuscitou nessa quinta-feira, em um intervalo de cerca de cinco horas, o projeto de plebiscito sobre a reforma pol�tica com regras valendo j� para as elei��es de 2014. Veio do vice-presidente Michel Temer, no fim da manh�, a declara��o que representaria a p� de cal sobre a inten��o da presidente Dilma Rousseff de propor a consulta popular para fundamentar a reforma do sistema pol�tico brasileiro. “N�o h� mais condi��es, e voc�s (jornalistas) sabem disso, de fazer qualquer consulta antes de outubro. E, n�o havendo condi��es temporais para fazer essa consulta, qualquer reforma que venha s� se aplicar� para as pr�ximas elei��es (2016), e n�o para esta (2014)”, disse Temer, depois de se reunir, no Pal�cio do Jaburu, com l�deres da base de sustenta��o do governo no Congresso.
A rejei��o dos l�deres partid�rios � proposta — apresentada por Dilma no auge das manifesta��es populares — ficou clara na sa�da da reuni�o no Pal�cio do Jaburu, bem como a dificuldade de relacionamento do governo com a base depois da tentativa de resposta da presidente � crise pol�tica. “N�o podemos fazer a reforma de maneira a�odada, porque corremos o risco de criar um monstrengo”, criticou o l�der do PTB na C�mara, Jovair Arantes (GO). A tese que saiu fortalecida do encontro foi a de uma consulta popular em 2014, pegando carona nas elei��es do pr�ximo ano, mas com efeito apenas a partir do processo eleitoral de 2016. A impossibilidade de fazer a reforma pol�tica valer j� para as elei��es de 2014 foi refor�ada pelo ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo.
N�o demorou para a presidente demonstrar irrita��o com os rumos da negocia��o em torno do plebiscito. Em Salvador, Dilma bateu de frente com a argumenta��o da base aliada de que n�o haveria tempo suficiente para explicar as propostas para a popula��o. “Eu n�o sou daqueles que acreditam que o povo � incapaz de entender porque as perguntas s�o complicadas”, afirmou a presidente.
Ato cont�nuo, Temer divulgou nota oficial, por volta das 17h, numa esp�cie de “recuo do recuo” sobre os efeitos do plebiscito j� para 2014. “Embora reconhe�a as dificuldades impostas pelo calend�rio, reafirmo que o governo mant�m a posi��o de que o ideal � a realiza��o do plebiscito em data que altere o sistema pol�tico-eleitoral j� nas elei��es de 2014”, diz o documento assinado pelo vice-presidente. Cardozo convocou uma entrevista coletiva na sequ�ncia. “O governo continua afirmando que o ideal � que n�s possamos fazer um plebiscito de maneira a modificar as regras para a pr�xima elei��o (2014). Mas, evidentemente, essa � uma decis�o do Congresso”, assinalou o ministro da Justi�a.
Partido da presidente, o PT tenta passar a imagem de unidade em torno do tema. Em reuni�o da Executiva Nacional, ontem, a sigla divulgou uma resolu��o em que convoca a milit�ncia, partidos que compartilham o entendimento e entidades sociais para ir �s ruas apoiar o projeto. O tempo de tev� do PT ser� dedicado � divulga��o da proposta.
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"N�o h� mais condi��es, e voc�s (jornalistas) sabem disso, de fazer qualquer consulta antes de outubro. E, n�o havendo condi��es temporais para fazer essa consulta, qualquer reforma que venha s� se aplicar� para as pr�ximas elei��es (2016), e n�o para esta (2014)"
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"Embora reconhe�a as dificuldades impostas pelo calend�rio, reafirmo que o governo mant�m a posi��o de que o ideal � a realiza��o do plebiscito em data que altere o sistema pol�tico-eleitoral j� nas elei��es de 2014"
Michel Temer, vice-presidente da Rep�blica