A rea��o do governo � onda de protestos que tomou as ruas nas �ltimas semanas evidenciou os problemas de articula��o com o Congresso Nacional que se arrastam desde o in�cio da gest�o da presidente Dilma Rousseff. Em reuni�o ontem com deputados petistas, Dilma utilizou diversas vezes a palavra chacoalhar para ressaltar a necessidade de dar novo rumo ao governo, e ressaltou a import�ncia de reavivar o di�logo com deputados e senadores. A crise coloca na berlinda a ministra de Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti. Recordista de tempo na fun��o – na pr�xima semana, ela completa dois anos no cargo –, Ideli est� em situa��o cada vez mais insustent�vel no Planalto. Em diversas situa��es, ela tem sido substitu�da, de maneira expl�cita, por outros ministros da Esplanada. Com sua perman�ncia no cargo questionada agora at� por correligion�rios, Ideli n�o tem conseguido esconder o nervosismo.
O trio de ministros tenta tirar o atraso de dois anos e meio de falta de di�logo do Planalto para conduzir a sa�da da crise proposta pela presidente – a realiza��o de um plebiscito para a reforma pol�tica. O cerne da quest�o � que Dilma nunca dependeu tanto do Congresso, pois s� poder� dar prosseguimento � ideia de consulta popular caso o Parlamento aprove a iniciativa. Cabe � tropa de choque ministerial se aproximar dos congressistas sem aumentar o desgaste de Dilma perante o Legislativo. Mercadante, por�m, sofre ampla rejei��o por parte de parlamentares, que o consideram arrogante.
Quem tamb�m tem trabalhado na articula��o � o vice-presidente Michel Temer. Mas a atua��o do peemedebista est� desgastada, especialmente depois de ele ter causado constrangimentos ao Planalto na quinta-feira, quando anunciou que seria invi�vel realizar o plebiscito no prazo desejado por Dilma e teve que recuar.
Reaproxima��o
Nessa sexta-feira, ap�s encontro com Dilma, a bancada do PT na C�mara levantou a bandeira da consulta popular para uma reforma com efeitos j� para as elei��es de 2014 e posou de fiadora da reaproxima��o entre a presidente e a base de sustenta��o no Congresso. “H� uma necessidade de recompor (a rela��o com a base). O l�der do governo e a bancada do PT est�o empenhados nisso”, disse o l�der do partido na C�mara, Jos� Guimar�es (CE).
O l�der do governo na C�mara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), por sua vez, afirmou que a ordem no gabinete presidencial � trabalhar para viabilizar a vota��o das mudan�as antes do prazo legal de 5 de outubro – um ano antes das elei��es de 2014 –, mesmo reconhecendo que praticamente n�o h� chances de cumprir a meta. “A orienta��o do governo � que praticamente n�o � totalmente. E n�s vamos trabalhar para ver se d� tempo”, disse Chinaglia.
J� o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se reuniu com a presidente pela manh�, descartou a possibilidade de a tramita��o da proposta de plebiscito ser iniciada na Casa. Durante a semana, houve especula��es de que seria melhor os senadores aprovarem o texto antes da C�mara, onde a base governista est� mais rachada. “Todas as mat�rias da Presid�ncia tramitam primeiro na C�mara”, resumiu Renan.
Ciente das dificuldades em sua base, Dilma come�ou a investir nos movimentos sociais para turbinar a proposta do plebiscito. Depois de se reunir com a presidente, representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirmaram que v�o incluir o plebiscito na pauta de reivindica��es das manifesta��es programadas para o dia 11. (Colaborou Amanda Almeida)
Minirreforma
O governo j� trabalha com uma data para a minirreforma que pretende fazer na Esplanada para dar a “chacoalhada” exigida pela presidente Dilma Rousseff at� agosto. Al�m da equipe econ�mica, a ministra de Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti, e a titular da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, est�o na lista dos prov�veis substitu�dos. A sa�da de Ideli � vista como uma solu��o para resolver a crise de interlocu��o pol�tica do governo. A substitui��o de Gleisi Hoffmann j� est� prevista desde o ano passado, uma vez que a ministra pretende se candidatar ao governo do Paran�. A desincompatibiliza��o dever� ser adiantada j� que os pr�prios correligion�rios avaliam como “p�fia” a atua��o dela � frente da pasta, e o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, cada vez mais ocupa os espa�os que deveriam ser de Gleisi. Nos corredores do Pal�cio do Planalto, Mercadante j� � chamado de “primeiro-ministro”.