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Estado de Minas

Congressistas t�m estrat�gia para encher as galerias

Tradicional t�tica de press�o durante as vota��es no Parlamento ganha ares profissionais com a contrata��o de manifestantes


postado em 19/08/2013 00:12 / atualizado em 19/08/2013 08:16

Garçons foram à Câmara em julho pressionar pela aprovação da aposentadoria especial da categoria(foto: Ianno Andrade/CB/D.A Press)
Gar�ons foram � C�mara em julho pressionar pela aprova��o da aposentadoria especial da categoria (foto: Ianno Andrade/CB/D.A Press)

Bras�lia – Nos corredores do Congresso Nacional, diz-se que quando as galerias do plen�rio ficam cheias e de l� saem aplausos ou vaias o governo tem preju�zo de R$ 4 bilh�es. Se o grupo em quest�o canta o Hino nacional, os cofres p�blicos perdem, no m�nimo, R$ 6 bilh�es. A brincadeira, repetida por lideran�as da C�mara e do Senado, demonstra o efeito que a participa��o popular dentro do Parlamento pode ter. N�o � raro ver propostas antigas serem repentinamente tiradas da gaveta e votadas a toque de caixa quando uma determinada categoria aparece por l� para fazer press�o. O problema � que essa t�tica j� entrou no radar de gente com interesses espec�ficos, que chega a contratar pessoas para lotar as galerias e ver projetos serem aprovados por parlamentares acuados.

Sentados no alto do plen�rio da C�mara, a uma dist�ncia de at� 10 metros do local onde os deputados ficam, centenas de manifestantes se posicionam nos dias de vota��o na esperan�a de ver suas demandas atendidas de imediato. O local, onde cabem at� 400 pessoas, � compartilhado por gar�ons, defensores p�blicos, guardas municipais, m�dicos, entre outros. Cada categoria leva no peito ou em camisetas o n�mero de um projeto que quer ver aprovado. Quanto mais barulho fazem, mais os parlamentares l� embaixo inflam os discursos.

Os policiais legislativos da Casa filtram quem pode subir para as galerias. O crit�rio, �s vezes, � puramente pol�tico. Priorizam-se categorias que pleiteiam uma proposta com chances de entrar em pauta ou que j� estejam previstas, e evita-se deixar representantes de grupos que defendem ideias opostas muito pr�ximos – como ocorre em est�dios de futebol.

As semelhan�as com as arenas esportivas n�o param por a�. Assim como se v� nos gramados, quem atua no jogo � influenciado pelo grito da arquibancada. E a mudan�a de postura muitas vezes irrita os colegas. “N�o podemos ter um comportamento na reuni�o de l�deres, e aqui no plen�rio, porque existe uma plateia, termos outro”, reclamou, em julho, o l�der do PMDB na C�mara, Eduardo Cunha (RJ), no dia em que, inflamados pelos gritos da galeria, outras lideran�as insistiram para que o texto sobre a destina��o dos royalties do petr�leo fosse votado, mesmo ap�s acordo para adiar a an�lise.

“Votar pelo grito para ficar bem com as galerias n�o � o melhor m�todo”, comenta o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). “Existe a chamada galeria de aluguel, eu j� ouvi depoimento de gente dizendo que recebeu R$ 50 de um prefeito do Maranh�o para pedir a vota��o sobre a divis�o de munic�pios. A� n�o � classe reivindicativa, mas claque”, conta.

Piso nacional Nos dias em que acompanhou a movimenta��o das galerias, a reportagem encontrou, por exemplo, o caso de alunos de uma academia de luta que foram pedir que os royalties do petr�leo fossem destinados � educa��o. Mas s� quem sabia exatamente o motivo era o professor do grupo. Todos usavam uniforme com o nome da institui��o, o mesmo do mestre. “Sei que a gente veio pedir para melhorar o pa�s, o professor chamou e a gente veio com ele”, disse um dos lutadores, sem saber explicar do que se tratava a proposta.

Na semana passada, dezenas de �nibus de 20 estados estacionaram na frente do Congresso carregados de agentes comunit�rios de sa�de. Eles diziam ter sido convencidos pela associa��o que os representa de que o projeto que estipula um piso nacional para a categoria seria votado se eles ocupassem o Parlamento. Mas muitos reclamaram por n�o ter sido informados de que a pauta do plen�rio estava trancada e nem com vontade pol�tica o projeto poderia ser votado. A agente Ant�nia Alves da Silva, que enfrentou 16 horas de viagem saindo de Irec� (BA), reclamou: “Se eu soubesse, n�o teria vindo de t�o longe”.

Alguns dos agentes disseram ter bancado a viagem do pr�prio bolso, mas a maioria admitiu: quem pagava todos os custos era a prefeitura dos munic�pios de onde vinham. Uma delas, a de Ner�polis (GO), explicou seu interesse no projeto: “Com a receita do munic�pio n�o � poss�vel atender as reivindica��es dos agentes. Seria necess�rio uma verba federal”, diz nota da prefeitura. A press�o, por fim, teve resultado: a vota��o do projeto foi marcada para o in�cio de setembro.


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