Dilma havia proibido opera��o de fuga do boliviano

Desgastado com a opera��o de "resgate" do senador boliviano Roger Pinto que provocou uma crise diplom�tica com a Bol�via, o ministro das Rela��es Exteriores, Antonio Patriota, foi obrigado nesta segunda-feira a pedir demiss�o. A conversa entre a presidente e o ministro foi r�pida, no Pal�cio do Planalto.

A irrita��o da presidente Dilma era maior porque a quebra da hierarquia de Saboia n�o se resumia � opera��o da madrugada de domingo, 25. H� seis meses, o governo da Bol�via havia feito proposta ao governo brasileiro de que senador boliviano fosse levado de carro at� a fronteira com o Brasil e deixado l�, "sem que fosse de conhecimento" do governo local. O senador teria de percorrer 1600 km, durante 22 horas, de carro, at� chegar � fronteira brasileira tornando a sua liberdade um fato consumado.

Ao tomar conhecimento desta proposta, a presidente Dilma disse que n�o concordava. Na �poca, a presidente Dilma reagiu avisando que, se acontecesse alguma coisa com o senador, neste longo trajeto, um acidente, ou qualquer coisa, o governo brasileiro seria respons�vel, j� que era o Estado brasileiro era o guardi�o da sua seguran�a e da sua vida. Dilma insistiu que a vida do senador n�o poderia ser colocada em risco.

Portanto, reiterava Dilma, havia uma clara determina��o da presidente da Rep�blica de que n�o fosse feito o trajeto de carro com o senador, por causa do risco e da responsabilidade e, apesar da ordem dada, o embaixador interino do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, a desafiou e montou a opera��o de fuga de Roger Pinto. Para Dilma, ao decidir pela opera��o, Eduardo Saboia assumiu o risco e deve responder por isso.

Dilma j� havia conversado com Patriota e determinado que ele cancelasse sua viagem � Finl�ndia e permanecesse no Brasil para resolver este problema. A presidente estava "inconformada" com o epis�dio e com a quebra de hierarquia e queria saber exatamente quem sabia da opera��o idealizada por Saboia. Por isso, convocou no in�cio da tarde desta segunda ao Planalto, os ministros da Defesa, Celso Amorim, a quem estavam subordinados os fuzileiros que fizeram a seguran�a do senador boliviano e �s For�as Armadas, e da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, a quem a Pol�cia Federal est� subordinada. Queria saber se eles sabiam da opera��o.

Posse

A posse do novo ministro Luiz Alberto Figueiredo, atual representante do Brasil junto �s Na��es Unidas, dever� ocorrer na quarta-feira, 28, j� que ele desembarca no Brasil nesta ter�a-feira, 27. Dilma distribuiu nota oficial informando que "aceitou" o pedido de demiss�o de Patriota e agradecendo a sua "dedica��o e empenho nos mais de dois anos que permaneceu no cargo" e anunciou sua indica��o para a Miss�o do Brasil na ONU. Luiz Figueiredo j� acompanha a presidente Dilma na pr�xima sexta feira, 30, na reuni�o da Unasul, em Paramaribo. Dilma Rousseff n�o telefonou para Evo Morales. Deve encontr�-lo apenas na reuni�o da Unasul.

Eduardo Saboia ser� submetido a um processo administrativo e dever� ser "severamente" punido, segundo fontes do Pal�cio, pelo que a presidente Dilma est� chamando de "grave quebra de hierarquia". A sa�da de Patriota, com quem Dilma j� se desgastara, precipita a reforma ministerial programada para o fim do ano.