
Um dia depois da sa�da de Antonio Patriota do Minist�rio das Rela��es Exteriores, o governo da presidente Dilma Rousseff adotou uma t�tica para distensionar a rela��o com a Bol�via e evitar agravamento da crise pol�tica interna. Com a participa��o do senador Jorge Viana (PT-AC), velho conhecido do senador boliviano Roger Pinto Molina, que fugiu da embaixada do Brasil em La Paz, o Planalto conseguiu convencer o parlamentar e o diplomata Eduardo Saboia, respons�vel pela fuga, a n�o prestarem informa��es na Comiss�o de Rela��es Exteriores (CRE) do Senado. Assim, evitou que a oposi��o ganhasse um palanque no Congresso ao questionar a atua��o do Executivo no epis�dio. “Minha presen�a na Comiss�o de Rela��es Exteriores seria um desastre, neste momento, para mim e para o governo brasileiro”, admitiu Roger Pinto. A presidente, por sua vez, n�o poupou cr�ticas nem � opera��o nem aos argumentos apresentados pelo diplomata que a executou.
Na sa�da, a presidente rebateu as declara��es dadas por Saboia no domingo e na segunda-feira depois de o Itamaraty t�-lo orientado a n�o se manifestar. O diplomata voltou atr�s quando o �rg�o soltou uma nota citando-o nominalmente e disparou uma s�rie de acusa��es. Ele disse que agiu porque n�o havia nenhuma negocia��o em curso para retirar o senador da embaixada, e que era necess�rio p�r fim � situa��o que o parlamentar vivia. Al�m disso, Saboia comparou Roger Pinto a Dilma. “Eu escolhi a vida. Eu escolhi proteger uma pessoa, um perseguido pol�tico, como a presidente Dilma foi perseguida”, argumentou.
Dilma negou a aus�ncia de negocia��es para retirar Roger Molina da Bol�via. “N�s negociamos em v�rios momentos o salvo-conduto e n�o conseguimos”, disse. Segundo ela, o Brasil n�o poderia aceitar retirar o senador sem o salvo-conduto de seu pa�s, por quest�es de seguran�a. “Lamento profundamente que um asilado brasileiro tenha sido submetido � inseguran�a. Lamento, porque em um Estado democr�tico e civilizado, a primeira coisa que se faz � proteger a vida sem qualquer outra considera��o”, sustentou.
Conforto
A presidente disse ainda que as condi��es da embaixada brasileira em La Paz eram confort�veis para Molina e recha�ou a compara��o com o DOI-Codi. “N�s n�o estamos em situa��o de exce��o, n�o h� nenhuma similaridade”, pontuou. O Destacamento de Opera��es de Informa��es – Centro de Opera��es de Defesa Interna (Doi-Codi) era um �rg�o de intelig�ncia e repress�o subordinado �s For�as Armadas com a finalidade de garantir “a ordem” durante o regime militar. Os pr�dios onde funcionavam as unidades do �rg�o serviam como pres�dio, onde ocorria tortura praticada pela repress�o.
Ao mesmo tempo, no campo diplom�tico, o governo corre para nomear um novo encarregado de neg�cios interino at� a posse efetiva de Raimundo Magno como embaixador no pa�s andino e n�o azedar a rela��o com o aliado na Am�rica do Sul. Al�m disso, vetou a indica��o de Marcel Fortuna Biato, ex-embaixador na Bol�via, para a representa��o brasileira na Su�cia.
Defesa
Para o Planalto, apesar de a escolta da embaixada que conduziu Roger Pinto da Bol�via ao Brasil ter sido feita por dois fuzileiros navais, a situa��o do ministro da Defesa, Celso Amorim, n�o � comprometedora. Isso porque os militares, ainda que ligados hierarquicamente ao Minist�rio da Defesa, teriam cumprido ordens do chefe do posto, o encarregado de neg�cios Saboia, superior ao adido militar da embaixada. Em nota oficial distribu�da ontem, Amorim disse que os tr�s adidos militares n�o estavam na representa��o diplom�tica.