
O delegado federal Ant�nio Celso dos Santos, respons�vel pela apura��o da Chacina de Una� – crime no qual foram mortos quatro servidores do Minist�rio do Trabalho, em janeiro de 2004 – n�o deixou d�vidas sobre a participa��o dos r�us Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rog�rio Alan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda. De acordo com Santos, os acusados, antes mesmo do crime j� pertenciam a uma quadrilha especializada em assaltos, furtos e pistolagem, que atuava em v�rios estados do pa�s, como Minas Gerais, Bahia, Goi�s e Esp�rito Santo. Segundo Santos, arrolado como testemunha de acusa��o e sabatinado pelos advogados por cerca de cinco horas, todos confessaram sua participa��o. A confiss�o se sustenta no depoimento de testemunhas e no cruzamento de liga��es telef�nicas entre os acusados, antes e depois do assassinato do grupo.
Antes mesmo do in�cio do julgamento, familiares das v�timas e seus colegas de trabalho que acompanhavam a sess�o, ouviram da procuradora da Rep�blica Mirian Moreira Lima – respons�vel pelos trabalhos de acusa��o –, a not�cia esperada por todos: a marca��o do julgamento de um dos acusados de ser mandante do crime, o fazendeiro Norberto M�nica, conhecido como o Rei do Feij�o. M�nica ser� julgado em sess�o no dia 17, sob a acusa��o de ter encomendado as mortes em raz�o de multas milion�rias aplicadas contra ele por descumprimento � lei trabalhista. O julgamento do irm�o do fazendeiro, o pol�tico Ant�rio M�nica (PSDB), e de outros tr�s acusados, deve acontecer at� o fim de setembro. “� preciso condenar os mandantes, que s�o os verdadeiros interessados na morte do nosso pessoal. Os tr�s julgados hoje (ontem) s�o r�us confessos”, disse Carlos Calazans, ex-delegado regional do Trabalho.
Lentid�o
A sess�o de julgamento, que teve in�cio pela manh�, se desenrolou a passos lentos. O advogado S�rgio Moutinho, respons�vel pela defesa de Rog�rio Santos, transformou seu direito de perguntar em espa�o de apresenta��o de teses para absolvi��o. Exibiu trechos de depoimentos, documentos, telefonemas interceptados, para tentar demonstrar aos jurados as falhas da investiga��o policial. A sensa��o que prevaleceu, no entanto, foi de que a tentativa da defesa se transformou num tiro no p�, j� que foram exibidos aos jurados v�rios trechos do depoimento do tamb�m r�u Humberto Ribeiro dos Santos – acusado de tentar dificultar o trabalho policial –, que revelou a participa��o dos tr�s acusados. Moutinho, no entanto, prometeu um surpresa com o depoimento de um �libi para o acusado de ser pistoleiro.
A expectativa � de que o j�ri – formado por cinco mulheres e tr�s homens – s� chegue a um veredicto na sexta-feira, depois de serem ouvidas 15 testemunhas de acusa��o, tr�s de defesa e os r�us. S� depois da leitura das pe�as, v�o come�ar os debates entre acusa��o e defesa. A lentid�o dos trabalhos n�o incomoda os que defendem a puni��o. “Nossa expectativa � de que finalmente vamos conseguir Justi�a nesse caso. S�o longo nove anos em que o sindicato vem se manifestando. Tivemos audi�ncias com presidentes do Supremo e do Superior Tribunal de Justi�a, sempre reivindicando o fim da impunidade. O que aconteceu em Una� foi um ataque ao Estado brasileiro, que precisa dar resposta ao crime, que � usado at� hoje para intimida��o por empregadores em todo o pa�s”, afirmou a presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Ros�ngela Rassy.