Um dos acusados de executar tr�s auditores fiscais e um motorista do Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE) confessou em depoimento nesta quinta-feira sua participa��o nos assassinatos. O motorista Erinaldo de Vasconcelos Silva, de 49 anos, foi o primeiro dos tr�s r�us que s�o julgados desde ter�a-feira pelo crime, conhecido como Chacina de Una�. Em seu depoimento, Silva ainda contou que o fazendeiro Norberto M�nica, um dos maiores produtores de feij�o do Pa�s e acusado de ser um dos mandantes das mortes, o procurou ap�s a chacina para que matasse tamb�m "um pessoal no Paran�".
Os auditores Nelson Jos� da Silva, Erat�stenes de Almeida Gon�alves e Jo�o Batista Soares Lage e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos em 28 de janeiro de 2004, em uma estrada de terra na zona rural de Una�, no noroeste de Minas, durante fiscaliza��o de trabalho escravo em fazendas da regi�o. Al�m de Erinaldo, tamb�m s�o julgados por um j�ri popular desde o in�cio da semana Rog�rio Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda.
Segundo Erinaldo, Alan participou diretamente das execu��es, enquanto Miranda tinha a fun��o de pegar a dupla para fugir ap�s as execu��es. Erinaldo disse que convidou a dupla para participar do crime ap�s receber a proposta de Francisco Pinheiro. "Chico disse que havia uma pessoa "dando trabalho" e queria que matasse. Eles sabiam", disse o r�u, ao ser questionado se William e Alan tinha conhecimento de que o convite era para cometer assassinatos, pelos quais, de acordo com o motorista, receberam cerca de R$ 50 mil.
Contou tamb�m que o alvo era Nelson, mas, como o fiscal trabalhava acompanhado dos colegas, foi orientado por Chico Pinheiro a matar todos. "Se voc� n�o encontrar ele sozinho, mata todo mundo", teria dito o agenciador. "A gente ficou com medo. Nunca tinha feito isso. Matar uma pessoa e encontrar um monte de gente no carro", disse, em meio a um princ�pio de choro, �nico momento do depoimento em abandonou a frieza com que fez todo o relato.
Durante as investiga��es, Erinaldo j� havia assumidos as mortes, mas alegou que foi um latroc�nio - roubo seguido de morte. Nesta quinta, por�m, afirmou que fez a confiss�o por ter recebido proposta de Norberto para "assumir sozinho" o crime. "Recebi uma proposta dentro da cadeia, do Norberto. A gente ficava no mesmo pavilh�o (da Penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem, na regi�o metropolitana de Belo Horizonte). Falou para eu assumir sozinho. Em primeiro momento, me daria R$ 100 mil para eu assumir o crime em ju�zo. Quando chegou aqui (na Justi�a Federal) ele aumentou. O valor de um caminh�o com tr�s anos de uso", disse, avaliando em cerca de R$ 300 mil a proposta.
Alan Rocha tamb�m confessou em depoimento � Pol�cia Federal sua participa��o nos assassinatos, mas seu advogado, S�rgio Moutinho, afirmou que ele foi "coagido" e negaria o crime em depoimento. At� o meio da noite desta quinta Erinaldo era ouvido e a oitiva de Alan n�o havia iniciado. A magistrada tamb�m n�o havia se pronunciado sobre o pedido de dela��o premiada. "A chance desses tr�s se livrarem � zero. E o que estamos fazendo aqui (j�ri) tamb�m faz parte da constru��o do julgamento dos outros acusados", observou o procurador da Rep�blica Vladimir Aras.