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Estado de Minas

Trabalho in�dito da UFMG mostra a ideologia dos deputados federais e estaduais

Pesquisa com deputados federais e estaduais mostra como eles se definem politicamente e como enxergam os partidos e colegas de Parlamento


postado em 16/09/2013 00:12 / atualizado em 16/09/2013 07:35


Os maiores partidos pol�ticos brasileiros n�o s�o apenas um punhado de siglas sem qualquer diferen�a ideol�gica, que mudam de lado � medida de seus interesses e dos favores que recebem. Pelo menos na opini�o dos parlamentares que os representam. � o que mostra um extenso trabalho, in�dito, desenvolvido pelo Centro de Estudos Legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Ao longo dos �ltimos oito anos foram duas pesquisas de opini�o realizadas com os deputados federais – em 2005 e em 2010 – e outras duas com os deputados estaduais de 12 assembleias do pa�s, em 2007 e em 2012. Os parlamentares se manifestaram em rela��o a v�rios temas pol�ticos e se definiram ideologicamente: se de esquerda, de centro ou de direita. Eles avaliaram tamb�m a posi��o pol�tica de seus partidos e ainda apontaram o posicionamento ideol�gico dos seus colegas de plen�rio.

“Em determinados temas que t�m como pano de fundo o papel do Estado, os partidos e deputados se alinham ideologicamente de modo consistente”, avalia Carlos Ranulfo, professor titular de ci�ncias pol�ticas da UFMG e coordenador do Centro de Estudos Legislativos. O resultado das pesquisas indica que os parlamentares que se autodeclaram de esquerda e percebem os seus partidos mais � esquerda no espectro ideol�gico – como � o caso do PCdoB, do PT e do PDT – tendem a defender o papel controlador do estado na gest�o dos recursos naturais, dos servi�os p�blicos e na regula��o da economia (veja quadro). No extremo oposto – sustentando o papel preponderante do mercado e da gest�o da iniciativa privada dos servi�os p�blicos – est�o os partidos � direita DEM e PP. Enquanto os deputados do PSB se consideram de centro-esquerda, o PPS, o PSDB e o PMDB se autodeclaram majoritariamente de centro e os do PTB, de centro-direita.

Exemplo do claro corte ideol�gico em mat�rias relacionadas ao papel do Estado est� no debate na C�mara dos Deputados sobre a cria��o da estatal para ser gestora dos recursos do petr�leo extra�do do pr�-sal. Quando se trata de valores comportamentais – como o apoio �s rela��es homoafetivas, a legaliza��o do aborto, a descriminaliza��o das drogas, a redu��o da maioridade penal e a pena de morte – as diferen�as entre esquerda e direita no Parlamento brasileiro tamb�m s�o vis�veis, embora n�o t�o evidentes quanto quando se discute o papel do Estado. S�o considerados mais “progressistas” ou “liberais” os deputados de esquerda. “J� os deputados de direita tendem a ser mais r�gidos em rela��o a essas quest�es e a defender a redu��o da maioridade penal e a pena de morte”, afirma Carlos Ranulfo.

Como a base de sustenta��o da presidente Dilma Rousseff vai da esquerda � direita – engloba do PCdoB ao PP –, o governo tem dificuldades em patrocinar alguns desses temas considerados sens�veis. “S�o partidos ideologicamente muito heterog�neos. Por isso alguns avan�os na �rea de direitos humanos s�o freados”, destaca o cientista pol�tico, que apresentar� os dados desse estudo em semin�rio internacional sobre presidencialismo de coaliz�o hoje, na UFMG.

Reforma

Quando a discuss�o, entretanto, � sobre a reforma pol�tica, todos os gatos se tornam pardos. N�o h� consenso nem mesmo dentro dos partidos, o que torna mais dif�cil distinguir quem � de esquerda e quem � direita. Segundo o levantamento, as legendas no Brasil se dividem em rela��o a como deve ser o sistema eleitoral, o financiamento e as listas. “O PT e partidos de esquerda s�o mais favor�veis � lista fechada, mas existem deputados nessas siglas que defendem a lista aberta. O PSDB tende a defender o voto distrital misto. J� o PTB e o DEM s�o mais favor�veis � lista aberta, mas existem deputados que pregam a lista fechada nas duas siglas”, avalia Carlos Ranulfo.

As pesquisas sugerem, segundo o especialista, uma estabilidade na forma como os parlamentares se percebem ideologicamente e percebem os seus partidos. Nos quatro levantamentos, os deputados sempre se posicionam pessoalmente e posicionam seus partidos na mesma linha ideol�gica. “O Congresso e as assembleias legislativas s�o mais de centro-direita. As posi��es � esquerda continuam minorit�rias no Brasil”, avalia o cientista, assinalando uma tend�ncia de converg�ncia ao centro, tamb�m verificada em outras democracias. “A pol�tica exige muita negocia��o. O centro � por natureza mais flex�vel. Estar em posi��es extremas tamb�m torna a conquista do voto mais dif�cil”, afirma Ranulfo.

Um dado curioso da pesquisa � que, ao longo do tempo, os parlamentares tendem a se declarar politicamente mais � esquerda do que percebem os seus partidos e do que demonstra a sua pr�tica pol�tica. J� quando avaliam os seus colegas de Parlamento, sempre os consideram mais � direita do que os pr�prios se veem.

“O conceito ideol�gico de direita � muito estigmatizado, pois est� associado ao golpe militar, � Arena, e a uma mem�ria ruim. Por outro lado, a esquerda � percebida como a resist�ncia e a luta popular”, avalia o cientista pol�tico, apontando para a “s�ndrome da direita envergonhada”. Da� se explica por que, ao se definirem, os deputados se consideram mais � esquerda do que de fato s�o percebidos por seus pares, que, por sua vez, tendem invariavelmente a empurr�-los para a direita do espectro ideol�gico.


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