O governo brasileiro vai fazer do combate � espionagem entre governos uma de suas bandeiras diplom�ticas nos pr�ximos meses. Depois da crise com os Estados Unidos, causada pela revela��o do monitoramento ilegal das comunica��es no pa�s, o Itamaraty e a pr�pria presidente Dilma Rousseff pretendem levar a ideia de algum tipo de controle para f�runs internacionais, e come�am a sondar a possibilidade de apoios a uma proposta formal.
Apesar da proximidade regional, Celac e Unasul podem ter mais resist�ncia do que Mercosul e mesmo Brics. Pa�ses como Col�mbia, Chile e mesmo o M�xico, tamb�m espionado, tem hoje uma proximidade pol�tica - e principalmente econ�mica - mais forte com os Estados Unidos do que com o Brasil, apesar de terem se manifestado contr�rios ao sistema de espionagem instaurado pelos americanos.
Direito humano
A primeira tentativa de uma mo��o contr�ria � espionagem, no Conselho de Direitos Humanos das Na��es Unidas, n�o prosperou. O Brasil pretendia fazer uma condena��o, usando o direito � privacidade dos cidad�os como um direito humano, mas n�o conseguiu apoios.
A inten��o agora � mais abrangente. J� existem diversas queixas, inclusive entre pa�ses europeus, pela excessiva concentra��o da governan�a da internet na m�o dos americanos. Depois do esc�ndalo da espionagem, o governo brasileiro avalia que pode haver clima para que se fa�a algum tipo de regulamenta��o contra a espionagem ilegal entre pa�ses. Esse dever� ser um dos principais temas do discurso da presidente na abertura da Assembleia Geral da ONU, na pr�xima semana, em Nova York.
Ser� l�, tamb�m, que Dilma encontrar� pela primeira vez o presidente americano, Barack Obama, depois da decis�o de cancelar a visita de Estado aos EUA, marcada para 23 de outubro. Dilma � a primeira a falar e Obama, o segundo. Normalmente h� uma conversa informal entre os dois discursos.
O chanceler Luiz Alberto Figueiredo tamb�m dever� ter um encontro com o secret�rio de Estado John Kerry, a pedido do americano.
Apesar da longa conversa com o presidente americano por telefone e da promessa de Obama de que estaria fazendo uma revis�o nos procedimentos da NSA, o governo brasileiro ainda espera um discurso mais satisfat�rio dos Estados Unidos. Apesar disso, h� esperan�as no Itamaraty de que a visita tenha sido realmente apenas adiada, podendo ser retomada no in�cio de 2014 ou at� mesmo este ano - a depender do “um gesto” de Obama.
Rela��es comerciais
Em Nova York, Dilma Rousseff far�, no dia 25 deste m�s, o encerramento de uma reuni�o com investidores, banqueiros e empres�rios americanos sobre infraestrutura no Brasil. Tratada apenas como uma possibilidade antes do cancelamento da visita de Estado, a fala da presidente aos homens de neg�cio foi confirmada para demonstrar que, apesar da crise pol�tica, a inten��o � que os neg�cios continuem, sem problemas.
Dilma vai ao evento, que pretende atrair investimento para obras de infraestrutura no Brasil, acompanhada dos ministros do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio, Fernando Pimentel, e da Fazenda, Guido Mantega.
Outros temas que seriam tratados durante a visita, como a quest�o da libera��o de vistos para brasileiros, especialmente de neg�cios, e outras quest�es comerciais, continuar�o sendo tratadas nos grupos de trabalho entre os dois pa�ses. Apesar da crise pol�tica, o governo brasileiro quer demonstrar que n�o h� paralisia nas rela��es diplom�ticas e econ�micas.