
No que depender do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), a ex-senadora Marina Silva (PSB-SC) n�o receber� o voto do eleitorado evang�lico se decidir disputar a sucess�o presidencial de 2014. Em entrevista exclusiva, Feliciano diz que se decepcionou com Marina e que ela agiu com "oportunismo" ao se filiar ao PSB. "De repente, eu vejo Marina virar socialista e ir para o PSB. Deu um n� na minha cabe�a. Para mim, � mais um oportunismo e eu teria dificuldade em apoiar Marina. Farei o poss�vel no meio evang�lico para abrir a mente do nosso pessoal porque n�o � pela carinha, pelo estere�tipo de evang�lica, que ela vai simplesmente cooptar os nossos votos", afirmou.
Embora o partido tenha um pr�-candidato para disputar a sucess�o presidencial, o pastor Everaldo Dias Pereira, Feliciano diz que, al�m de Marina, teria dificuldades em apoiar a presidente Dilma Rousseff num segundo turno. Caso o PSC abra m�o da candidatura pr�pria, o senador A�cio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, poderiam ter o apoio dele. "Ainda n�o me defini, mas ambos t�m a minha simpatia. A�cio pelo hist�rico e Campos pelo entusiasmo", revelou.
O pastor conta que a "decep��o" com a ex-senadora come�ou em 2010, quando Marina evitou polemizar sobre temas como legaliza��o do aborto e casamento entre cidad�os do mesmo sexo. "Eu sinto um p�-atr�s com a Marina. Na campanha de 2010, ela vinha com um vi�s evang�lico e eu passei a ouvi-la, ainda mais da minha igreja, a Assembleia de Deus. Eu achei que era uma luzinha no fim do t�nel e passei a ouvir os discursos dela", afirmou.
Feliciano cobrou um discurso mais "firme" sobre temas de interesse da comunidade evang�lica. Na vis�o dele, Marina errou ao p�r aborto e sa�de p�blica no mesmo patamar. "Para quem � crist�o e tem princ�pios, quando voc� diz isso, voc� joga nas m�os do Estado uma quest�o que � de consci�ncia. Ela fugiu do assunto. Questionada sobre o casamento homossexual, ela fez a mesma coisa", justificou. Na opini�o dele, Marina foi "mais de esquerda do que a pr�pria Dilma".
'Abandonado'
Para o parlamentar, Marina deveria "proteg�-lo" durante as manifesta��es contr�rias � perman�ncia dele na presid�ncia da Comiss�o de Direitos Humanos e Minorias da C�mara dos Deputados. Ela chegou a dizer que o presidente da comiss�o estaria sendo "mais hostilizado por ser evang�lico que por suas declara��es equivocadas", mas em seguida sua assessoria informou que a frase da ex-senadora, proferida numa palestra, foi repercutida fora de contexto.
"Ela voltou atr�s em dois minutos, quando a pancadaria desceu. Eu achei que ali era a chance dela. Ela ali n�o defendia um homem, um parlamentar, ela defendia um segmento", concluiu. Feliciano afirma que a ex-senadora "teve chances de se manifestar para o segmento evang�lico" que, segundo ele, votou nela em 2010. "Ela simplesmente me deixou sozinho naquele momento e isso criou uma antipatia no meio evang�lico", reclamou.
O deputado afirma que Marina, embora seja evang�lica, n�o representa os crist�os. "Ela teria tudo para representar o segmento", lamentou. "Ela bebe da nossa fonte de costas. E quando o povo quer ver, ela se esconde", criticou. Para ele, a ex-senadora "se traveste como crist�", mas "quando precisa chegar junto e mostrar o posicionamento, se esconde atr�s da pol�tica".
Longe dos holofotes desde que o Parlamento enterrou o projeto da chamada "cura gay", Feliciano diz que se transformou em "uma esp�cie de s�mbolo" por defender os interesses dos evang�licos. Ele acredita que seu posicionamento contundente se refletir� em uma vota��o expressiva nas elei��es de 2014, quando deve disputar a reelei��o e ajudar a ampliar a bancada evang�lica na C�mara. H� quem defenda no PSC que o deputado dispute a Presid�ncia da Rep�blica.
"Por que eu tenho um posicionamento firme e ela (Marina) n�o? Porque um pol�tico tem que chutar com os dois p�s e agradar a gregos e troianos? Esse tipo de pol�tico, o Pa�s est� por aqui com eles", atacou. O parlamentar enfatiza sua "decep��o" com a ex-senadora. "Eu vejo Marina defender com mais for�a o mico le�o e as �rvores da Amaz�nia do que a ideologia que ela diz que professa".