Congonhas do Norte – “Vixi! � mesmo? Vai ser um contra o outro? �... vamos ver agora...”, diz pensativa a cantineira Patr�cia Santos de Carvalho, de 36 anos, moradora de Congonhas do Norte, ao ser perguntada em quem vai votar para presidente nas pr�ximas elei��es. Quando ficou sabendo que a presidente Dilma Rousseff (PT), em quem votou em 2010, vai ser advers�ria na corrida presidencial do senador A�cio Neves (PSDB), que ela ajudou a eleger em 2006 e 2002 para o governo estadual, a cantineira hesitou. A d�vida de Patr�cia vai ser a mesma de grande parte dos quase 4 mil eleitores da pequena cidade na Regi�o Central, no limite com o Vale do Jequitinhonha.
“No interior o pessoal n�o vota olhando partido”, tenta explicar o prefeito de Congonhas do Norte, Ricardo Queiroz Reis (DEM). No cen�rio nacional, os democratas fazem oposi��o ferrenha ao PT, mas em Congonhas o nome de urna do prefeito nas elei��es do ano passado foi Ricardo de Jo�o de Levi, uma refer�ncia ao pai dele, o Jo�o de Levi, que j� foi vice-prefeito e � filiado ao PT.
Na an�lise do prefeito, a presidente Dilma deve levar a melhor na cidade no pr�ximo pleito, mas ele destaca que vota em A�cio Neves. “A Dilma � forte porque a cidade � pobre e o pessoal carente depende do Bolsa-Fam�lia”, entende o prefeito. “O Bolsa-Fam�lia � uma esp�cie de compra de voto disfar�ada”, ataca, fazendo coro ao discurso radical da oposi��o.
Se o prefeito critica o principal programa social implementado pelos governos do PT, que teve in�cio durante o mandato de Luiz In�cio Lula da Silva e persistiu com Dilma, ele corteja uma das joias da coroa criadas por Dilma, o programa Mais M�dicos. “Fiz o cadastro, mas n�o fomos contemplados”, lamenta. A cidade tem dois m�dicos contratados e cada um recebe R$ 22 mil por m�s, mais que o dobro do que recebe o prefeito: R$ 10 mil.
Indiferente �s intrigas pol�ticas, Nilda Alves, de 47 anos, depende dos R$ 212 que recebe do Bolsa-Fam�lia para sustentar a fam�lia. “Voto sempre na Dilma por causa do Lula, que tirou a gente da pobreza”, afirma Nilda, que tamb�m votou em A�cio nas duas vezes que o senador foi eleito ao governo do estado. Antes de receber o benef�cio, ela lembra que era comum se alimentar apenas de sopa de mandioca. “O importante � ter o Bolsa-Fam�lia”, refor�a Nilda.
O balconista de farm�cia Ronivon Mendes � filiado ao PSDB e entende que o programa � importante, mas na an�lise dele a cidade precisa de uma ind�stria para gerar empregos e n�o ficar dependente somente dos benef�cios. Ronivon garante que votar� no senador tucano e destaca a obra feita durante o governo do PSDB, que asfaltou os 44 quil�metros que ligam a cidade at� a vizinha Concei��o do Mato Dentro, passando a ser o �nico trajeto asfaltado at� Congonhas do Norte.
O produtor rural Jos� Miguel Ferreira, morador do distrito rural de Santa Cruz do Alves, � plantador de quiabo e n�o gosta do benef�cio concedido pelo governo federal. “O pessoal n�o quer trabalhar”, argumenta. O amigo dele Geraldo da Rocha, que � lavrador, pensa diferente. “S� n�o gosta quem n�o � fraco. Isso (Bolsa-Fam�lia) ajuda demais. Agora, posso deixar meus filhos se formarem, sem precisar trabalhar”, entende Geraldo. Ambos foram eleitores de Dilma e A�cio em elei��es passadas, mas no pleito do ano que vem v�o ter de votar em candidatos diferentes. Jos� Miguel diz escolher A�cio e Geraldo vai com Dilma.
Politiqu�s/Portugu�s
Dilmasia
Dilmasia � a denomina��o de um movimento eleitoral n�o oficial de prefeitos mineiros em 2010 que defendia o voto na candidatura de Dilma Rousseff (PT) para presidente e Antonio Anastasia (PSDB) para o governo mineiro, a despeito das determina��es de seus partidos. Fen�meno semelhante ao que ocorreu com Lula (PT) e A�cio Neves (PSDB), o Lul�cio, na elei��o anterior, em 2006.