A presidente Dilma Rousseff precisar� de muito cuidado para mover as pe�as no xadrez da reforma ministerial que far� em dezembro. N�o � apenas uma quest�o de substituir os ministros que concorrer�o a algum mandato eletivo no ano que vem. Ela precisa manter a base unida para que parte da coaliz�o governista n�o se sinta disposta a escapar rumo aos candidatos da oposi��o. Tem de agradar o PT e o PMDB para n�o atrapalhar a pr�pria campanha � reelei��o e precisa decidir quem conduzir� a Casa Civil, principal pasta administrativa do governo.
Entretanto, a pouco menos de dois meses do final do prazo, at� mesmo as pastas que j� tiveram titulares exonerados – Integra��o Nacional e Portos, com as sa�das de Fernando Bezerra Coelho e Le�nidas Cristino, respectivamente – continuam indefinidas. Dilma praticamente prometeu o Minist�rio da Integra��o para o senador Vital do R�go (PMDB-PB), mas s� confirmar� a indica��o em dezembro, o que abriu a disputa interna. Com um dos maiores or�amentos da Esplanada – R$ 8 bilh�es previstos para 2013 –, a pasta despertou a cobi�a do PMDB, do PT e at� do PP.
O PT tamb�m cobi�a o minist�rio, especialmente pela grande capilaridade que a pasta tem no Nordeste – regi�o crucial para as elei��es presidenciais de 2014. Al�m disso, na cabe�a dos articulistas pol�ticos de Bras�lia, quem herdar a Integra��o Nacional receber� como b�nus os outros cargos que pertenciam ao PSB de Eduardo Campos: a presid�ncia da Companhia Hidrel�trica do S�o Francisco (Chesf), da Sudene e da Superintend�ncia de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).
No caso do PP, o movimento � outro. O partido j� comanda o Minist�rio das Cidades, que, no papel, tem at� mais dinheiro para investimentos – R$ 9,5 bilh�es –, mas concordaria em se mudar para a Integra��o para ter um plano de a��o intensivo para o Nordeste. Dilma precisa negociar com cuidado com os pepistas. A dire��o nacional da legenda tende a apoiar a petista na campanha pela reelei��o, mas n�o deu certeza se far� uma coliga��o formal (o que implica dar tempo de televis�o a Dilma) ou se vai liberar o partido nos estados para coliga��es livres.
Sucessor
Dilma est� em d�vida tamb�m sobre quem vai substituir Gleisi Hoffmann na Casa Civil. Em junho, antes dos protestos que ocuparam as ruas do pa�s, o nome mais forte era o do ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, mas correligion�rios enciumados minaram a indica��o. Logo que ele perdeu prest�gio, especulou-se que a vaga iria para a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela se apressou em desmentir, mas petistas pr�ximos a Dilma lembraram que, quando a presidente se desincompatibilizou da Casa Civil para concorrer � Presid�ncia, em 2010, indicou Erenice Guerra, e n�o Miriam, para o cargo. A ministra do Planejamento deve continuar onde est�.
Cresceu, ent�o, na bolsa de apostas, o nome do ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo. Ele j� havia sido cotado para a vaga ap�s a queda de Antonio Palocci, ainda em 2011. Dilma, contudo, surpreendeu ao indicar Gleisi Hoffmann. Amigo pessoal da presidente, considerado um bom cumpridor de miss�es, Bernardo poderia se encaixar com exatid�o no papel. Pesa contra ele, no entanto, o fato de ser marido de Gleisi. “Fica muito ruim ele comandar a principal pasta do governo e ela ser candidata ao governo do Paran�”, disse um senador aliado.
A op��o passou a ser, ent�o, o secret�rio-executivo do Minist�rio da Previd�ncia, Carlos Gabbas. Companheiro da presidente nas aventuras de motocicleta pelas ruas da capital federal, ele estaria orientando Dilma na compra de uma moto. Mas pol�ticos que integram a base de apoio ao governo acham que a Casa Civil “seria uma pasta muito grande para ele”.