Policiais serviram pizza a condenados do mensal�o

O primeiro dia dos condenados do mensal�o na Penitenci�ria da Papuda, em Bras�lia, acabou em pizza - mais precisamente, dez pizzas grandes. A Pol�cia Federal encomendou caixas da iguaria italiana e promoveu um jantar "VIP" para os padr�es da cadeia. Proibida aos demais presos, que s�o obrigados a comer as quentinhas da pris�o, a massa foi comprada pelos policiais de plant�o e chegou � cela 4, que abrigava o deputado Jos� Genoino (PT-SP), o ex-ministro Jos� Dirceu, o ex-tesoureiro do PT, Del�bio Soares, e o ex-tesoureiro do PL (hoje PR), Jacinto Lamas.

O card�pio da primeira noite no xadrez � citado em relat�rio do procurador federal dos Direitos do Cidad�o, Aur�lio Virg�lio Veiga Rios, que visitou o Centro de Deten��o Provis�ria da PF, na Papuda, em 17 deste m�s, um dia ap�s a transfer�ncia dos presos a Bras�lia. Na ocasi�o, o procurador e dois promotores do Minist�rio P�blico do DF encontraram no local restos da comida entregue na v�spera.

"Constatamos, na entrada da ala dos detentos provis�rios, a exist�ncia de dois sacos de lixo de 100 litros com as embalagens de pizza que foram encomendadas pela PF, tarde da noite, quando se decidiu que os cidad�os presos ficariam naquele recinto", relatou o procurador.

Ao Estado, a PF explicou que as pizzas foram pedidas pelos agentes, que estavam sem comer havia 12 horas, e oferecidas por educa��o, mas "apenas a Genoino".

O jantar na Papuda veio da rede de pizzarias Nathely, que tem uma unidade no Jardim Bot�nico, bairro pr�ximo ao pres�dio, e vende discos de tamanho �nico (oito fatias), a pre�os m�dicos. S�o mais de 30 op��es no menu, a R$ 10,99, R$ 14 ou R$ 17.

Os entregadores est�o acostumados a levar encomendas � Papuda. "A gente entrega l� dentro, mas o motoboy n�o gosta. Prefere na guarita, do lado de fora", explicou ontem uma das atendentes da pizzaria.

Dieta hiposs�dica

Ainda em recupera��o de uma cirurgia card�aca, Geno�no precisa de acompanhamento m�dico e cuidados especiais, o que inclui o acesso a medicamentos e dieta hiposs�dica (com pouco sal). Questionada se o card�pio da Nathely contempla as necessidades do deputado, a atendente reagiu: "Pizza o qu�? N�o, senhor, n�o temos pizza 'poss�dica' (sic)". Alertada de que se tratava de comida com pouco sal, explicou: "A massa j� vem pronta da f�brica. E tem queijo, viu?".

Desde a transfer�ncia � Papuda, diversas situa��es evidenciaram tratamento diferenciado aos condenados do mensal�o, que receberam romarias de visitantes ilustres, a maioria congressista, fora dos dias e hor�rios previstos para os demais internos. Parentes e amigos dos presos comuns, no entanto, comemoraram a mudan�a de tratamento dos funcion�rios da penitenci�ria - agora supostamente mais cort�s - na fila para a revista e a entrada.

Tratamento igualit�rio

Na quinta-feira, a Vara de Execu��es Penais (VEP) do DF determinou tratamento igualit�rio, em rela��o a alimenta��o e visitas, aos presos da Papuda, em Bras�lia."A quebra da isonomia encontraria justificativa apenas e t�o somente se fosse poss�vel aceitar a exist�ncia de dois grupos de seres humanos", diz a decis�o.

Procurado pelo Estado, o procurador Aur�lio Virg�lio n�o se pronunciou. A VEP informou que a ala da PF na Papuda � federal e n�o est� sob sua jurisdi��o.