A Focco Tecnologia, empresa de ex-diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) suspeitos de envolvimento com o cartel metroferrovi�rio em S�o Paulo, foi a segunda maior doadora da campanha do vereador tucano M�rio Covas Neto, o Zuzinha, em 2012.
S�cios da empresa, os ex-diretores da CPTM Jo�o Roberto Zaniboni e Ademir Ven�ncio de Ara�jo foram indiciados pela Pol�cia Federal sob suspeita de corrup��o, lavagem de dinheiro, forma��o de cartel e crime financeiro. Zaniboni foi condenado pela Justi�a da Su��a por lavagem de dinheiro.
A Focco j� recebeu R$ 32,9 milh�es do governo paulista entre 2010 e 2013 por servi�os de consultoria. Ela assinou contratos para “supervis�o de projetos” com CPTM, Metr�, Ag�ncia Reguladora de Transportes do Estado (Artesp), Secretaria de Transportes Metropolitanos e Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). A PF aponta Zaniboni e Ara�jo como “intermedi�rios no pagamento de propinas” para beneficiar cartel no sistema metroferrovi�rio suspeito de atuar nos governos tucanos de M�rio Covas, Geraldo Alckmin e Jos� Serra.
Zuzinha e Bruno Covas s�o, respectivamente, filho e neto do ex-governador M�rio Covas. Este era o governador em 1998, ano em que a multinacional alem� Siemens sustenta ter come�ado a operar o cartel no setor metroferrovi�rio do Estado. Covas morreu em 2001, foi sucedido pelo ent�o vice, Alckmin, atual governador, que terminou o seu mandato. A Focco doou R$ 50 mil para Zuzinha em 2012, ano da primeira campanha do filho de Covas. Era a segunda maior doadora do total de R$ 904,7 mil que o vereador declarou ter recebido. Ele ficou em oitavo lugar nas elei��es, com 61 mil votos, e assim conquistou uma das 55 cadeiras do Legislativo municipal.
Em 2010, a consultoria de Zaniboni e Ara�jo j� havia doado para as campanhas do sobrinho de Zuzinha, Bruno Covas, e de Jos� An�bal. Bruno acabaria se tornando o deputado estadual mais votado, com 239.150 votos. Ele contou com uma doa��o de R$ 2 mil e An�bal com uma de R$ 4 mil. O atual secret�rio de Energia do Estado ainda recebeu uma doa��o de R$ 2 mil do consultor Arthur Teixeira, apontado pelo Minist�rio P�blico como lobista do cartel. An�bal foi eleito como o 19.º deputado federal mais bem votado, com 170.957 votos.
Todos dizem que as doa��es foram regulares e atenderam �s exig�ncias da Justi�a Eleitoral.
Desligamento
Zaniboni e Ara�jo, s�cios da Focco, foram os primeiros agentes p�blicos a serem indiciados pela Pol�cia Federal no inqu�rito que investiga o cartel dos trens - h� outros indiciamentos envolvendo o cartel, mas no setor de energia. Zaniboni foi diretor de Opera��es e Manuten��o da CPTM entre 1999 e 2003, e Ara�jo foi diretor de Obras e Engenharia da estatal entre 1999 e 2001. Zaniboni se tornou s�cio da Focco em 2008, quando j� estava fora da estatal do governo tucano. Ap�s ter seu nome envolvido com o esc�ndalo do cartel, em agosto deste ano, ele deixou a sociedade com Ara�jo.
Amizade
O vereador Mario Covas Neto (PSDB) disse que � amigo de Ademir Ven�ncio de Ara�jo mas que n�o tem “nenhum envolvimento” com a Focco. “� algu�m t�o querido que me surpreendeu na campanha porque espontaneamente quis me ajudar. Mas nada nos envolveu em neg�cios. Sempre foi rela��o social.”
Sobre o indiciamento de Ara�jo, Zuzinha, como o vereador � conhecido, afirmou: “Voc� n�o pode ir para uma campanha com uma bola de cristal e ver o que vai acontecer adiante. Se amanh� ele for considerado culpado, que pague as penas”. O secret�rio de Energia do Estado, Jos� An�bal, disse conhecer Ara�jo mas negou ser seu amigo. “O Ademir circulava muito no PSDB. Eu o conhe�o, mas n�o tenho intimidade. � um cara muito sorridente, brincalh�o.”
An�bal disse que o consultor Arthur Teixeira comprou um convite de um jantar que promoveu para arrecadar fundos para a campanha eleitoral. O secret�rio disse ainda que suas contas foram aprovadas em novembro de 2010, logo ap�s a elei��o.
Em nota oficial divulgada na sexta-feira, dia 29, o secret�rio do Meio Ambiente do Estado, Bruno Covas, disse n�o ter “contato nem rela��o pessoal ou profissional” com Ara�jo ou Jo�o Roberto Zaniboni. “A doa��o refere-se � compra de dois convites para jantar de arrecada��o (de campanha).” Covas afirmou que tomou conhecimento do indiciamento pela imprensa e disse ser “fundamental apurar e punir rigorosamente toda irregularidade”.
Eduardo Carnel�s, advogado de Teixeira, repudiou com veem�ncia a suspeita sobre seu cliente, a quem a promotoria atribui o papel de lobista.