Convidado para trabalhar no escrit�rio do advogado Jos� Gerardo Grossi, o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu ter� de esperar o fim do recesso do Tribunal de Justi�a do Distrito Federal (TJDF) para que seu pedido de autoriza��o para o servi�o externo comece a ser apreciado. Desta vez, a proposta de emprego ao petista, que cumpre pena no Complexo Penitenci�rio da Papuda, � mais modesta que a primeira, apresentada em novembro pelo Hotel Saint Peter.
Em vez dos R$ 20 mil oferecidos para desempenhar a fun��o de gerente administrativo no hotel, ele receber� sal�rio de R$ 2,1 mil para cuidar da biblioteca do escrit�rio de advocacia, caso tenha a solicita��o atendida pela Vara de Execu��es Penais (VEP). Como o petista desistiu no dia 5 da primeira oferta de emprego, seu novo pedido entrar� na fila na Se��o Psicossocial da VEP.
Segundo o TJDF, a solicita��o s� poder� ser apreciada a partir de 7 de janeiro, quando se encerra o recesso. At� essa data, somente medidas urgentes ser�o analisadas por ju�zes de plant�o. O mais prov�vel � que o Judici�rio se posicione apenas no fim de fevereiro ou em mar�o, uma vez que, segundo a VEP, h� uma longa fila de espera de pedidos de presos do regime semiaberto para trabalhar fora. O processo leva em m�dia de 40 a 50 dias para ser conclu�do. “Espero que sejam cumpridas todas as etapas dentro da legalidade. Imagino que a decis�o saia em meados de janeiro ou um pouquinho mais para frente”, disse Jos� Lu�s Oliveira Lima, defensor de Jos� Dirceu.
Advogado antigo em Bras�lia, o poss�vel empregador de Jos� Dirceu � amigo do petista h� mais de duas d�cadas. Grossi, de 81 anos, atua em processos criminais e eleitorais, e tem em sua lista de clientes pol�ticos como o governador Agnelo Queiroz (PT) e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Ele j� advogou, por exemplo, para o ex-governador do DF Jos� Roberto Arruda (ex-DEM, atualmente no PR), para Eduardo Jorge Caldas Pereira, secret�rio-geral do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e para o falecido senador Ant�nio Carlos Magalh�es.
Acervo O Estado de Minas visitou ontem a bem organizada biblioteca de Grossi, no escrit�rio, localizado no Setor Banc�rio Sul. Os mais de 2 mil livros est�o distribu�dos em estantes colocadas em duas salas – a do dono do escrit�rio e a dos advogados assistentes. O escrit�rio n�o � grande. S�o quatro salas, onde atuam cinco profissionais de direito e duas secret�rias. Os funcion�rios souberam pela imprensa que poder�o ter como novo colega o ex-ministro Jos� Dirceu. Eles est�o curiosos.
Jos� Gerardo Grossi avalia que a contrata��o de Dirceu n�o ter� impacto negativo para seu escrit�rio. Ele descartou que o local possa ser usado para negociatas pol�ticas. “N�o creio que a chegada de Jos� Dirceu seja ruim nem boa para a imagem do escrit�rio. � uma coisa neutra. E lembro que escrit�rio n�o � lugar de discuss�o pol�tica. Dentro do meu escrit�rio, apenas advogamos”, disse.
Ele detalhou como fez o convite ao petista. “Fiz uma visita a Dirceu logo que ele foi preso. Ele contou da expectativa de trabalhar durante o dia. Naquele momento, eu disse: ‘Se voc� precisar, o meu escrit�rio est� �s suas ordens’. S� no come�o desta semana o advogado dele me procurou para formalizar a proposta. Temos uma amizade com uma caracter�stica especial: ele nunca pediu nada a mim e nem eu a ele.” Segundo Grossi, Dirceu far� servi�os bibliotec�rios e pesquisas de jurisprud�ncia.
O advogado disse que paga em m�dia R$ 2 mil a seus funcion�rios. O expediente do petista no escrit�rio ser� igual ao dos demais empregados – das 8h �s 18h, com hor�rio de almo�o entre as 12h e as 14h.
Transfer�ncias
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, autorizou as transfer�ncias dos ex-deputados Pedro Corr�a (PP-PE) e Pedro Henry (PP-MT), que cumprem pena no Complexo Penitenci�rio da Papuda, em Bras�lia. Condenados a 7 anos e 2 meses de pris�o cada um por envolvimento com o mensal�o, os ex-parlamentares pediram para cumprir as penas perto de parentes. Corr�a vai para Pernambuco e Henry para Mato Grosso. Contabilizados os pedidos dos ex-congressistas, Joaquim Barbosa autorizou at� agora sete transfer�ncias de r�us do mensal�o.
Cronologia
15 de novembro – Joaquim Barbosa decreta a pris�o de Jos� Dirceu, que se apresenta � Superintend�ncia da Pol�cia Federal em S�o Paulo
16 de novembro – Dirceu � transferido em avi�o da Pol�cia Federal de S�o Paulo para Bras�lia. Ao chegar, o petista � levado para o Complexo Penitenci�rio da Papuda, onde cumpre pena em regime semiaberto
22 de novembro – O Hotel Saint Peter oferece vaga de gerente administrativo para o ex-ministro, com sal�rio de R$ 20 mil. O valor � 11 vezes maior que o vencimento da gerente-geral do hotel
28 de novembro – Defesa de Dirceu pede prioridade na an�lise do pedido de autoriza��o para o petista trabalhar, sob a alega��o de que ele tem o direito por ser idoso
3 de dezembro – Imprensa veicula den�ncia de que empresa propriet�ria do hotel � presidida por um laranja. Jos� Eug�nio Silva Ritter � auxiliar de escrit�rio e mora em um bairro pobre da Cidade do Panam�
4 de dezembro – Vara de Execu��es Penais (VEP) do Distrito Federal nega prioridade na an�lise do pedido de emprego de Jos� Dirceu
5 de dezembro – O ex-ministro da Casa Civil desiste do emprego oferecido pelo hotel
19 de dezembro – Defesa do ex-ministro pede � VEP autoriza��o para ele trabalhar na biblioteca do escrit�rio do advogado Jos� Gerardo Grossi, em Bras�lia.