O discurso da presidente Dilma Rousseff para vencer o debate eleitoral de 2014 dever� ter um ponto central: a manuten��o e alargamento das pol�ticas de inclus�o social iniciadas com seu antecessor e padrinho, o ex-presidente Luis In�cio Lula da Silva. Este � o ponto em que analistas pol�ticos concordam quando questionados sobre a marca dos tr�s anos de gest�o da petista. Inclu�dos nesta bandeira est�o o programa Mais M�dicos e o Pronatec, a destina��o dos royalties do pr�-sal para a educa��o, o aprofundamento do Bolsa Fam�lia e do Prouni e, obviamente, o baix�ssimo �ndice de desemprego mesmo com o panorama econ�mico desfavor�vel.
O cientista pol�tico e presidente da Arko Advice Pesquisas, Murillo de Arag�o, complementa: "a maior bandeira dela de verdade � uma esp�cie de continu�smo. Foi um governo de manuten��o das conquistas, com amplia��o do PAC, do Minha Casa, Minha Vida". "Dilma deve explorar a mem�ria recente da ascens�o social, um governo que deu continuidade e aprofundou programas como Bolsa Fam�lia e Prouni", disse Rubens Figueiredo, cientista pol�tico e especialista em marketing eleitoral da USP.
Figueiredo prev� que Dilma aposte em duas frentes em 2014: o Mais M�dicos e o sucesso do leil�o do pr�-sal, cujos royalties ser�o destinados para a educa��o. "Embora ainda n�o tenha resultados palp�veis, o Mais M�dicos tem aprova��o da opini�o p�blica. E o pr�-sal mexe com o sonho de uma educa��o de qualidade", disse Figueiredo. O cientista pol�tico da USP aponta ainda que a efici�ncia dos programas pode at� ser questionada pela oposi��o, mas "n�o d� para ser contra mais m�dicos, professores mais bem pagos, mais seguran�a". Arag�o, da Arko Advice, lembra que a pr�pria resist�ncia da classe m�dica ao Mais M�dicos, na �poca de lan�amento do programa, acabou convertido em vantagem com o maior impacto do programa.
O Pronatec e o Mais M�dicos servir�o como exemplos concretos da preocupa��o social da presidente durante a campanha. Ambos foram lan�ados sob os olhos de Dilma - o primeiro em 2011 e o �ltimo em 2013. J� o Bolsa Fam�lia e o Prouni, os dois de 2004 e marcas do governo Lula, tiveram continuidade com a sucessora, que fez quest�o de mant�-los como prioridade na gest�o.
O baixo �ndice de desemprego no ano de 2013 dever� ser utilizado pela presidente como fator acelerador das conquistas sociais trazidas pelos programas de inclus�o. Alberto Carlos Almeida, do Instituto An�lise, que atua na �rea de pesquisa de mercado e opini�o p�blica, aposta que a gera��o de empregos ser� a grande bandeira da presidente.
Pesquisas
As pesquisas de inten��o de voto mais recentes mostram que a maioria da popula��o ainda pretende votar na presidente, candidata � reelei��o no pr�ximo ano. Na maioria dos cen�rios analisados, Dilma venceria inclusive no primeiro turno. Mas dois ter�os dos consultados dizem preferir que o pr�ximo presidente adote medidas diferentes das adotadas por ela. Ela pode continuar, desde que mude de rota. Para especialistas, se quiser vencer a resist�ncia do eleitorado que pede mudan�as, Dilma ter� que fazer tamb�m uma campanha prospectiva, para ir al�m da manuten��o e amplia��o de velhas conquistas.
Em junho, para mostrar que estava disposta a mudar, Dilma prop�s cinco pactos como resposta �s manifesta��es que eclodiram por todo o Pa�s. A ideia era promover mudan�as nas �reas de responsabilidade fiscal, reforma pol�tica, sa�de, educa��o e mobilidade. Para os analistas, contudo, os pactos propostos por Dilma mexem em �reas em que o governo tem menor controle e, portanto, n�o dever�o ser explorados para convencer o eleitor. A proposta de uma constituinte exclusiva para realizar a reforma pol�tica, ideia da presidente, por exemplo, caiu. Na mobilidade, por outro lado, os resultados devem demorar a aparecer.
O que deve ser utilizado como marca neste quesito, no entanto, � o esfor�o para realizar grandes obras de infraestrutura e dinamizar as concess�es de aeroportos, portos, ferrovias e rodovias, avalia Murillo de Arag�o. "Isso � uma quest�o que precisamos esperar um pouco a Copa do Mundo para ter certeza que funcionou adequadamente, mas ela ser� avaliada", aponta Almeida.