O Minist�rio das Rela��es Exteriores, o Itamaraty, trocou de comando em 2013. O ex-chanceler Antonio Patriota foi substitu�do, em agosto, por Luiz Alberto Figueiredo, o embaixador que chefiou as negocia��es brasileiras na Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Desenvolvimento Sustent�vel, a Rio+20. A sa�da de Patriota ocorreu ap�s a vinda ao Brasil do senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado na embaixada brasileira em La Paz h� mais de um ano.
O senador havia sido condenado na Bol�via e pediu asilo ao Brasil argumentando ser perseguido pol�tico. Molina ficou hospedado na embaixada do Brasil por mais de um ano pela falta do salvo-conduto expedido pela Bol�via, necess�rio para que o pol�tico pudesse ser trazido ao territ�rio brasileiro. Molina, no entanto, foi retirado da Bol�via mesmo assim em uma opera��o que envolveu o encarregado de Neg�cios Estrangeiros da embaixada no pa�s, Eduardo Sab�ia. O governo brasileiro afirmou n�o ter conhecimento da opera��o, o que desencadeou um impasse diplom�tico.
O ent�o chanceler Antonio Patriota saiu da pasta e foi chefiar a miss�o do Brasil nas Na��es Unidas (ONU), em Nova York. Na �poca da crise, Patriota disse que o Brasil buscou a negocia��o e as vias diplom�ticas para solucionar o caso do senador Pinto Molina e que a retirada do pol�tico foi um caso isolado.
Luiz Alberto Figueiredo assumiu o cargo. O Itamaraty abriu sindic�ncia para investigar a atua��o do encarregado Eduardo Sab�ia, que, depois de afastado, voltou aos trabalhos no minist�rio. O caso de Sab�ia foi o �nico, na hist�ria recente da institui��o, em que um diplomata teve conduta investigada administrativamente por supostamente n�o seguir orienta��es de superiores, especialmente na carreira, guiada por disciplina e hierarquia.
O ex-chanceler era mais afeto a quest�es tradicionais da diplomacia, como paz e seguran�a; o atual, � entusiasta dos chamados "novos temas", como meio ambiente e direitos humanos.
"O Itamaraty � uma institui��o est�vel, com muita continuidade. N�o percebemos resultados pr�ticos das vis�es pessoais sobre pol�tica exterior. A institui��o pesa mais. Estamos na expectativa de alguma decis�o pr�pria que evidencie uma mudan�a de pol�tica nas �reas em que h� necessidade", disse o professor de Pol�tica Internacional da Universidade de Bras�lia (UnB) e especialista em pol�tica exterior brasileira, Amado Cervo.
Ao tomar posse, Luiz Alberto Figueiredo disse que sua meta ser� intensificar a atua��o do minist�rio no esfor�o para a inclus�o social e a prote��o do meio ambiente. Para Amado Cervo, entre os temas mais sens�veis do minist�rio est�o com�rcio exterior e pol�tica industrial - especialmente depois de n�o ter havido conclus�o da Rodada Doha da Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC), que acabou sendo destravada na dire��o-geral do diplomata brasileiro Roberto Azev�do.
Segundo ele, com as mudan�as nas perspectivas de com�rcio no mundo - com a oscila��o entre pol�ticas multilaterais e bilaterais, muito devido � demora de Doha - , eram esperadas mudan�as de pol�tica. "A pol�tica anterior se mant�m, apesar das mudan�as de cen�rio, de ordenamento jur�dico e pol�tico internacional, que t�m provocado efeitos negativos na balan�a comercial brasileira. Essa � uma falha para a qual n�o vislumbramos nenhuma nova perspectiva, nenhum novo conceito ou estrat�gia", disse o professor.
Para ele, o acordo alcan�ado no �mbito da OMC em dezembro n�o ter� efeitos concretos imediatos sobre o regime de com�rcio, que est� em um per�odo de transi��o.